Não sei o que estou sentindo exatamente, apenas me sinto suja de alma e de corpo, sentada no canto da parede já vestida com meu vestido lilas simples, olho para o relógio do quarto que mostra doze horas da tarde.Nunca me senti tão sozinha como agora, o que eu mais queria era Magda ao meu lado, ou meu pai, minha mãe... Entretanto me sinto fraca para sair correndo, incapaz de correr para a casa dos meus pais. Jamais contarei o que houve para eles, que cara iria usar? Isso é muito constrangedor... Meus olhos já não aguentam mais chorar, minha cabeça não para de doer um só instante, então resolvo cair na cama. Quisera eu ter calmantes para poder tomar o frasco e nunca mais acordar.
Apenas fechei os olhos e deixei que o sono me envolvesse...
[...]
Abro os olhos e rapidamente, minha visão não enxerga nada além de um quarto escuro. Por quanto tempo eu dormi?
- Magda! - A chamei espontaneamente, mas ela não me respondeu, ela já não estava ao meu lado. Me encolhi na cama dobrando os joelhos e abraçando minhas pernas.
- Magda você precisa ficar bem...- Chorava. A luz foi acesa revelando Miguel que acaba de entrar no quarto.
- Teresa... - Sua expressão está diferente, terna e serena ao mesmo tempo. - Me perdoa.
O silêncio invadiu o ambiente.
- Por favor Teresa eu nunca fiz isso antes. Eu estou me sentindo muito mal, havia bebido muito e você havia me tirado do sério.
- Eu quero que saia da minha vida para sempre Miguel. - Respondi fria.
- O que eu posso fazer para que me perdoe?
- Nada, porque o que você fez não tem perdão.
- Tessa...- Se aproximou e eu me afastei temendo que me faça mais alguma mal.
Sua mão que ia tocar meu rosto agora recuou para baixo e Miguel de afastou.
- Espero que um dia me perdoe.
- Eu te odeio. - Foi tudo que saiu da minha boca, e foi o suficiente para fazê-lo sair.
Passaram-se semanas, estávamos morando embaixo do mesmo teto como dois estranhos. Minhas visitas para Magda era manual, todos os dias estava ao seu lado. Os médicos a desenganaram, mas eu acredito que ela irá sair dessa, os aparelhos a mantém viva até agora, no entanto não deixo de acreditar que ela ficará bem. Talvez porque conheço sua historia e é a mulher mais forte que eu conheço, não pode se deixar vencer assim.
Converso, conto histórias para reanima-la.... Os médicos me falaram que ela pode está me escutando. Isso já é um lado.
- Teresa... - Ana Clara entrou no quarto.
- Finalmente apareceu, achei que tinha deixado de ser minha amiga. - Resmunguei lhe cumprimentando com um abraço.
- É que nesse período de tempo aconteceram muitas coisas na minha vida, tantas que eu nemestou acreditando.
- Boas ou ruins?
- Boas Tessa, minha mãe aceitou a Jesus e meu pai também, os dois se reconciliaram, nem parece o casal que brigava como dois animais, a minha vida mudou para melhor depois que Deus entrou na minha casa.
- Que bom... - Disse sem jeito.
- Porque não deixa Deus entrar na sua vida Tessa? O mundo não tem nada a te oferecer.
- Não começa Ana.
- Magda está nessa cama de hospital, você está aqui, mas é uma incrédula, não crê que Deus irá tira-la daqui.
- Primeiro o Estêvão e agora você? Ana por favor se veio aqui só para falar isso a porta fica bem ali.- Disse mostrando caminho.
- Não precisa ser ignorante. Eu vim para ver como ela está e te aconselhar.
- Me aconselhar? Com o que?
- O único motivo dela está usando esses aparelhos ainda, é por você, os médicos quiseram desligar, seus pais não deixaram, mesmo sabendo que ela não sobreviverá, esses aparelhos é o que a mantém Teresa, mas você não pode ser egoísta, ela precisa descansar...
- Não! - A interrompi. - Ela não está morta Ana. Eu acredito que ela vai ficar bem.
- Não se engane mais Tessa. Com o seu egoismo,está apenas fazendo-a sofrer.
- Não! Para de falar essas coisas Ana Clara, eu não vou pedir para desligarem os aparelhos, eu não quero fazer isso, ela irá se recuperar aos poucos.
Ana estava prestes a falar, mas engoliu a seco e me olhou com pena, era como se soubesse que não teria mais jeito. Fraquejei por um momento e quase concordei.
- Eu não irei pedir para desligar nada!
- Está bem Tessa, dói vê você assim sabia? Se não quer se conformar ela ficará ai, sofrendo, e eu espero que não se sinta culpada depois.- Disse olhando para a pele palida de Magda.
Chorei em silêncio ao pensar que Ana Clara tinha razão.
- Vamos tomar um café aqui no hospital mesmo? Você não me parece nada bem.
- Está bem - Respondi.
Durante o café senti que Ana tentava tirar de mim coisas que achava que eu ainda não tinha leve contado. Ela me conhecia bastante para saber que não estou nada bem, em uma tentativa falha de omitir ou mentir. Ana me olhou com cara de "Fala o que está acontecendo, confia em mim" e eu desabei em lágrimas.
- O Miguel me violentou. - Contei a a fazendo arquear as sobrancelhas.
- Oque? Meu Deus, mas isso é muito grave Teresa, quando isso aconteceu?
- A algumas semanas... Mas por favor não conte nada a ninguém, fazem semanas que eu não vou a casa doa meus pais, justamente para não ser fraca e contar, não quero que eles saibam e nem ninguém.
- Teresa...
- Por favor Ana, eu estou pedindo. - Supliquei.
- Está bem...- Disse ainda inconformada.
Caminhamos de volta para o quarto e antes de pasaarnos pela sala de espera ouvimos vozes que acabou resultando em um estrago no meu coração:
- Como vamos contar para ela que a Magda... - Mamãe tentava fazer a pergunta a alguém que estava com ela. Não podemos esconder isso por muito tempo.
- Sim, tem razão Sarah. - Papai concordou. - Teresa tem que saber que a Magda não resistiu e faleceu.
- O que!? - Entrei na sala aos gritos.
- Teresa! - Mamãe levou a mão para a boca e todos me olharam sem reação.
- Digam que é mentira! - Gritei em lágrimas. - Diga que é mentira papai! - Gritava e ele veio me amparar.
- Filha, eu sinto muito, não queria que você soubesse dessa forma. - Papai tentava explicar.
- Vocês desligaram os aparelhos não foi?
- Não filha, nos não fizemos nada, ela morreu sozinha, os aparelhos não poderiam mantê-lá para sempre.
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Teresa- Uma Garota Quase Cristã- Livro 2
SpiritualA vida nunca foi tão complicada para Teresa Dominick como agora, fingir para os seus pais e uma congregação inteira ser cristã, estava cada vez mais difícil. Seu pai(Stefan), um pastor reto e cheio de méritos e sua mãe (Sarah), cantora e serva fie...