Capítulo 11

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"E está tudo bem se você quebrar e romper

Estarei aqui se precisar que eu te lembre

Você não é o primeiro e não é o último

Só fica pior se você estiver vivendo no passado

Abra seus olhos e você verá

Porque eu ainda acredito

As vezes você tem que perder tudo

Para descobrir que esteve correndo às cegas

Tem que ficar de cabeça erguida quando o mundo não deixar

Às vezes você tem que deixar tudo

Para descobrir o que não quer deixar para traz..."

Won't Let Up - Papa Roach

Ao longo da minha vida já passei por várias experiências de quase morte, mas nunca fui uma pessoa que tem medo de morrer. Desde que eu era apenas uma criança nunca tive medo de me aventurar em nada, não temia ir em frente com uma missão quando algo precisava ser feito não importando o quão arriscado fosse. Simplesmente nunca tinha feito diferença para mim, sendo tachada de imprudente ou corajosa, eu apenas fazia. Porém, no pequeno intervalo entre a colisão dos carros e meu salto para a floresta desconhecida, alguma coisa dentro de mim tinha mudado.

Quando eu estava prestes a pular e meu cinto emperrou, por alguns instantes foi como se tudo estivesse em câmera lenta, pude visualizar meu plano dando completamente errado, senti a adrenalina correr mais forte nas minhas veias e enquanto o carro se aproximava em uma velocidade assustadora do outro, tudo que eu conseguia pensar era que não queria morrer. Eu queria viver. E mesmo que eu tivesse passado metade da minha vida pensando que não fazia mais diferença estar viva ou morta, naquele instante, fiquei próxima o suficiente da morte para perceber que ainda não estava pronta para deixar esse mundo. Eu ainda tinha muito a fazer e muitas pessoas dependiam de mim, muitas pessoas eram importantes demais para que eu as deixasse. E talvez tenha sido por isso que consegui saltar do carro no momento exato, que tive forças para correr as cegas e desorientada por uma floresta que eu não conhecia e porque agora dava um fim no último da dupla de idiotas que tinham sido espertos o suficiente para notar meu plano e fugirem da explosão.

Essa noite estava sendo um aglomerado de acontecimentos fora dos planos.

Me afastei do corpo sem vida que estava aos meus pés e cambaleei por entre as árvores até me recostar em uma sentindo minhas pernas trêmulas. Minha cabeça estava doendo, na verdade, enquanto a adrenalina ia baixando, eu podia sentir dor por todo o meu corpo, principalmente meu pulso devido a minha aterrissagem nada convencional na margem da floresta. Meus ouvidos ainda zuniam por causa da explosão, mas eu não estava mais zonza, e mesmo que agora eu estivesse distante de onde ela tinha ocorrido, eu ainda podia sentir o cheiro como se estivesse grudado na minha pele. Um odor forte de combustível, fumaça e carne queimada. Aquilo não era algo que eu esqueceria tão facilmente, o cheiro, o fogo, os gritos agoniados dos homens presos em seus carros... Fechei meus olhos com força para tentar me livrar daquela cena. Era perturbadora até mesmo para mim. Era um dos extremos que eu mais detestava ter que chegar.

Legado de Sangue - Retaliação - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora