Capítulo 12

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Os dois saíram juntos. Era estranho ver o castelo vazio daquele jeito. Jamie a levou pelos fundos do castelo, os dois se embrenhando no mato por um tempo. Ele levava a cesta e Dakota segurava o vestido, pra poder andar.

— Onde estamos indo? – Perguntou, logo atrás dele.

— Não consegue ouvir? – Perguntou, se virando pra olhá-la. Dakota parou um instante, aguçando o ouvido. Era água correndo.

— O rio? – Perguntou, e ele sorriu, assentindo.

— Cuidado com a pedra. – Disse, e a apanhou com um braço, erguendo-a do chão. Dakota dobrou as pernas e ele a passou pela pedra, pondo-a no chão novamente.

Os dois chegaram até o rio em poucos minutos. Havia uma parte onde era bem rasinho, dava pra ver as pedras, mas no centro era fundo, e havia certa correnteza. O dia estava frio. Jamie os levou até uma parte seca, debaixo de uma arvore. Os dois sentaram ali e nem comeram, largando a cesta de lado, apenas conversando. Jamie fez perguntas sobre o passado dela e ela respondeu exclusivamente com a verdade, ocultando apenas o fato de onde passara o resto da vida. Depois foi a vez dele falar. A conversa fluía levemente, os dois riam, era normal.

— Na época da peste todos ficaram muito apreensivos. Eu devia ter 11 anos. Meus pais me trancaram em um quarto fechado, e ninguém me visitava. – Disse, franzindo o cenho – A inicio eu achei que tinha feito algo errado, mas era pra evitar que alguém me tocasse e passasse a doença. Um pouco radical, é verdade, – Disse, dando de ombros. Dakota riu, e ele não aguentou, rindo também – Mas depois ficou tudo certo.

— Eu não me lembro dessa época. Era pequena ainda. – Disse, pensativa. Descobrira que era 4 anos mais nova que Jamie. – Mas me lembro de que minha mãe vendia doces, e bolos... E ela sempre me deixava ficar com as panelas, os tachos e as colheres. – Disse e Jamie sorriu – Não deboche, era uma delicia. Pena que dava dor de barriga depois.

— Eu não tive essas experiências que as crianças normais tem. Tipo brincar na terra, ou lamber panelas. – Disse, sutilmente, e ela sorriu – Era tudo dentro dos conformes, eu nasci dentro desse castelo e cresci ai. Precisava servir de exemplo. Sempre foi uma porcaria. – Dakota riu, e ele assentiu – Não queres me dizer nem onde moras? Eu posso ajudar tua família. – O sorriso de Dakota morreu – Não, não fique triste. – Se antecipou, tocando o rosto dela – Eu só pensei que seria de ajuda com os funerais, e eles saberem onde tu estás, e que estás bem.

Dakota não disse nada, pensativa. Na verdade sabiam. Seu pai morrera porque, orgulhoso que sempre fora, passara na cara de Jordan que Dakota estava no castelo de Jamie, sob os domínios dele; Ou seja, no único lugar onde Jordan não poderia ir buscá-la. Jamie se antecipou, sentando mais perto dela, e apanhando seu rosto entre as mãos.

— Esqueça. Não vamos mais tocar neste assunto. – Propôs, os olhos azuis preocupados – Se te entristece já não me interessa.

Dakota o observou por um instante, erguendo a mão para levá-la até o rosto dele. Queria tanto poder desabafar! Mas sabia qual seria seu destino se ele soubesse a verdade. Doía saber que seria pelas próprias mãos dele. Então se calou. Ele se aproximou para beijá-la, mas ela se levantou. Ele a olhou, confuso, e viu ela puxando as amarras do vestido.

— Que está fazendo? – Perguntou, confuso.

— Vamos tomar banho. – Disse, sorrindo, puxando as cordas do espartilho, que foi afrouxando-o.

— O que? Está frio! – Protestou, apontando pro rio. Dakota riu, debochando dele, e uma vez que o vestido afrouxou ela o retirou, ficando de roupa debaixo.

— Tu és rei e estás com medo de água fria? – Brincou, se livrando do vestido.

— Reis sentem frio. Ficam resfriados também. – Disse, debochado. Ela riu, se afastando. – Não faça isso. – Insistiu.

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