CAPÍTULO 16

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LIANE MARIA SILVA

Meus pés não aguentavam mais sequer dar um passo. Eu, não aguentava mais. Estava morta de fome, e o dia já escurecia novamente, não parei de andar desde aquele filho da puta me deixou nesse fim de mundo à dois dias e se não fosse um riacho que seguia a estrada eu já tinha morrido pela sede. Não encontrei uma alma viva, meu celular não havia dado sinal e para complicar ele deu um último suspiro na bateria a muitas horas.

Mas o pior de tudo é que eu não sabia se estava andando na direção certa, peguei duas encruzilhada tendo que decidir na sorte qual lado tomar. O lugar me assustava.

O que me alimentava seguir em frente era que eu poderia ver aquele moleque mimado sofrer, Felipe me paga por isso. Daniel nessa hora ja deve estar com Keli e se ele for esperto não deixará que Felipe nunca mais coloque os olhos nela. E Keli vai pagar por tomar o meu homem. Aquela vagabundinha ingrata, e rezo para que perca o bastardo que ela carrega. Nem morta vou me reconhecer como avó, não na minha idade. Nem morta!


De repente um estalo cortou o ar. Um tiro, mas não tive certeza. E um ronco forte de motor. Comecei a correr para o lado do riacho me escondendo pelas pedras, meu coração agitado pelo medo.

Esperei o ronco do motor dimunuir e desaparecer, sei que poderia ter ajuda, mas fiquei com receio que o estalido que ouvi fosse um tiro de arma. Saio em silêncio de trás das pedras e aproveito para beber mais da água, fazendo meu estômago doer pela fome.

— Sabia que havia se escondido aqui! — Bradou uma voz pastosa.

Olhei para trás e havia um velho gordo e suado, com uma vasta barba grisalha que batia no peito. Cheirava mal com as suas roupas surradas.  Mas o que me chamou atenção foi a sua arma enroscada em suas calças.

— Eu não estou sozinha! — Falei tremendo — Meu marido não está muito longe.

Agarrei em minha bolsa e passei por ele indo para a estrada.

— Que isso Dona? Mentido para o velho Juca aqui! — olhei para ele que sorria mostrando a falta de um dente na frente e o resto que ele tinha estavam podres.

— Não estou mentido senhor...

— Pode me chamar de Juca, Dona. Sei que está sozinha, desde de ontem espiono a senhora.

Minhas pernas ficaram bambas, só queria me livrar desse velho.

— Com licença, preciso ir...

Ele segura na arma e ri.

— Não seja mar educada, Dona. Só quero ajudar. Esta perdida por essas bandas?

— Estou... preciso ir para a cidade.

— Sei... mas preciso falar que a Dona pegou a direção errada, na verdade é que está se embrenhando cada vez mais nessa região esquecido por Deus.

— Qual lado devo ir. O senhor me ajudaria tomar o caminho para a cidade?

— Claro Dona! Meu carango está logo ali. Posso te levar.

Alívio tomou o meu corpo, e prometi pagar bem por esse favor.

— Não quero dinheiro não Dona. Aqui vivemos da caça da terra.

LOUCA OBSESSÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora