#18

11 2 0
                                    

Eu estava disposta a tirar a minha vida, portanto, não sei como, a Stefanie conseguiu destrancar a porta e tirou a faca da minha mão:

-Esther, você está maluca? Por que ia fazer isso?

-Porque minha vida não vai mudar, vai sempre acontecer as mesmas coisas. Aonde quer que eu vá, alguém vai me fazer sofrer, vai me julgar pelo o que eu fiz! - respondi chorando.

-Esther sua vida vai mudar sim, mas primeiro você tem que mudar as suas atitudes, tem que para de pensar que ninguém te ama, que ninguém se importa com você. Porque se ninguém te amasse e nem se importasse com você, eu não estaria aqui falando com você, o Miguel não estaria ali do lado de fora do banheiro te esperando, minha mãe não estaria saindo do trabalho dela pra falar com você e a Lethicia não estaria na enfermaria pegando as coisas pra mim fazer um curativo em você. - depois que falou isso me abraçou. - A gente se importa com você, e não queremos que você tire a sua vida, gostamos de te ter por perto. E eu não suportaria de perder, já perdi minha vó, meu pai me largou e perde você seria demais para mim!

-Como você sabia o que eu estava pensando e o que eu ia fazer? - perguntei ainda abraçando ela.

-Porque eu conheço você, eu me importo com você e porque você já tentou fazer isso duas vezes, lembra?

-Lembro sim!

Ficamos um bom tempo abraçadas. Foi um dos melhores abraços que já ganhei, fazia eu me sentir melhor, segura, amada e me sentia em paz. Como eu pude me esquecer disso tudo por alguns segundos? Como pude esquecer das pessoas que me amam e se importam comigo? Como pude esquecer de tudo que fizeram pra me ajudar e fazer com que eu me sinta bem?

Depois de um longo tempo a Lethicia chega com as coisas pra fazer o curativo, Stefanie pegou a maleta da mão da Lethicia, me ajudou a limpar os cortes e colocou as ataduras em cima dos curativos. Assim que ela terminou de fazer tudo, a moça que faz a limpeza na escola entrou no banheiro:

-Desculpa por ter sujado o chão que a senhora tinha acabado de limpar! - falei envergonhada por ter feito isso.

-Tudo bem querida! Você já está melhor?

-Já! - ela sorriu e foi limpar o chão que eu tinha sujado.

Logo após minha tia entrou no banheiro e tinha trago uma calça jeans pra mim trocar, pois tinha sujado a que eu estava usando com o sangue e um casaco também, segundo ela tinha começado a ficar frio. Peguei a calça jeans, entrei num outro sanitário e troquei de calça. Saí, coloquei o casaco e minha tia me abraçou:

-Você já está melhor?

-Já tia!

Paramos de nos abraçar e saímos. Assim que abri a porta vi o Miguel andando de um lado pro outro com se estivesse impaciente, quando ele me viu me deu um forte abraço e sussurrou no meu ouvido:

-Graças a Deus que você ainda está viva!

Nós ficamos um tempo abraçados até a diretora chegar:

-Esther você está bem? - perguntou preocupada.

-Estou sim! - respondi parando de abraçar o Miguel.

-Se você quiser pode voltar a sua casa e começar a arrumar aquela sala outro dia!

-Não precisa, posso começar hoje!

-Tem certeza? - vi nos olhos dela que realmente estava preocupada comigo.

-Tenho sim, não se preocupe!

-Certo! Vou acompanhar vocês dois até a sala e depois encontro com vocês duas na diretoria! - assim que ela terminou de falar seguimos o nosso caminho.

Quando chegamos na sala, ela nos mostrou onde estava os materiais que íamos usar, pediu pra quando acabarmos irmos na diretoria e saiu.

Primeiro fomos tirar as cascas de tinta que ainda havia nas paredes, até que foi tranquilo, não senti nenhuma dor, mas na hora de passar a massa que foi complicado, porque comecei a sentir dor nos braços e o Miguel me obrigou ir à enfermaria.

Esperei quase uma hora para a enfermeira me atender. Logo que ela me chamou, eu entrei, ela trocou os curativos e voltei para ajudar o Miguel. Assim que cheguei lá vi que ele já tinha acabado de passar a massa e de lichar as paredes:

-Ué, já acabou?

-Já!

-E você não deixou nada pra mim fazer? - perguntei cruzando os braços.

-Não! Vamos lá pra diretoria! - ele falou puxando o meu braço levemente.

Eu fiquei indignada com isso! Ele não deixou nada para eu fazer. Acho que a enfermeira demorou muito para me atender, pra ele conseguir fazer tudo, só pode ser isso!

No instante em que entramos, pude vê um homem usando terno, acho que era um advogado. A diretora veio até a gente é nos apresentou ao homem:

-Esther e Miguel, esse é o doutor Emanuel, o advogado da escola! - viu eu acertei. Nos cumprimentamos - Eu o chamei aqui assim que soube o que a Vitórya fez com você.

-O que a Vitórya fez foi muito grave, expor sua vida no blog da escola e sem a sua permissão é um crime muito sério! - disse o advogado - Eu conversei com a sua tia e a diretora, e queria saber se você está disposta a processar a Vitórya.

-Sim, eu estou disposta!

O que a Vitórya fez comigo, na minha opinião, era imperdoável. Ela tinha que pagar pelo que fez. Após eu dizer que estava disposta a processar a Vitórya, o advogado saiu para resolver as coisas do processo.

Assim que ele foi embora, minha tia, Stefanie, Miguel, Lethicia e eu também fomos embora. Enquanto nós caminhávamos, todos da escola ainda ficavam olhando para mim de um jeito estranho, olhavam para mim como se estivessem me julgando, mas eu não me importei com o que eles estavam pensando sobre mim, porque nada que eles pensem a meu respeito vai mudar quem eu sou, e não me preocupei com os seus julgamentos, pois eles não são ninguém para me julgar, porque não foram eles que sentiram as dores que eu senti, e talvez, eles não aguentariam passar pelas lutas que eu passei e que estou passando. Posso ainda não ter ganhado nenhuma das minhas lutas, posso estar lutando as mesmas batalhas, mas uma coisa eu te afirmo, que eu vou ganhar essas batalhas!!!!

Chegamos em casa, tomei um banho, troquei de roupa e jantei com minha tia e minha prima. Após a janta, minha tia recebeu uma ligação:

-Alô!... Sim sou eu... Quando?... Ótimo!... Claro eu aviso pra ela, obrigada! - ela desligou o telefone.

-Quem era? - perguntou a Stefanie se aproximando da minha tia e eu estava ao seu lado.

-Era o advogado da escola!

-E o que ele disse? - perguntei, curiosa e ansiosa.

-Ele disse que conseguiu entrar na justiça contra a Vitórya, e o julgamento será, sem ser esse sábado, o outro!

-Sério? - perguntei não acreditando no que tinha acabado de ouvir.

-Sério!

-Ah, graças a Deus! - disse a Stefanie.

Eu tinha ficado feliz com a notícia, e comecei a ter um pouco de esperança de que a justiça seria feita e que eu não teria mais que me preocupar com o meu passado, porque tudo iria mudar....

O Verdadeiro Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora