Capítulo 3

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   Acordo forçada pelo sol que entra pela janela de vidro exageradamente grande localizada no meio do meu quarto, dando visão para a piscina e o jardim.

Já disse a Magda que eu odeio quando ela esquece de fechar as cortinas, mas aquela velha está cada dia mais caduca, e decrépita, esta na hora da mamãe trocar de empregada, pena que a considera tanto.

Caminho em passos lentos até o banheiro e enquando me banhava pensava no que houve ontem, no funeral do Dean, em tudo o que houve.

"Dean, como você me faz falta" – penso me encarando no espelho, havia terminado minhas higienes matinais.

- Filha? – Mamãe bate na porta do meu quarto.

Tenho certeza que veio me acordar para a consagração de hoje. Começa ás oito e quem dirige é o evangelista Estevão, o único motivo para que eu vá os três dias da semana ouvir a palavra naquela igreja chata.

- Estou indo mamãe, me espere lá embaixo. – berro para ela.

Apesar da morte repentina de Dean ter me afetado, eu não posso deixar de viver por isso. Sou jovem, bonita e tenho uma vida inteira para viver intensamente, não vou me abater e nem passar semanas chorando por alguém que não vai voltar.

Abro o meu closet a procura de um vestido adequado para a consagração e acabo escolhendo um que menos uso, é azul marinho com listras creme, um pouco justo na cintura e tem a saia rodada até os joelhos, dando um ar de "menininha cristã". Para combinar uma bolsa creme, sapatilha na mesma tonalidade e alguns acessórios. Para uma filha de pastor está perfeito.

Desço até a sala e Magda me cumprimenta.

- Bom dia menina Teresa!

- Não me chame de "menina" eu já sou uma moça. – a repreendo como todos os dias. – Onde está á dona Sarah?

- A sua mãe foi no quarto, esqueceu a bolsa.

Reviro os olhos e caminho em direção á cozinha, corro diretamente para a cesta de frutas que fica próxima ao balcão em uma mesinha. Pego algumas uvas. Até parece que irei passar a manhã toda me consagrando. Degusto as uvas de olho na porta, a qualquer momento mamãe poderia entrar ali.

- Achei que a senhorita fosse para a consagração. – Cecília disse me flagrando.

- E eu vou Cecília. – viro-me para ela - Porque não me disse que estava ai?

- Porque só agora eu vi a senhorita. – respondeu terminando de guardar alguns pratos na última porta do armário que fica em baixo, precisando que se abaixe para isso. Está explicado porque não a vi.

- Não ouse em abrir essa boca hein! – digo comendo um pedaço da maçã que acabara de pegar.

- Claro que não, quem sou eu para me intrometer no que os patrões da casa andam fazendo. – disse com desdém e levantou-se.

- Ótimo. – digo jogando a maçã na lixeira depois de ouvir os passos de alguém vindo para a cozinha.

- Vamos filha? – mamãe disse com um sorriso.

- Estava só esperando você. - sorri falsamente para ela.

- Aqui na cozinha? Olha isso é uma tentação, sabe que na consagração não se pode comer nada, é um momento seu com Deus.

- Sim, sim mamãe eu sei dessa regra.

- Não é uma regra, jejuar faz parte da vida de um cristão e para chegarmos mais perto de Deus é preciso nos humilhar e matar a nossa carne. Assim Deus vê o nosso sacrifício para estar perto dele, desta maneira apenas reconhecemos que não somos nada perto de sua grandeza. - deu uma breve explicação.

Teresa- Uma Garota Quase Cristã- Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora