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Cinco dias depois...

Essa semana estava sendo a mais complicada e a melhor da minha vida! Complicada porque a Vitórya ficava implicando comigo, mas eu não dava atenção pra ela e isso deixou ela ainda mais irritada. E também porque durante essa semana fui à um outro psicólogo e ele disse que eu estava com depressão, e ela estava no estado avançado. E a melhor porque, apesar de tudo que aconteceu, eu estava feliz em ajudar a arrumar aquela sala para as crianças:

-Por que você está tão feliz hoje? - perguntou enquanto a gente esperava as crianças chegarem.

-Porque hoje eu vou conhecer as crianças! - respondi me virando pra ele. - Por que? Eu não posso ficar feliz?

-Não é isso não! - respondeu se virando pra ficar de frente do portão da escola.

-Então o que é?

-Nada! As crianças chegaram!

Eu me virei e vi um ônibus parando. Primeiro desceu uma mulher, depois uma freira e em seguida as crianças desceram uma a uma. Tinha criança branca, negra, com amuletos, cadeiras de rodas, umas com uniforme de um orfanato, com síndrome de down, tinha várias crianças diferentes. Quando as crianças, a mulher e a freira se aproximaram da gente, nós a levamos a sala reservada para elas.

Assim que chegamos perto da porta, pedimos para as crianças escolherem, entre elas, uma para abrir a porta, e elas escolheram um menino que estava na cadeira de rodas. Ele parecia meio triste, mas quando abriu a porta abriu um sorriso lindo e entrou. As outras crianças entraram após ele:

-Olha tia, esse menino também está sem a metade de um braço como eu! - esse um menino encantado ao ver, no desenho, um menino sem uma parte do braço brincando, no balanço, com outras crianças e sorridente.
Uma menina com síndrome de down pegou na mão da freira, a levou até a parede, apontou para a criança com síndrome de down e apontou para ela, como num ato de dizer que a criança era igual a ela e estava maravilhada ao vê-la feliz e brincando.

Todas elas ficaram muito felizes, maravilhadas e encantadas ao verem, no desenho, uma criança igual a elas. Depois delas identificarem um desenho igual a elas, a freira pediu para que se sentassem nas cadeiras, colocou uma folha, em cima da mesa, na frente de cada uma e pediu para que fizessem um desenho:

-Estou muito feliz por vocês terem nos ajudado!! Vocês conseguiram, com apenas um desenho na parede, deixar as crianças felizes e serem eternamente grata por isso!! - disse a freira se aproximando de nós.

-Nós é que seremos gratos, a Deus, por nos essa oportunidade de estar ajudando essa crianças e ficamos muito felizes por vê-las alegres!! - disse o Miguel.

Enquanto estávamos conversando, a menina com síndrome de down veio até mim e me entregou um desenho. A folha estava dobrada ao meio, quando desdobrei vi vários corações, ela me deu um abraço e voltou para o seu lugar.

Logo depois de ficarmos um bom tempo conversando com a freira e com a diretora da instituição, decidimos ir embora, pois era sábado e já estava meio tarde, mas uma menininha órfã, que parecia ter uns cinco anos de idade, veio até nós e ficou puxando a blusa do Miguel, quando nós a olhamos ela perguntou:

-Vocês dois são "namolados"?

Eu fiquei meio sem graça e meio surpresa com a pergunta dela, e tentei responder, porém o Miguel me interrompeu:

-Ainda não, mas vamos ser!

Enquanto ele respondia ela eu olhei pra cara dele e cruzei os braços. E pra minha surpresa ela fez outra pergunta:

-Por que ainda não?

-Porque estou esperando um pouco!

-Ah ta! - ela disse isso e saiu correndo pro seu lugar.
Depois dessa conversa com a menininha, fomos embora.

Ficamos em silêncio durante o caminho, até que então o Miguel resolveu me fazer uma pergunta:

-Por que você está assim?

-Assim como?

-Pensativa! No que pensando? É sobre aquilo que eu disse a aquela menina?

-Mais ou menos! Estou pensando na minha vida! - depois disso voltamos a ficar em silêncio.

Se passaram algum tempo e já tínhamos chegado a minha casa. Antes dele ir embora me perguntou se eu queria ir ao evento que teria na sua igreja hoje, eu pensei um pouco e disse que talvez. Assim que lhe respondi, ele se despediu e foi embora, e eu entrei em casa.

Logo que entrei fui tomar banho e trocar de roupa. Após terminar, percebi que estava sozinha em casa, então fui fazer algo para lanchar, fui ao meu quarto, me sentei na cama e fiquei pensando na minha vida. Eu não sei porque, mas sempre tenho esse costume de ficar sozinha no meu quarto pensando na vida.

Fiquei pensando sobre tudo. Sobre a minha infância, o meu pai, a minha mãe, o que passei com meu ex-namorado, a minha vó, sobre o que aconteceu hoje, etc... Eu "viajei" tanto nos pensamentos que perdi a noção do tempo.

Saí da concentração dos meus pensamentos quando ouvi a Stefanie me chamando:

-Esther, posso te pedir um favor? - disse entrando no quarto e se aproximando da cama.

-Pode! - falei me sentando, dando espaço para ela se sentar próximo de mim.

-Você pode ir comigo ao evento lá na igreja?

-Não sei se eu quero ir!

-Por favor! Vai ser um show de rock! Por favor? - ela fez uma cara muito fofa que eu não consigo negar nada que ela me peça fazendo isso.

-Ah tá bom! Vai ser que horas?

-Daqui a pouco. Então vá tomando banho enquanto eu vou separar a tua roupa, pra você se arrumar mais rápido. - ela disse me levantando da cama e me empurrando pro banheiro.

Depois desse abuso eu até falaria que não ia mais porém, eu não consigo resistir a um show de rock e essa talvez seja a minha chance de ter certeza que Ele existe e de uma mudança de vida, então eu me arrumei rápido para chegar logo lá...

Logo que terminei, eu e a Stefanie nos encontramos com a Lethicia e com o Miguel e fomos todos nós juntos para o evento.

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