São apenas coincidências, não é?

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Deny, estava na minha casa, sentado enquanto eu estava botando o chá. Ele estava um pouco quieto. Estava muito silencioso, eu tinha que pensar em algo.

-Então. Você, de onde exatamente você é? -Perguntei tentado puxar assunto, enquanto ele bebia seu chá. Quando fiz a pergunta, ele se engasgou. Acho que ele não esperava que eu fosse dizer alguma coisa.

-Eu, moro longe daqui. Na verdade...eu...agora, eu moro sozinho. Faz um bom tempo que não vejo minha casa.

-Quanto tempo? -Pergunto, querendo saber mais sobre ele. Parecia que nos conhecíamos há muito tempo. Ele era extremamente sociável, sendo assim eu tinha que aproveitar a oportunidade.

-Dois anos... Eu me mudei com 13. Agora eu tenho 15. - Diz ele, dando um sorriso e dando em seguida, uma risada adorável.

-Nossa, você é um ano mais velho que eu... quem diria, hum? - Digo surpresa. Ele parecia ser um pouco mais velho, achei que tivesse 16.

-Sim.

Deny e eu tivemos uma boa conversa. No final das contas, ele me disse o que fazer quanto ao suéter e ainda me pagou um suco, mesmo eu dizendo que não precisava. Ele era uma pessoa legal. Mas me disse que não tinha amigos; fazia sentido, já que, se você mora sozinho, não tem vizinhos e quando se é tímido como ele as coisas não ficam muito boas para você.

···

Deny já tinha ido embora, fazia bastante tempo. Ele morava perto,  não me disse exatamente onde, mas disse que era perto. Ele não gostava muito de conversar abertamente sobre si próprio. Era de se entender, já que não fazia tanto tempo assim desde que nos conhecemos.

Eu estava entediada e queria fazer alguma coisa, tive então uma ideia. Eu iria sair um pouco, desta vez seria só um passeio e nada iria dar errado. Botei um tênis e vesti uma calça jeans, com uma blusinha preta. Andava enquanto aproveitava o tempo. O cheiro do vento era algo maravilhoso.

De repente vejo uma pessoa, alguém bem alto, com cabelos claros e bem longos, estes passavam bastante de seus ombros, e estava usando uma camiseta escura. Estava segurando muitos livros, olhando para ela só conseguia me vir um sentimento à cabeça ...solidão.

Olhando mais claramente, pude ver que sua silhueta era "reta" demais para ser de uma mulher.

Ele deixou um livro cair, mas este não havia percebido e continuava andando até seu destino. Peguei o livro com o título "A última folha dourada" na capa e corri em sua direção.

-Ei! Espere, você, deixou...- Estava perto dele, mas agora, ele não só parecia alto; ele era na verdade o dobro do meu tamanho. Ouvindo minha voz, ele se vira, pude ver bem sua face, ela era assustadora. Sua pele era branca como, uma folha de papel, seus cabelos, eram de um tom ruivo acobreado, e o pior de tudo, eram seus olhos. Eram escuros, e gélidos, não havia nenhum brilho neles, quanto mais eu olhava, mais assustada e paralisada eu ficava. Esses poucos segundos que eu estava olhando para aquele cara, eu já tinha congelado de medo.

" Meu Deus...é ...um...um leão, gigante! O que eu faço agora?!"

Pensei, assustada, isso era muito mal ...ou eu saia correndo agora, ou eu estaria lascada.

-Eh, você me chamou? O que você queria mesmo? -Interrogou-me, de uma forma muito calma, e gentil...?

-Bem. Você...deixou isso cair. Eu peguei, aqui está. -Disse enquanto entregava-lhe o livro. Ele fez uma cara de surpresa. Se não fosse por mim, ele nem teria notado que o livro caíra. Ele o pegou e me agradeceu, parecia aliviado, aquele livro aparentava ser muito importante para ele.

A Filha Do CaçadorOnde histórias criam vida. Descubra agora