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Quando chegamos em casa, fui direto para o meu quarto, me joguei na cama e comecei a chorar. Eu não chorava pelo o fato da Vitórya descobrir o que aconteceu comigo, mas sim porque eu comecei a lembrar do que fizeram comigo e do que eu me obriguei a fazer por amar uma pessoa e ela não dá valor ao meu amor.

Eu estava sozinha no meu quarto, com o rosto no travesseiro, "jorrando" litros de lágrimas dos meus olhos e me entristecendo por lembrar de cada momento horrível que passei, portanto, ouvi alguém batendo na porta do quarto, era a Stefanie:

-Esther, tem uma pessoa querendo falar com você!

-Eu não quero falar com ninguém, quero ficar aqui sozinha! - falei com o rosto ainda no travesseiro.

-Então tá bom! - disse e saiu.

Sempre quando ela fala "então tá bom" nunca é boa coisa. Logo ouvi alguém fechando a porta do quarto, percebi que esse alguém se sentou ao meu lado na cama e ouvi uma voz, quando ouvi essa voz me deu vontade de entrar num buraco e nunca mais sair:

-Esther, você deixa eu falar com você? - perguntou Miguel.

-Já que você invadiu o meu quarto! - falei me sentando na cama e limpando o rosto.

-Tem como você me explicar o que houve mais cedo naquela sala? E aquelas coisas que a Vitórya estava falando sobre você, são verdadeiras?

-Bom, não tem como eu te explicar o que houve porque nem eu entendi direito o que aconteceu. E sim, todas aquelas coisas que ela estava falando são verdadeiras, mas não estou pronta para falar sobre esse assunto agora, talvez daqui a alguns meses ou daqui um ano eu te explico melhor.

-Tudo bem! - ele chegou mais perto, deu um beijo na minha testa e me abraçou.

Assim que ele me abraçou comecei a me sentir melhor e percebi que ele não é igual ao Pedro, ele é diferente, ele se importa comigo, pelo menos é o que parece. Minha tia estava certa, eu deveria dar uma chance pra ele, pra mim, pra nós, mas agora não, vou precisar de algum tempo:

-Esther, não importa o que a Vitórya tente fazer para mudar o que eu penso e sinto por você, ela não vai conseguir porque o Único que pode fazer isso é Deus, e se Ele não quiser mudar isso, nada é ninguém pode fazer isso!

Depois que ele disse, tive certeza que não é igual ao Pedro...

No dia seguinte...

Enquanto eu estava no corredor, indo à sala de aula, percebi que todos que ali estavam me olhavam de um jeito estranho e ficavam cochichando coisas entre si. Entretanto, apenas uma garota teve a coragem de dizer, talvez, o que estavam cochichando:

-É verdade o que a Vitórya escreveu no blog da escola?

-O que ela escreveu no blog da escola? - assim que eu perguntei ela me mostrou, pelo celular, o texto que estava falando.

Quando comecei a ler tomei um susto e não consegui entender o motivo dela ter feito aquilo. Logo que terminei de ler, devolvi o celular para garota e fui correndo ao banheiro. Enquanto eu corria conseguia ver que todos ficavam me observando, conseguia ouvir o que eles ficavam comentando o assunto do texto que a Vitórya escreveu sobre a minha vida. Me senti julgada pelo meu passado, envergonhada pelo o que eu fiz.

Logo que entrei no banheiro, vi que tinha duas garotas, elas me olharam do mesmo jeito que todos, um olhar de julgamento, de medo de fazer o que eu fiz e um olhar de nojo e esse olhar fez com que eu me sentisse pior do que já estava. Abri a porta de um dos sanitários, entrei, me tranquei ali e comecei a chorar. Antes delas saírem, eu ouvi o que uma falou pra outra:

-Ainda bem que eu não sou idiota igual a ela. Deus me livre ficar como ela!

Eu já estava muito mal e depois que ouvi essa garota falar isso fiquei pior. Eu não conseguia entender nada da minha vida, não conseguia entender o motivo disso tudo estar acontecendo comigo, não entendia o porque de Deus, se é que Ele existe pois depois disso tudo passei a não acreditar da existência Dele de novo, permitiu que isso acontecesse comigo. Porque comigo? Quem escolheu que isso acontecesse comigo?

Fiquei tão mal e tão distraída nos meus pensamentos, na dor que estava sentindo, que nem percebi que tinha feito cinco cortes no braço direito e esquerdo, e nem percebi que tinha uma faca na minha mochila. De repente, comecei a ouvir uma risada no meu ouvido, e quem estava rindo falou como se estivesse sussurrando:

-Nada na sua vida vai mudar. Ninguém se importa com você. Ninguém te ama. Por que você vai continuar a viver assim? Se mata que é mais fácil, ninguém vai sentir sua falta mesmo!

Aquela voz tinha razão, nada vai mudar. Fui burra em pensar que Alguém que nem acredito que existe poderia mudar a minha vida, e realmente, por que não vou continuar a viver desse jeito? É bem mais fácil eu tirar a minha vida do que ficar vivendo desse jeito:

-O melhor para você é se matar, porque todos sempre vão te julgar pelo o que você fez. Você nunca terá paz enquanto estiver viva!

Ouvi novamente aquela voz sussurrar no meu ouvido, e novamente ela estava certa. Logo após de ficar pensando nisso, tomei a minha decisão: eu iria acabar com esse problema, acabar com esse sofrimento, com essa dor, eu iria acabar com tudo isso, iria tirar minha vida. Porque só assim, talvez, eu encontraria a paz.

E eu deveria parar de achar que tudo um dia vai mudar, porque não vai. Deveria parar de achar que ainda há esperança, porque não tem. Deveria parar de achar que alguém se importa comigo, porque ninguém se importa. Eu fiquei olhando para a faca e para o chão que estava cheio de sangue, fechei os olhos e coloquei a faca no meu peito....

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