-Nay-Gritou ele enquanto me abraçava forte e dava risadas de nervoso. Me soltou e ficou me encarando um pouco, em seguida questionou:-Você está bem? Se machucou? Fizeram algo com você? Olha se fizeram algo eu juro que irei...eu... - Parecia que seu interrogatório jamais teria algum fim. Porém, antes de mais nada, foi interrompido por Nick e Rex que corriam para fora da mata e vinham em nossa direção. Nos abraçamos e Rex sorrindo me interrogou:
-Uou, como você se livrou deles? Nossa... - Percebi que mesmo despistando-os não significava que tinha me livrado deles, afinal, a única saída se encontrava onde estávamos, sendo assim, em algum momento nos encontraríamos.
-Caramba! ...estou... vendo uma luz! ... acho que ... é a saída.- Disse alguém com a voz abafada, mas... esta soava cansada e ofegante. Os quatro irmãos surgiram. Não demorou nada para que estes me notassem.
"Mas que merda! Por quê? Droga!"
O rapaz de boné olhava para mim com ódio, parecia muito cansado e exausto
-Já chega! Estou com fome! -Nesse momento a curta distância que nos separava diminuiu ainda mais. Ele me puxou pelo pulso, colocando -me em seguida de costas contra seu peito. E em seguida encostando suas garras afiadas em contato com meu pescoço.
Qualquer coisa e eu morreria bem ali.
-Por favor, eu imploro, você não sabe o que... -Fui interrompida pois ele havia chiado para mim. Suas íris dilataram e sua pupila triangular diminuiu de tamanho umas três vezes e se tornou circular. Suas presas brancas e gigantes pareciam navalhas de marfim.
-Cale sua boca! - Ordenou entredentes- Sou mais forte que você, mais esperto e posso fazer o que eu bem entender. Porque eu sou forte e você é fraca, sou esperto e você é uma idiota! Eu sempre serei melhor que você e isso nunca mudará. Agora, seja um bom antílope e haja como o delicioso petisco que você é. - Fiquei com ódio, mas eu não queria fazer nada, não pelo fato de ter garras em cima do meu pescoço, mas por razões muito piores que corroem o meu ser. Eu tentava desesperadamente manter minha calma e sanidade intactas, eu estava indo bem, até que... Ele, me mordeu, mordeu minha orelha de forma que me provocando e depois sussurrou:
-Hum, você não gosta disso, não é? -Depois riu de mim-Poxa, que pena. Diga adeus, gracinha- Ele direcionou suas presas para meu pescoço e usou suas mãos para me prender, puxando-me para mais perto de si.
De repente, tudo ficou preto, inaudível,sem cheiro, sem tato, era um completo vazio.
As coisas clareiam lentamente, consigo ver, ouvir e sentir o mundo a meu redor aos poucos. Sinto então uma dor de cabeça.
Quando olho para os rapazes: vejo que meus amigos estão rindo, mas, os outros estão boquiabertos, e no momento em que procuro meu agressor, ele está deitado em posição fetal, urrando de dor. Levo minhas mãos a boca, não crendo no que fiz, eu não fiz de forma consciente, tentei avisa-lo, sua arrogância o levou a isso.
-É bom que ele não queira ser pai... porque não vai mais ser possível. - Ouvi Rex dizer com os outros. Os irmãos correram para seu amigo abatido. Não queria isso, mas infelizmente, foi impossível fazer algo.
-Você! Não vou deixar que fique impune disso!-Gritou o garoto com o olhar gélido e sem brilho. O irônico era que estavam morrendo de cansaço, mas isso não impedia eles de me perseguirem. Minha casa não estava longe. Corremos até ela. Entramos e bloqueamos todas as entradas e saídas. Estávamos simplesmente esperando que fossem embora, mas eles estavam quase arrombando minha porta.
···
Alguns minutos se passaram, e finalmente não havia mais nada na porta, não havia mais sons. Tento olhar pela fechadura e vejo que saíram de perto da casa. Desfaço algumas das "medidas de segurança" na porta e a destranco, para ver se realmente tinham ido embora, boto minha cabeça para fora e olho para a direita. Realmente aquelas coisas foram embora. Estavam caminhado lado a lado conversando. Tinha que esperar que fossem embora, então tive que acompanhar cada passo deles, no entanto não pude deixar de ouvir a conversa ... que por alguma razão me deu pena.
- Eu sabia... sabia que você liderando iria dar em mais um fracasso! - Disse o rapaz com os "olhos de gelo", de forma emburrada como sempre...
-Ah, calma Rock, a Culpa não foi do Dean, dá um desconto, ele se machucou feio. Você sabe que um chute daquela coisa dói como ser atingido por chumbo! -Disse um garoto com uma camiseta preta, (aparentando ser de uma banda de rock) que estava punindo pelo irmão.
-Urg! É, apanhou de uma pirralha! Que ainda por cima iria ser o nosso café! -Suspirou, tentando manter a calma, já que, percebeu que talvez estivesse exagerando um pouco, concluiu a frase. - Bem. Mais uma vez vamos passar fome... Quem sabe na próxima... -Falou em um tom triste. E então eles sumiram matagal adentro.
Fiquei um tanto comovida, mas ao mesmo tempo indecisa: Não queria morrer, mas não queria ver pessoas sofrendo... só que eu não tinha como ajudar...E essa foi a primeira e última vez que vi os irmãos.
Dei o sinal de que não havia mais ninguém. E de novo íamos passear. Eu até ficaria super animada, mas uma coisa me incomodava nisso tudo; eu tinha sido perseguida, humilhada, tinham quase arrombado a porta da minha casa. Para piorar tudo de uma vez, eu não tinha tomado café direito porque eu deixei minha maçã cair, enquanto corria. Minhas roupas também eram outro problema: estavam sujas e tinham sido arranhadas pelos espinhos e alguns galhos de arvore, sendo assim, haviam buracos nelas também.
Os meninos não tinham nenhum arranhão (ou isso ou eu estava em um estado tão ruim, que talvez nem tivesse notado eles). Ao olhar para eles e ver que estavam bem, fiquei aliviada. Subi as escadas e decidi trocar de roupa. Tomei um banho e troquei de roupa, escolhi um suéter rosa, que era um presente de minha tia que eu não via há tempos, mais uma saia e umas botas pretas. Desci as escadas e já estava apressada e decidida em abrir aquela porta para sumir dali.
-Ei. Nay, para onde você tá indo? -Questionou Nick em um tom preocupado, como quem diz: "Sério? Já vai sair?" Não tive escolha se não dizer o obvio.
-Tomar café. -Olhei para ele e sorri.- Então? Vamos gente?- Perguntei à eles, assentiram todos com a cabeça, Nick também, mesmo que relutantemente. Fomos tomar café em um local perto da cidade. Eu disse que queria um suco e um pão com geleia (ou melhor muitos pães, eu estava faminta).
···
Eu estava voltando para casa, tomando outro suco, porém ao invés de voltar sozinha os rapazes decidiram me acompanhar. Estavam todos conversando entre si, dessa vez a conversa era sobre vídeo-games.
Quem havia iniciado o assunto fora Rex. Apesar de eu e ele implicarmos muito um com o outro, ele era o único que me tratava igual a todo mundo, não era como Nick que agia como se fosse meu pai, ou Drean que pensava em mim como uma irmã mais velha, um exemplo. Não ele não esperava muito de mim, era apenas meu amigo. Sem contar que possuíamos os mesmos gostos. Decidi entrar no assunto, porque além de ser um jogo que eu gostava bastante, era algo que eu realmente queria participar.
Eu estava prestando atenção na conversa no caminho de casa, até que eu fiquei cada vez mais enfeitiçada pelo assunto, eu não sei a razão... mas por algum motivo, eu me virei para eles enquanto andava.
- Nay, cuidado! - Nick estava tentando falar para mim, mas eu não ouvi a tempo. Quando eu me virei de novo, "SPLASH". Um garoto de capuz que estava mexendo no celular, trombou em mim, fazendo com que o suco que eu estava bebendo, virasse na direção do meu suéter, molhando a minha roupa inteira, com aquele liquido grudento de fruta e aquele cheiro forte e enjoativo.
Parecia ser um delinquente, tinha a pele escura e pelos cabelos que passavam um pouco dos ombros, pude ver luzes (naturais) de preto para loiro. Ele tirou o capuz, fiquei um tanto surpresa quando vi sua face.
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A Filha Do Caçador
Mystery / ThrillerNay é uma garota com uma vida aparentemente comum, mas ela tem um segredo... Obs: Este livro contem linguagem imprópria e diversos tipos de violência. Você foi avisado.