Legado de Sangue - Retaliação - Livro 2

Conto: Uma noite de Lembranças Part. II

Continuação...

Eu sentia falta disso, da grama fria entre meus dedos, do silêncio e dos sons tranquilizantes que apenas a natureza pode proporcionar. Carter me seguia tranquilamente e em silêncio, as mãos nos bolsos enquanto olhava para o jardim a nossa volta com admiração. Eu não podia culpa-lo, o lugar era lindo.

—Eu costumava vir bastante aqui quando era criança. – falei depois de um tempo. - Eu, Derek, Morgan e meu irmão crescemos brincando de esconde-esconde e pega-pega por aqui, sumíamos por horas e deixávamos nossos pais loucos.

—Vocês devem ter sido crianças terríveis. – falou sorrindo.

—Erámos quatro crianças criadas na agitação dos nossos pais e com paixão por aventura. E eu era a mais corajosa do grupo, porque me aventurava em qualquer lugar, o que deixava meu irmão e Derek loucos enquanto Morgan me seguia como se nenhuma ideia fosse insana. – ri com uma lembrança. – Teve uma vez que eu briguei com meu irmão, eu nem lembro mais por qual motivo foi, mas era uma coisa bem besta, então eu me revoltei e falei que queria fugir. Eu estava passando uns dias aqui porque meus pais estavam viajando, então peguei minha bolsa, guardei meu ursinho favorito e uma câmera velha que eu tinha ganhado do meu pai, peguei um cobertor e um pouco de comida no armário e vim aqui para o jardim. Encontrei Morgan me esperando ali na entrada, ele estava com uma mochila com desenho de carro nas costas e abraçado com a coberta favorita dele com o desenho do Homem-Aranha, devíamos ter uns seis, sete anos. – Carter sorriu e a lembrança me dominou. – Ele disse que não me deixaria fugir sozinha, então iria comigo. Conhecíamos como ninguém esse labirinto, então fomos, duas crianças bobas e ingênuas.

"Chegamos até o final do labirinto cansados e nos escondemos na casa da árvore que Vagner e Christian, dois seguranças, tinham nos ajudado a construir. Passamos a noite lá, brincando, comendo o que tínhamos nas nossas mochilas e rindo como só como crianças podem. No outro dia de manhã acordamos com Derek e meu irmão subindo as escadas, sujos e descabelados. Meu irmão estava quase chorando quando me encontrou e Derek começou a bater no Morgan com o meu ursinho. – limpei uma lágrima de riso e vi que Carter tremia com sua própria risada. – Eles tinham procurado por nós a noite toda. Meu irmão estava se sentindo culpado e então saiu escondido junto com Derek para nos procurar. |Depois de brigarmos de novo, eu dar um chute na canela do meu irmão e puxar o cabelo de Derek, e sim, eu era uma criança muito rebelde, – falei fazendo Carter gargalhar. – nós começamos a rir como loucos. Éramos todos muito unidos, mas Morgan e eu éramos como unha e carne. Então não foi difícil para eles saberem onde estávamos, já que ali era o lugar favorito de Morgan e acabou se tornando o meu também."

Os sons de nossas risadas preencheram a noite.

—Eu daria tudo para ver essa cena. – falou se controlando.

—Eu era uma graça com pijama de florzinha e abraçada com um leãozinho de pelúcia.

—Não tenho dúvidas. – ele parou de sorrir e tocou em uma das flores da parede do labirinto. – Você e ele era muito próximos, não é?

—Éramos quase uma entidade só, como dizia minha mãe. – falei pegando um pequeno galho aos meus pés e o girando entre meus dedos. – Erámos o estereótipo dos melhores amigos. Contávamos absolutamente tudo um para o outro, não havia segredos. Eu olhava para ele e não era preciso que eu dissesse nada para que ele entendesse, era como se lêssemos a mente um do outro. Tínhamos uma linguagem só nossa. Eu era a única que realmente o entendia e ele o único que não tinha medo de me seguir para qualquer lugar que fosse ou me apoiar em qualquer ideia louca. Quando éramos crianças chegávamos a ficar doentes se passávamos muito tempo um sem um ao outro. – suspirei. – Ele era a melhor influencia para mim, nunca tive que me esconder com ele ou ficar com medo de ser julgada. E ele sem fazer força nenhuma também libertava a minha parte mais descontraída.