Legado de Sangue - Retaliação - Livro 2

Capítulo 9

"Eles me chamam de ameaça

Dizem que sou amaldiçoada

Mas algo em mim faz eles terem inveja

Então escute e aprenda

Eu os arrebanho como gado

Porque estou rodeada de covardes

E eu não dou a mínima quando entro na batalha

E é por isso que eu tenho todo o poder...".

Wreak Havoc – Skylar Grey. 

    Para o caos ser instalado não é preciso de muito e um grupo de mercenários com semiautomáticas era mais do que o suficiente para agitar qualquer ambiente. Pessoas correram desesperadas tentando chegar até a saída, atropelando umas às outras no processo, algumas apenas se jogaram atrás de qualquer coisa que parecesse sólida o suficiente para protege-los de virar uma peneira e outros seletos indivíduos, que eu já suspeitava serem o pessoal à paisana, já tinham sacado suas armas e agora estavam de pé disputando quem me acertaria primeiro. O aviso de Yuri tinha sido apenas o suficiente para que eu não tivesse minha cabeça explodida e eu era muito grata a ele por isso. O problema agora, tirando o fato de eu estar coberta de cacos de vidro, talvez um pouco de bebida e sem apoio, era que não havia nada entre eu e um grupo de assassinos muito bem armados além de um balcão de bar. E para enfrentar isso tudo que eu tinha como armamento era minha adaga presa em uma perna e uma Glock com munição limitada na outra.

    Eu com certeza já estive em situações semelhantes, talvez até um pouco piores e podia ser louca o suficiente para enfrentar eles sem medo, mas não era suicida para fazer isso sem um plano. Eles estavam em dez, pela contagem rápida que eu tinha conseguido fazer, sete homens e três mulheres, dentre eles o casal que estava espiando Yuri e eu a poucos minutos. O balcão não era muita coisa, mas servia como uma ótima cobertura e graças aos restos de espelho que tinham sobrevivido aos tiros, eu podia ver tudo o que eles estavam fazendo e onde estavam sem que eles me vissem.

—Sabe, Srta.Moore, para alguém que parece ser tão escorregadia, não foi nenhum desafio encontrar você. – falou a voz trovejante de um homem que pelo espelho pude ver que carregava um M16. – Acho que as histórias que contaram sobre você estão um pouco equivocadas.

    Eles tinham cessado fogo, mas eu sabia que era apenas questão de tempo para eles irem até onde eu estava. Eu tinha que pensar em alguma coisa e rápido. Guardei o pen drive de Yuri dentro da bota, garantindo que estava em um lugar que eu não perderia, puxei a folha com o registro de ligações que estava amassado e caído a poucos centímetros de mim e o guardei de qualquer jeito no bolso da calça, me colocando rapidamente em pensar em uma estratégia. Eu não tinha ideia de onde Samira estava, muito menos Carter e Joseph, já fazia mais de uma hora que eu não os via, mas duvidava que estivessem muito longe, ainda mais depois de todo o barulho que aquele pessoal tinha feito. Eu precisava encontra-los, mas tinha dez problemas para resolver antes disso.

—Não pode acreditar em tudo que ouve. – falei. – Mas também não se pode ignorar. Se eu fosse você não me subestimaria.

—Pra mim você não passa de uma garotinha mimada dando dor de cabeça e que não sabe qual é o seu lugar. – rosnou.

    Pensa, pensa, pensa. Olhei a minha volta, no pequeno espaço entre o balcão e a parede e avaliei o que me poderia ser útil. Havia cardápios, porta-copos, abridores de garrafa, muitos guardanapos, alguns copos e para minha grande surpresa, escondida atrás de alguns baldes pra colocar gelo, havia uma shotguns calibre 12. Era semiautomática e estava carregada. Nunca fiquei tão feliz na minha vida por Joseph ser paranoico com a segurança. Aqui podia até ser um Pub elegante e com segurança de alta qualidade, mas isso não evitava a necessidade de se estar sempre preparado para um ataque, como nesse momento. Até o barman precisava ter uma arma ao alcance das mãos caso as coisas esquentassem. Não pude conter um sorriso recostando minha cabeça no balcão. Aquilo era muita sorte, um presente do próprio cosmos, como diria Samira, ou apenas o fato de ter um tio muito paranoico que mantinha os funcionários armados.