Legado de Sangue - Retaliação - Livro 2

Capítulo 5

"Cega, eu caio na linha
Que está esperando apenas para você
Mas eu não sei exatamente o que somos

Eu não tenho um coração telepático Telepático
Olhe dentro do meu cérebro
Você sabe o que eu quero antes de eu lhe dizer
Dá-me as palavras para dizer
Para torna-lo o suficiente...".

           Telepathic – Starset.

—Tio? – perguntou Carter depois do que pareceu um longo tempo.

Ele ainda nos encarava e sua expressão tinha passado por todas as emoções possíveis dado o momento, de curiosa para surpresa, inconformada e agora indecifrável. Era compreensível essa sua reação, ainda mais que junto com os Moore e os Montgomery, os Baker eram a terceira família mais importante da Irmandade. O grande J. Baker, ou também Jeremiah Baker, que eu também carinhosamente podia chamar de vovô, era um peixe grande dentro das piores sujeiras daquela maldita organização. Ele odiava meu pai e deserdou minha mãe depois que eles se casaram, as poucas vezes que tivemos contato foi apenas para eu desejasse nunca mais ter que ver seu rosto novamente. Ele não era o que se podia chamar de pai dedicado e avô carinhoso, muito menos o tipo de homem que podia ser considerado com um coração.

—Meu nome é Kyle Emanuella Baker Moore. – falei.

—Baker como o sobrenome da sua mãe, disso eu sei. – falou. – Mas eu não sabia que era dessa parte da família Baker que ela fazia parte. Não constava nos registros nenhum envolvimento dela com Jeremiah.

—Isso foi porque meu pai a deserdou depois que ela se casou com Augustus e renunciou seu título. – manifestou-se Joseph com a voz neutra. - Como você sabe existem regras e complicações a respeito do casamento de herdeiros principais das três famílias.  Celene se tornou a segunda filha depois que meu irmão morreu e se algo acontecesse comigo ela deveria ser a herdeira e comandar a família quando chegasse a hora, mas ela abdicou desse direito e assumiu o sobrenome Moore e o posto de esposa de um líder. Meu pai ficou furioso e fez tudo que estava ao alcance dele para apagar qualquer ligação dela com a nossa família, porque foi uma mancha no seu bom nome e um ponto a menos em sua chance de assumir a liderança da Irmandade.

—O casamento deu força para a família Moore, - deduziu Carter parecendo perdido em meio a tantas informações. - como uma aliança política, tirando os Baker da competição. E não ajudou o fato de Celene ter ficado grávida pouco depois do casamento. Ela já tinha um herdeiro assegurado.

Joseph lançou um rápido olhar impressionado na direção dele.

—Vejo que é bem informado. – falou meu tio dando um leve aperto em meu ombro. – Então acho que deveria saber também que minha irmã ajudou Augustus a ganhar o posto de líder da Irmandade, um posto que meu pai queria e isso gerou um desavença entre os dois.

—Mas não entre vocês. – supôs Carter.

Era quase como se ele e Joseph estivessem em um jogo, um desafiando o outro a dar um pouco mais de informações, se testando. Era claro que ele sabia quem era Joseph, sem a parte que me envolvia, e era muito obvio que Joseph sabia quem Carter era, e eu esperava muito que não soubesse muito sobre as partes que me envolviam. Tínhamos chegado a um momento crucial em que algumas verdades precisavam ser contadas, mas eu preferia fazer isso sem aquele circo todo e nem a plateia. Carter passava a mão no cabelo incontáveis vezes e evitava contato visual com todos, eu não precisava que ele disse ou olhasse em meus olhos para saber que ele estava chateado com isso, magoado. Tínhamos contado muitas coisas um para o outro naqueles meses, segredos que escondíamos bem, coisas sombrias das nossas famílias. Nos aproximamos muito, mas ainda havia muitas coisas sobre mim que ele não sabia e algumas que talvez nem chegaria a saber.