Capítulo 10

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Como tudo começou...

Maite chegou ao campus da universidade e respirou fundo ao sentir as mãos do pai apertando carinhosamente seus ombros.

— Vai lá, minha princesa, dê o seu melhor e daqui a alguns semestres mostre para todos tudo o que eu sei que você é capaz de fazer — o pai a incentivou e Maite olhou a tela do celular que tinha uma foto de seus pais como plano de fundo. Queria que a mãe, que falecera há seis meses com um infarto fulminante, estivesse ali também.

— Eu te amo, papai — Maite sussurrou abraçando-o e deixando que as lágrimas de medo e saudade escorressem por suas bochechas macias e rosadas.

— Eu te amo mais, meu anjo. Agora para de chorar, dizem que dá rugas — o pai brincou e Maite riu se afastando dele e limpando o rosto.

— Eu vou te visitar todos os finais de semana, okay? Me ajudar a entrar na melhor faculdade com bolsa integral não vai fazer o senhor se livrar de mim. Toda sexta feira à noite eu vou voltar para casa e só vou voltar pra cá na segunda de manhã para a aula — Maite avisou séria, a expressão autoritária e o pai sorriu. Aquela era a sua menina.

— Se você não fizesse isso por livre e espontânea vontade, faria por livre e espontânea força — Javier respondeu e os dois se abraçaram outra vez.

— Vou sentir saudades — Maite sussurrou e o pai beijou sua testa.

— Serão apenas quatro dias, vão passar rápido — Javier soltou o ar que prendia nos pulmões. — Agora entra lá e dê o seu melhor — empurrou carinhosamente a filha que se abaixou para pegar uma mala de rodinha, uma mochila grande, uma nécessaire e uma bolsinha de mão. — Também vou sentir saudades — sussurrou deixando uma lágrima escorrer quando a filha subiu o ultimo degrau da alta escada e olhou para trás para acenar e mandar um beijo que ele "pegou no ar".

— Liberdade! Liberdade! Finalmente liberdade! Eu vou fazer tudo o que eu quiser! — Christian dizia alto fazendo uma dancinha estranha no meio do quarto.

— Christian, você está em uma universidade, não na Holanda — Dulce disse revirando os olhos. O irmão acabara de entrar para cursar gastronomia, enquanto ela estava no segundo ano de arquitetura.

— Aqui não tem papai e mamãe para me proibirem de tudo! — Christian exclamou entusiasmado como se aquele fosse o principal motivo pelo qual estava ali.

— Aqui tem diretores, seguranças e mais um monte de gente para te proibirem de fazer coisas que você não deve fazer — Dulce retrucou. Christian era tão imaturo às vezes!

— Dulce, vai cuidar da sua vida e me deixa em paz — Christian se irritou.

— Com todo o prazer — Dulce reverenciou exageradamente e revirou os olhos enquanto saía do quarto do irmão e fechava a porta.

Christian olhou ao redor. O quarto era pequeno, mas era o suficiente para ele. Uma cama de solteiro, uma escrivaninha, um guarda roupas pequeno com espelho, uma cômoda, um frigobar e um banheiro simples. Ele não precisava de mais nada.

Maite olhou ao redor. O prédio dos quartos ficava afastado dos prédios onde aconteciam as aulas. O quarto pequeno era confortável e aos poucos ela o transformaria em seu lar. Pegou a mala e a colocou sobre a cama e a abriu. Pegou a foto dos pais e colocou na escrivaninha, depois ajeitou suas roupas no guarda roupas. Era cedo, tinha a manhã inteira e até depois do almoço para ajeitar suas coisas, a integração começaria somente às quatro da tarde.

Eu sou o melhor... pra vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora