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   — ONDE ESTAMOS? — olhava para todos os lados, procurando algum sinal de que estava em um lugar mais conhecido como minha casa. Taehyung apenas permanecia parado com as mãos em sua nuca, observando meu ataque de pânico.

      Era praticamente 20h da noite.

      MAIS DE 3 HORAS ATRASADA. Claro, se contarmos o tempo que fiquei ajudando na escola.

      — Mamãe vai me matar! — encostei em uma parede ali perto e deslizei até o chão, desolada. Okay, talvez eu seja realmente dramática.

      Taehyung me olhava rindo. O mesmo parou uma senhora que passava ali entregando panfleto e pegou um papel, agradecendo educadamente em seguida. Leu o papel e soltou uma risada nasalada. Sorri involuntariamente ao ver isso.

       — É, não estamos em seu bairro. — ele riu enquanto eu resmungava bravamente, quase me debatendo. — Mas... — leu novamente o papel em sua mão, se agachou e mostrou para mim. — Quer comer ramen?

      — ISSO ESTÁ MARAVILHOSO! — exclamei após enrolar um pouco do ramen no hashi e levar até a boca. Logo passei a encarar Taehyung com os olhos atentos.

     — Não tem como eu comer com você olhando assim. — soltei uma risada antes de virar a cabeça para o outro lado, lhe dando a devida privacidade.

      — MEU DEUS! — virei novamente em sua direção ao ouvir sua voz rouca exaltada, com uma expressão de "eu te disse".

      Continuamos comendo como dois animais, falando sobre como aquele ramen parecia com o da cozinheira da nossa escola do fundamental. Ele falava comigo como se não tivesse sumido, como se nada tivesse acontecido. Eu queria entendê-lo naquele momento, perguntar das coisas, mas seu assunto estava tão alegre que tinha medo de estragar o momento.

      — Ele é meu primo mais velho. — Taehyung disse do nada. Franzi meu cenho confusa, e ele continuou. — Seokjin. Ou Jin.

      — Oh...

      Não sabia o que dizer, mas não queria deixar aquele silêncio matador se apossar. Era a primeira vez que ele estava me falando de algo relacionado a sua família, é normal não saber como reagir.

     — Ele não te assustou, assustou?

     — Eu sei me virar sozinha. — apontei os hashis para ele, que sorriu.

     — Não é o que parecia. — tentei protestar, mas o mesmo se levantou e foi pagar a conta.

     Senti minhas bochechas corarem no mesmo instante. Vê-lo ali, tirando o dinheiro de sua carteira de algo que tinha comprado para nós me fez sentir como uma garotinha apaixonada novamente. Balancei a cabeça negativamente e esperei ele voltar para enfim irmos pegar o metrô. Só que o certo dessa vez.

       Ficamos em silêncio no caminho e eu tive medo que de repente Taehyung mudasse seu humor. Então assim que descemos do metrô e ele continuou andando ao meu lado, soltei um suspiro aliviado.

        — Cansada? — levantei o olhar para poder observá-lo. Ele estava olhando para o céu, mas meu olhar deveria estar lhe incomodando tanto que passou a me olhar também.

       — S-Sim. — desviei o olhar no mesmo instante.

       Aquele noite tinha superado todas minhas expetativas. Todas.

       — Sabe... — ele começou, mas parou assim que passei a prestar atenção no que iria falar.

       — Pode falar.

       — Não quero mais. — ele olhou para mim e piscou um olho. Holy shit.

       Não tava esperando aquilo, mas sorri como se não tivesse abalada mentalmente.

       — Vai, me conta! — comecei a saltitar ao seu lado, e ficamos nisso por um bom tempo.
  
       Andamos mais um pouco até a esquina em que desviávamos o caminho, perto do beco de alguns dias atrás. Tive vontade de perguntar se era ali perto que ele morava, mas me segurei. Apertei a alça da mochila e olhei para a direção da minha casa.

      — Eu vou indo então. — ele disse ao parar de andar. Não! Eu não queria parecer que estava o expulsando.

      — Espera! — segurei em sua blusa. Seu cheiro já estava empregado em minha mão de tanto que eu o segurava. — Obrigada por mais cedo, de verdade. Eu adorei o ramen também.

     Ele assentiu com a cabeça, sorrindo com aquele sorriso quadrado. "Me responde", eu pensava. Não queria que ele simplesmente saísse.

      — YOUNGJAE! — ouvi vozes atrás de nós. Duas na verdade. Minha mãe e Jimin.

      Hora de Park Youngjae conhecer a senhora Chinelo.

      — Eu posso explicar! — disse antes mesmo que os dois chegassem mais perto.

     Eu não podia. Odiava ficar nervosa, tudo que eu falasse iria parecer mentira, ainda mais com um garoto ao meu lado.

      — Olá senhora Park, oi Jimin. — Taehyung cumprimentou os dois. Ele. Ainda. Estava. Ali. E agora ao meu lado. — Desculpem pela preocupação que ela causou em vocês, eu fiz com que Youngjae pegasse o metrô errado, não era culpa dela mesmo.

       Jimin o olhava confuso. "Esse não era o louco do isqueiro?" eu conseguia até mesmo ouvir sua voz dizendo isso, e sua troca de olhar comigo só confirmou que ele realmente estava pensando isso. Caminhei até o lado dos dois, apertando minhas mãos de nervosismo.

        — Quanto tempo, Tae! — minha mãe pareceu ter ignorado tudo que ele havia falado e apenas se aproximou do mesmo, o abraçando.

        Suas mãos acariciavam seus cabelos e Taehyung parecia não saber como agir com aquilo. Há quanto tempo ele não recebia um abraço? Meu coração tava se apertando ao ver aquilo.

       — Vá para casa. Obrigada por ter cuidado da minha Youngjae, e se cuide também! — minha mãe se curvou, e eu e Jimin fizemos o mesmo.
        — Ela sabe se cuidar, senhora Park. Mas não foi nada.

        Estava novamente corada.

        Taehyung olhou para mim e abriu um sorriso que eu não via há muitos anos, um sorriso que eu senti saudade. Ele se despediu de todos nós e seguiu seu caminho.

        Minha mãe e Jimin falavam e falavam em meu ouvido o tempo todo, mas eu não os escutavam. Não me culpem, culpem Kim Taehyung e a facilidade que ele conseguia me deixar anestesiada.

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EU AMEI ESSE CAPÍTULO

cattish ➳ kim taehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora