Capítulo 11

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Já havia anoitecido.

— Tony, agora eu realmente não posso conversar, eu...

— Tenho noticias. – Disse, erguendo um papel na mão. Dakota se calou – Dakota, Jordan deu uma batida em tua antiga casa.

Dakota desmoronou, encostando a cabeça na parede. Sabia que isso iria acontecer, mas isso não tornava o fato menos grave.

— Jordan mandou procurarem você, esperou que aparecesse, mas quando não aconteceu ele mesmo foi procurá-la. Deu uma batida em tua casa e não a encontrou, obviamente. – Dakota o encarou, esperando – Teu pai o enfrentou, Dakota.

Dakota hiperventilou. Não! Ela se levantou aos tropeços, os olhos assustados e Tony teve que continuar.

— Levaram ele preso. – Respondeu a pergunta muda dela. – Tua mãe continua em casa, mas não se tem noticias de seu pai.

— Meu Deus. – Gemeu, pondo a mão no rosto – Eu... Eu tenho que voltar. Agora. – Disse, desorientada.

— Como?!

— Preciso voltar. – Disse, se antecipando pra porta. – Quando Jordan me encontrar deixará meu pai em paz.

— Não vai, não. – Disse, puxando-a de volta.

Dakota brigou com Tony, tentando se soltar. Não conseguiu. Até que ele a deteve, puxando-a pelos braços e empurrando pra longe da porta.

— Escuta! Não vais a lugar algum, se saísse daqui o máximo que conseguiria era morrer na fronteira, ou ser entregue a Jamie! – Dakota estava em choque –Dakota me perdoe, mas Blake me escreveu coisas que me fazem acreditar que teu pai já esteja morto.

Com essa Dakota caiu, sentada na cama. Morto. Ela mal conseguia respirar. As lágrimas caíram por seu rosto de modo livre, ao contrário do desespero que ela sentia.

— Se sair daqui tudo o que foi feito, o sacrifício de teu pai, tudo terá sido em vão. Entende que não pode ir? – Dakota não respondeu, ainda em choque – Eu realmente sinto muito. – Disse, pesaroso.

Dakota não disse nada nos minutos que se seguiram. Tony tentou mesmo consolá-la, mas nada adiantava. Por fim ele teve de ir embora, voltar pro trabalho. Dakota não se moveu por horas. Seu pai estava morto. Isso doía tanto! Até que a porta do quarto se abriu. Jamie hesitou, vendo tudo escuro. Ele apanhou uma das velas do quarto e voltou no corredor, acendendo-a em uma das tochas que havia ali. Distribuiu as chamas por todas as velas do quarto. Quando pôs a ultima no suporte foi que veio ver ela.

— Escute, eu... – Ele parou, vendo seu estado – Dakota?

Mas ela só ergueu os olhos, vermelhos pelo choro, para encará-lo. Jamie, entendendo errado, hesitou.

— Certo, eu realmente a ofendi. – Disse, preocupado, se aproximando da cama. Ele se sentou, tocando o rosto dela, inchado pelas lagrimas que haviam caído – Eu não...

— Não é tua culpa. – Disse, passando a mão no nariz. Mas soluçou de novo, desolada.

— Não? – Perguntou, admirado – Quem te machucou? – Perguntou, a voz já em tom de ataque. Dakota negou com a cabeça, incapaz de falar algo – Em nome de Deus, o que houve?

— Meu pai... Está morto. – Desabafou, caindo no choro com mais força ainda. Jamie ergueu a sobrancelha.

— Ah. – Disse, surpreso – Eu... Eu lamento. Ei, não fique assim. – Disse, preocupado. – Venha. – Disse, esticando o braço. Como Dakota não se moveu ele a apanhou pelo braço, trazendo-a pra si, e ela o abraçou, as lágrimas molhando sua camisa. – Isso, chore. Deixa tua dor vir. – Disse, beijando-lhe o cabelo. Dakota apenas soluçava – Ele estava doente? – Dakota assentiu. – Você precisa de permissão para ir vê-lo? Acompanhar o velório, ou algo assim? Eu posso providenciar... – Ela o interrompeu, negando com a cabeça.

A verdade é que Jamie não queria que ela fosse. Não queria dar a licença, pois não queria perdê-la de vista, tê-la fora de seu alcance. Mas daria ainda assim, o que ela precisava.

— Não? – Perguntou, ainda ninando-a. Um braço forte a abraçava, e o outro acariciava-lhe o rosto.

— Meu pai... Nós não nos dávamos bem. – Mentiu – Minha família... Não me aceitaria. Por isso vim para cá. Por isso nunca precisei sair. – Disse, a voz carregada de agonia.

— Entendo. Mas você o amava.

— Demais... – Disse, caindo no choro outra vez. Ele a acolheu em seu peito, agoniado por fazê-la parar de chorar. Mas sabia que não havia como. Quando os funerais de Amélia terminaram ele não teve condições de sair do quarto por semanas, nem pra ver a filha.

— Vai ficar tudo bem. – Disse, tranqüilizando-a – Eu vou ficar aqui, com você. Vai passar.

Mas Dakota não teve condição de responder. Ela chorou por horas a mais, a verdade engasgada em sua garganta, uma dor que lhe atormentava. Ela adormeceu amparada nele, abraçada. Ele, que ainda a ninava, sentiu a cabeça dela tombar em seu ombro. Por um instante achou que tivesse desmaiado, mas estava dormindo. Ele, cuidadosamente, se encostou na cabeceira da cama e a ajeitou sobre seu peito. Ele puxou, lentamente, os cordões do vestido dela, liberando-a do aperto do espartilho, mas não tentara nada. Passou a noite toda em claro, os lábios no cabelo dela, os olhos fixados a sua frente. Queria poder fazer a dor dela passar. Queria poder protegê-la dessa e de qualquer outra dor. Inferno, era tão frágil! Ele só se dera conta disso após vê-la chorando. Debaixo do queixo empinado e do olhar inocente era frágil. De que diabo adiantava ser rei se não podia proteger a quem queria bem?

Dakota só despertou na manhã seguinte. Estranhou porque não estava sob a cama. Estava sob algo que respirava, e haviam braços a sua volta, abraçando-a confortavelmente. Jamie viu os olhos dela, avermelhados e confusos, se situando, e lhe acariciou o braço.

— Você ficou. – Disse, admirada, a voz rouca. Jamie acariciou o rosto dela – Passou a noite aqui e eu nem... – Ela passou a mão no rosto, olhando em volta – Perdoe.

— Tranquila. – Disse, confortando-a – Apenas tive que trancar a porta. Seu amigo teve aqui duas vezes. Você nem acordou quando eu levantei, nem quando eu a apanhei no colo. – Comentou, distraindo-a.

— Que horas são? Elena virá me buscar. – Disse, mas não desencostou a cabeça do peito dele; Ali podia ouvir seu coração. O som era encantador.

— Elena não está. Na verdade, ninguém está. – Disse, dando de ombros.

— Ninguém... Onde estão?

— É aniversário de Luke. Haverá uma comemoração, e todos os criados foram mandados até o salão de festas, para organizar tudo. Seu amigo avisou que estava saindo, da ultima vez que tentou entrar.

— Eu deveria ter ido? – Perguntou, ainda confusa pelo sono. Jamie acariciou o cabelo dela.

— Não. Hoje tu não vais a lugar algum. Aliás, vai sair comigo, salvo engano. – Ele viu Dakota franzindo o cenho – Vou te levar a um lugar onde eu ia quando era mais novo. Lá poderemos ficar em paz. Vá se banhar. Eu vou preparar... Uma cesta.

— Tu vais preparar uma cesta? – Perguntou, rindo de leve.

— Se te fizer sorrir assim, vou. Não quero te ver triste. – Disse, tocando o queixo dela. Dakota sorriu e ele selou os lábios com os dela, apenas por tocar. – Anda, vai.

— E se nos verem?

— Mando matar. – Disse, e ela ergueu uma sobrancelha. Ele riu – Ninguém nos verá, confie.

Dakota o olhou, o olhar sondando-o por um instante, então se levantou, cambaleando com o vestido frouxo. Jamie sorriu, divertido, perante o olhar acusador dela a ele, após olhar o corredor, saiu. Ele foi logo em seguida. Vamos ver no que dá.

Oi gente! Dois capítulos pra vocês, já que eu não postei hoje de manhã. Espero que gostem, não esqueçam de votar e comentar! Bjs e até amanhã

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