Um algo para se alegrar

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Senti enjôos quase o dia todo, muitas vezes mamãe esteve prestes a ligar para o papai para me examinar, mas pedi para que não fizesse nada, pode ser que não seja nada demais, apenas uma má digestão. Minhas roupas foram arrumadas por Clotilde, me dando uma tarde livre para ler a bíblia, e já no anoitecer, finalzinho da tarde decido deitar e dormir um pouco, até minhas expectativas fugirem de mim após baterem na porta.

- Entre. - Pedi e sentei adequadamente na cama.

- Oi mocinha, soube pela sua mãe tudo o que houve, e porque voltou exatamente? - Marina disse fechando a porta.

- É sim vovó, e de verdade eu espero que entenda isso, o seu filho é impossível, não dá para conviver com ele.

- É... Eu estou sabendo disso também, eu não quero interferir na sua decisão, mas peço que pense bem no que irá fazer,vocês se casaram, suportaram tanta coisa para ficar juntos e vão desistir assim tão fácil?

- Eu e ele não nos amamos vovó, e para uma relação ir bem é preciso amor, e isso não temos um para com o outro.

- Claro, como eu imaginei. - Encarou o chão por um instante e caminhou até a cama. - Quem você ama é aquele menino, o Estêvão, não é?

- Sim vovó, eu sempre o amei.

- Eu sei, você olha para ele com olhos de amor, eu olhava da mesma forma para o Jhon. - Disse enquanto aparentava se recordar

- O meu avô?

- Sim, isso quando eu e ele éramos jovens e apaixonados, bom, mas isso não vem ao caso. Fico feliz por estar aqui. - Me deu um sorriso singelo.

- Eu também vovó, não imagina o quanto. - Disse firmando minha mão em seu ombro.

Depois de ser tão bem recebida pela minha família, me arrumo para ir dá a grande notícia a Clara, ela precisa saber que eu me entreguei a Jesus. Começo a descer a escada, e na medida em que desço uma vertigem invadia minha cabeça.

- Meu Deus, o que é isso... - Questiono me segurando no corrimão em uma tentativa falha de não cair. A última coisa que senti foi meu corpo se esvair e tudo escurecer, como se tivesse perdido os sentidos.

Perdida no tempo e na razão acordo em uma cama de hospital, quantas vezes vim parar aqui? Meu Deus o que aconteceu comigo?

- Mamãe. - Chamei enquanto a mesma olhava pela janela do quarto.

- Oi filha... - Disse serena.

- O que aconteceu? Eu estou bem? - Perguntei curiosa.

- Sim. - Ela parecia receosa em me falar algo. - Eu tenho uma notícia que vai mudar sua vida para sempre Teresa. - Disse acariciando o meu rosto ela parecia preocupada.

- Eu estou doente? O que aconteceu?

- Pelo contrário, você está muito bem, e o bebê que você espera também

- Bebê? - Arregalo os olhos. - Mãe, eu estou grávida?

- Sim Teresa, você espera um bebê. - Confirmou.

- Meu Deus...

- Você caiu da escada, mas não foi o suficiente para tirar a vida do bebê e nem a sua.

Mamãe começou a falar do quanto o bebê ia trazer alegrias para casa, e eu estava metida em meus pensamentos profundamente, tanto que não conseguia ouvi-la. Eu estou grávida do Miguel, esperando um filho daquele homem frio, calculista... Esse filho que espero é fruto de um abuso, eu havia esquecido de tomar o anti-concepcional completamente. É difícil para mim digerir isso, não sei se choro desesperadamente ou se me alegro pelo anjinho que carrego no ventre.

Teresa- Uma Garota Quase Cristã- Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora