O conto de 49 e o leopardo das neves

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No quarto escuro, prevaleciam alguns poucos raios de sol encobertos por nuvens acinzentadas, raios que passavam por vidraças quase cristalinas da janela. Durante o clima frio e cortante do inverno, o habitante da casa recusava-se a levantar.

Aquele clima...Era ao mesmo tempo que desesperador, reconfortante. Era triste e aconchegante. Estava cheio de tragédias e dificuldades, porém o dava nostalgia. Não conseguia parar de pensar em sua mãe, e em sua irmã.

Como será que estavam? Pensavam nele? Estavam bem?.. De qualquer forma.... Aquilo não importava, afinal, segundo as regras, isso não poderia ser mudado.

Havia mais coisas com as quais ele deveria se preocupar além de mimos de criança. Até porque, já estava em seus 18 anos. Não era mais bebê! Não! Era um homem já feito.

Sua vida era tão perfeita e organizada, sem contar que o indivíduo possuidor desta, era tão bem sucedido, que em apenas um ano longe de casa, já havia conseguido um território, e uma reputação invejável.

Os homens o invejavam. As mulheres o queriam. Haviam dezenas delas praticamente batendo em sua porta para que escolhesse uma pretendente (contratante). Ele até o faria, mas tinha um problema, ou melhor uma pequena casualidade nisso tudo...

Uma com a qual nem valeria a pena explicar, ou evitar... pois o maldito sempre estaria/vai estar lá.

Ele se levanta, e com muita relutância, começa a prosseguir para sua angustiante e cansativa rotina. Veste suas quentes e maravilhosas roupas de inverno para se proteger do frio, o que não fazia muito sentido, já que ele havia nascido naquele clima, e nas montanhas, onde é claramente mais frio.... É claro que não haveria nenhum motivo aparente para ele usa-las, tirando o fato de que, simplesmente gostava delas.

Abre a porta e dá início à procura da sua primeira refeição do dia. O piso macio e ao mesmo tempo "fundo", parecia não ter mais fim. Aquele cenário congelado pintava os céus, o chão e até mesmo as montanhas e as árvores. Naquele mês de janeiro de 101.990.

Foi em direção a uma região mais elevada na floresta. Não era uma montanha, nem um morro, era apenas uma "elevação", segundo ele claro.

Ali existiam árvores, cujas folhas estavam cobertas de cristais brancos. Dentro daquela belíssima paz, e paisagem que aquele clima maravilhoso lhe proporcionavam sentiu um cheiro atraente, agradável e familiar. O cheiro de comida.

Parou bem no meio da neve quando avistou uma coisa maravilhosa. Uma jovem cabra de no máximo 20 anos de idade. Ela possuía belíssimos cabelos brancos, uma pele rosada e olhos castanho--escuros. E o melhor, estava perdida e distraída, no meio de um inverno cortante.

Ele tentou se aproximar devagar, de sua saborosa presa. Ela não notava nada. Enquanto ele se aproximava ela parecia aérea, completamente confusa e preocupada. Provavelmente pensando: "Caso eu fique aqui, irei morrer..."

Mal, sabia que a possibilidade estava perto de se tornar real.

Se aproximou devagar, estava a poucos centímetros dela. Preparado para matar. No momento em que ia pular, ela se vira olhando-o cara à cara. Uma atitude que aconteceu muito tarde...

Ele pula em cima dela, imobilizando-a com seu peso, e "travando" seus pulsos no chão com suas fortes mãos. Ele procura uma abertura para que possa dar o golpe de misericórdia em sua traqueia, enquanto ela chora e se debate. Ela chuta e grita, porém graças aos céus (para ele claro) ninguém parece ouvir.

A Filha Do CaçadorOnde histórias criam vida. Descubra agora