Taehyung POV's
— YOUNGJAE! — soltei a bicicleta, a deixando cair na calçada, enquanto corria atrás do carro que tinha acabado de dar partida e sair para longe em poucos segundos. Agarrei os fios do meu cabelo, os apertando como se aquilo fosse acabar com o arrependimento que eu sentia por não ter segurado minha quase namorada antes que ela entrasse.
Levantei a bicicleta sem enrolar nem mais um segundo qualquer e subi na mesma, correndo o mais rápido que conseguia para alcançá-los. Aquele homem, seja seu pai ou não, só me trazia pressentimentos ruins. Gritei de raiva enquanto pedalava por não ter parado os dois antes. Sem parar de correr, saquei o celular do bolso e disquei o número que estava nos favoritos: Namjoon. O mesmo não atendeu, gritei novamente, talvez mais ainda, de raiva enquanto meu olhar se mantinha no carro que estava ainda muito à frente.
— Porra, Namjoon! — falei alto assim que caiu na caixa postal. — Eu não faço ideia de onde estou, mas vá na primeira delegacia e mandem seguir a placa XXX-XXXX. — abri um sorriso quase doentio ao ver que havia um sinal um pouco à frente. Podia os alcançar, afinal... — O motivo... Sequestro.
Hesitei um pouco em falar. E se realmente fosse um passeio de família e Youngjae apenas estivesse emburrada porquê o pai não deixou ela colocar K-pop pra tocar no carro? Ignorei minhas hipóteses e tentei pensar o que Youngjae faria se estivesse no meu lugar, ela provavelmente seguiria seus instintos e era exatamente o que eu estava fazendo.
Mas estava com medo.
Flashback On - Noite anterior, 23:45.
— Sério, vai comprar um celular pra ela? — Jin ria alto. Tinha ido dormir em sua casa na noite anterior, já que estava sem rumo. E bom... Ele era a única opção. — Espera... Ela não tem um celular?
Concordei com a cabeça enquanto olhava para o teto. Não conseguia pensar em outra coisa sem ser num modo de pedir desculpas a Yunje. Eu só sabia vacilar com ela.
— Isso sim é amor. — Seokjin riu escandalosamente e abriu um mangá antes de se deitar, deixando de me olhar.
— Concordo. — sussurrei para mim.
Iria lhe dar um presente, mas não apenas material. Eu queria lhe dar meu coração, e não passaria do dia seguinte.
Flashback Off
Eu deveria ter ido para sua casa hoje mais cedo. Eu deveria ter subido a escada de seu quarto escondido e deveria, antes de tudo, não ter discutido com ela.
O carro não parou no sinal, o que me fez grunhir de ódio. Sentia suor escorrer pela lateral do meu rosto enquanto pedalava com uma velocidade absurda. E o pior de tudo era que nem perto do carro estava.
Após muito pedalar, finalmente o carro foi diminuindo a velocidade. Fiz o mesmo, agora me mantendo mais afastado do veículo, já que era uma região mais deserta da cidade. O carro estacionou em um beco sem saída, então encostei minha bicicleta perto e segui correndo a pé até o beco.
— Me solta! — Youngjae gritou assim que o homem a puxou para sair do carro. Apertei meu punho.
Yunje já não era mais uma simples paixão de infância. Ela se tornou uma âncora para mim, aquela que me mantinha estável e feliz com um simples sorriso. Tudo e todos que a faziam mal, acabavam fazendo, consequentemente, mal a mim.
O homem disse alguma coisa que não pude escutar por causa da distância e ela se calou no mesmo instante. Tudo que eu queria fazer era a retirar dali, mas e se meus atos por impulso piorassem toda a situação? Mordi meu lábio inferior vendo aquele desgraçado a levar até uma porta e entrar pela mesma.
Assim que ambos entraram, corri até onde entraram. Torci para que já estivessem afastados, na verdade, torci para que aquele lugar tivesse onde esconder, o que felizmente tinha. Escondi-me atrás de um barril do lado da porta, mas do lado de dentro, acompanhando-os com olhar. Youngjae e seu "pai" estavam ainda assim longe. Era um corredor não muito estreito, mais à frente havia uma curva e eu passei a não ter mais visão dos dois por conta disso.
À medida que eu os acompanhava, meu coração ficava mais acelerado.
— Impressionante... Você é a segunda pessoa a descobrir isso. — o senhor Park dizia para Yunje.
— Que você é um assassino?! — Youngjae tentava se soltar ao se debater contra seu pai, mesmo sendo inútil. Lágrimas escorriam facilmente pelo seu rosto.
Assassino?
— Pra que tanto desgosto ao dizer essa palavra? — ele dizia calmo. Abriu uma porta no final do corredor que mostrava uma sala extremamente grande, mesmo que eu não pudesse ver muito bem por estar afastado. — Ah, já sei! Você achou chato, né filha?
Youngjae não o respondia e também fazia força para não ser empurrada para dentro daquela sala. Ela não entraria lá nem se quisesse. Eu não deixaria.
Estava com medo de que se ela entrasse, nunca mais saísse.
— Achou a morte dos Kim's sem graça, não é? Eu também, até mesmo falei para os caras que queria mais emoção, decapitação talvez? Mas eles não concordaram... Uma pena, porém te garanto que houve mortes mais interessantes depois.
Meus olhos se arregalaram.
Era como se minha pressão tivesse caído, já que tudo começou a ficar zonzo e distorcido. Senti uma lágrima gelada escorrer por meu rosto, lenta e dolorosa. Foi quando retirei o material pontudo e afiado de meu bolso, correndo descontroladamente pelo corredor e sem pensar duas vezes o acertei na barriga.
Pensei ter acertado.
Youngjae POV's
Foi com sua voz afobada e seu rosto com veias saltadas que eu o vi assim que virei meu rosto em sua direção. Taehyung estava com uma expressão assustadora, então limpei minhas lágrimas para poder observá-lo melhor.
Segurava uma faca consideravelmente grande e não tive nem tempo de arregalar os olhos, sentindo as mãos de meu pai em meu ombro e em seguida fui empurrada para sua frente.
Então senti meu corpo se inclinar contra minha vontade para frente, depois para trás, e uma terrível dor na barriga, ou estômago, ou qualquer coisa que ficasse nessa região. Levantei o olhar minimamente e bem devagar já que tudo doía exageradamente, vendo o sorriso psicopata de Taehyung se transformar em uma expressão preocupada, arregalando seus olhos e em seguida lágrimas ocuparam suas pálpebras em milésimos de segundos. A faca, que ainda estava em suas mãos, foi soltada. Ele estava assustado, muito assustado.
Aquela dor era insuportável e tudo ficava mais difícil de fazer: mexer, olhar, respirar.
Mas sorri fraco para Taehyung.
Totalmente fraco.
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cattish ➳ kim taehyung
Фанфикшнele perdeu seus pais. ela o salvou, indiretamente, mas o salvou. mas e se kim taehyung não quisesse ser salvo após tamanha crueldade feita com sua família? e se o fato de ter o salvado, na verdade, o matou? ➙ cattish significa traiçoeiro e é nois...
