what just happened?

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    Taehyung's POV

Semelhava-se a tiros, muitos tiros. Mas ao olhar para cima podia ver vários fogos de artifícios embelezando aquela noite, o que me deixou aliviado. Mas Youngjae continuava de costas para mim e eu ainda não conseguia processar o que acabara de dizer.

Gostar de mim?

Senti meu rosto corar em poucos segundos e levei minhas mãos até meu rosto. No mesmo momento, ela virou a cabeça em minha direção e involuntariamente já estava de costas para ela, escondendo-me. Sempre fui um garoto muito tímido e aquilo era o estopim para mim. Não sabia o que responder e aquela adrenalina podia me matar do coração a qualquer momento.

Levei minhas mãos até meu cabelo e me agachei, totalmente frustrado. Alguns segundos depois, ao abrir meus olhos, dei de cara com uma Youngjae prestes a chorar, agachada assim como eu em minha frente. Neguei com as mãos diversas vezes para ela não chorar, em vão, já que a garota começou a desabar em lágrimas em minha frente.

— Você não vai falar nada?! — ela chorava compulsivamente, me deixando cada vez mais nervoso. Eu não sabia o que dizer!

— Y-Youngjae! — coloquei minhas mãos em seus ombros e, com os olhos arregalados, a encarei. — Eu nunca gostei... de alguém. Eu não sei como é isso. Não sei se o que eu sinto por você é "gostar"!

Ela parou de chorar aos poucos, passando as costas da mão no olho e voltando a me olhar.

— Então você só precisa descobrir o que é isso? — colocou uma mecha do seu cabelo para trás.

— Acho que sim...

— Tudo bem! — e voltou a sorrir. Daquele jeito que ela já estava totalmente acostumada.

Seu sorriso era muito lindo. E ao ouvir outro fogo de artifício e se assustar, acabou caindo para o lado, e assim pude notar que sua risada também era linda.

E ficamos assim, rindo do nada por mais um tempo.

                                  ~

Voltei para casa apertando o caderno. Eu estava estranhamente feliz.
      Ficar aqueles minutos ali com ela, apenas brincando, me fez pensar naquele negocio nojento. "Amor". Ele tava começando a parecer não tão ruim...

Ao aproximar de casa, pude notar uma multidão em volta da mesma. Não apenas isso, mas também carro da polícia e em seguida uma ambulância passou ao meu lado, parando ali perto. Soltei o caderno no chão, correndo o mais rápido que pude até lá e empurrando as pessoas que formavam uma barreira no jardim, todos atentos. Então tudo ficou em câmera lenta.

Dois adultos me seguraram para não passar por eles, mas meu nervosismo e gritos foram o suficiente para fazer eles me soltarem. Quando percebi, já estava chorando e nem sabia o que estava acontecendo. Ao passar pelo jardim e chegar na porta de casa, um policial também me segurou, mas já era tarde. Eu já tinha visto.

Sangue. Corpos. Minha família.

Pude ver meu tio falando com outro policial, mas tudo que queria fazer era correr até ele e o abraçar, perguntar qual a pegadinha. E assim fiz, o abracei com todas as forças e as lágrimas desciam com tamanha facilidade que logo encharquei a sua amada camiseta social.

— Cadê minha mãe? O meu pai? O que aconteceu, tio?!

Ele não respondeu, mas seu olhar acompanhou um corpo que estava sendo levado para fora. Levei isso como uma resposta, e desabei-me a chorar enquanto corria atrás, parando um dos homens que carregava a maca e puxando o plástico que tampava o rosto.

Minha mãe.

Minha mãe estava ali, ensanguentada, cruelmente empacotada. Ela não me viu fazendo gol no time da escola que tinha acabado de ser formado, não me viu formar, não me deu adeus.

Passei minhas mãos trêmulas em seu rosto e de repente estava sem reação, pedindo para que ela acordasse e tudo ficou embaçado em minha vista. Corri até a outra maca e lá estava meu pai. Fui puxado bruscamente, dessa vez pelo meu tio, e seguiram o caminho até a ambulância. Eu me debatia contra meu tio, que tentava me acalmar de todas as formas possíveis, inutilmente.

Vi mais 3 corpos serem levados até um carro preto e alguns parentes que estavam feridos até a ambulância antes de tudo ficar preto, e em seguida desmaiar.

Tudo que eu queria é que aquilo fosse um terrível pesadelo e que no dia seguinte acordaria desembrulhando os presentes ao lado dos meus pais. Havia costurado uma touca para mamãe na escola, e apesar de não ter ficado muito boa, sei que ela amaria. Para papai comprei um amortecedor de pescoço com o dinheiro da mesada, já que ele estava sempre reclamando de dores após trabalhar horas em sua empresa. Mas isso não aconteceu. Eu acordei com holofotes, câmeras, repórteres loucos atrás de uma matéria para entreter os telespectadores. Não com meus pais.

cattish ➳ kim taehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora