Capítulo 12

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"Fora das sombras, nós vimos o sol

Agora, as mesas viraram e é a nossa hora de brilhar

Um pouco de paciência, isso vai longe

Nós estivemos dançando, no escuro, sim

Um céu mais claro se esconde por trás de todas as nuvens escuras

Como diamantes, como diamantes brutos...".

Diamonds – Our Last Night

Eu não me lembrava qual tinha sido a última vez que tive que andar por tanto tempo, nem mesmo quando Derek resolvia fazer trilha e nos levava junto. Era como se não importasse quantos quilômetros andássemos, parecia que qualquer sinal de vida se tornava mais distante a cada passo que dávamos. Samira tinha abandonado seus scarpins depois de um deles quebrar o salto e eu também tinha dado adeus as minhas botas, logo depois do salto ficar enroscado na grama pela terceira vez quase me levando ao chão. A floresta definitivamente não era lugar para sapatos como aqueles, mesmo que fosse uma pena ter que deixá-los. Estávamos todos exaustos, famintos, sujos, com uma colônia de bolhas habitando nossos pés e acho que podia falar por todos quando dizia que não aguentava dar mais nenhum passo.

Não pude conter um pequeno suspiro de felicidade quando levantei o olhar e me deparei com o primeiro traço de civilização que víamos desde que tínhamos deixado a cidade, um pequeno posto de gasolina na beira da estrada. A construção em si não era grande coisa e com certeza já tinha visto dias melhores, as luzes piscavam a cada cinco minutos e mesmo que boa parte do local estivesse ocultado pela escuridão, ainda assim conseguia distinguir alguns buracos em seu telhado. O lugar era decadente e sinistro e eu não me surpreenderia se tivesse servido de cenário para um filme de terror. No entanto, eu estava tão cansada e dolorida que não estava mais em condições de me importar com isso no momento.

—Wou. – falou Sam parando ao meu lado com os olhos arregalados. – Esse lugar parece muito o começo de um filme de terror. Consigo até escutar a musiquinha sinistra de suspense antes da costumeira merda épica acontecer.

Eu tive que sorrir de seu comentário.

—Eu sei. – falei fazendo uma careta. – Mas não é como se pudéssemos escolher muito no momento. Porque não sei vocês, mas não aguento mais andar.

—Eu daria tudo até por uma cadeira nesse momento. – resmungou Sam esfregando as mãos em suas pernas, em uma pequena tentativa de conter a dor. – Queria muito que meu celular não tivesse morrido, porque uma hora dessas um dos meninos poderia estar a caminho daqui para nos buscar.

Cinco minutos antes de chegarmos até o terreno asfaltado do posto, o celular de Samira tinha chegado ao seu limite e desligado. O celular de Carter estava tão quebrado que sequer dava para enxergar alguma coisa nele além das opções desligar e reiniciar e como eu já não tinha mais o meu, nossas esperanças de conseguir ligar para alguém nos socorrer eram nulas.

Frustrada, olhei mais uma vez em volta e tudo que se podia ver além do posto de gasolina, um amontoado de caixas perto dos banheiros e escuridão, era uma densa floresta do outro lado da estrada de via dupla. O posto em si já devia estar fechado a muito tempo, mas fiquei feliz em avistar as torneiras de um bebedouro logo ao lado da porta da conveniência.

—Bem, pelo lado positivo, podemos pelo menos descansar um pouco em um lugar iluminado e beber um pouco de água. – falei apontando para o bebedouro. – Podemos ver também se encontramos alguma coisa de útil.

Legado de Sangue - Retaliação - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora