Capítulo 5 - Bryan

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  No dia em que Daph se mudou para essa rua, eu estava jogando vídeo game na sala, mas parei ao ouvir barulho na casa ao lado, que já estava a venda à um bom tempo. 

  Achei estranho, então fui lá dar uma conferida, até porque, olhar não custa nada.

  Ao chegar no pequeno portão de madeira que tem em frente a minha casa, consegui ver uma garota de mais ou menos 15 anos, com cabelos escuros e longos levemente ondulados, que se destacavam com sua pele clara; olhos cinza claro de tirar o fôlego; magra, mas com curvas marcadas pela calça jeans e regata cinza que usava; não muito alta. A sua mão esquerda estava enlaçada à de uma garotinha de uns 6 anos, com o cabelo bem cacheado e de um loiro que com a luz do sol refletida nas mechas, parecia ser ouro puro.

  As duas estavam apenas com uma mala grande – carregada pela adolescente - e uma mochila rosa nas costas da menininha. Elas pararam quando chegaram nos degraus que davam para a porta da pequena casa velha. Não entendi muito bem o que estavam fazendo ali, então perguntei num tom, um tanto alto, sem saber que as duas não tinham percebido a minha presença ali ainda, o que as fez darem um pulo para trás.

  - Ei, quem são vocês? Por que estão ai paradas?

  - Eu que pergunto, quem é você garoto? – retruca a morena.

  - Eu moro aqui, ou seja, sou um belo adolescente que mora nesta humilde residência, agora por obséquio, poderia me responder?

  A mais velha me olha calada por alguns segundos e então desata a falar:

  - Sou Daphne e está é a minha irmã, Emma. Fale oi para o nosso vizinho, meu amor. – pede com um tom carinhoso a garota, olhando para sua irmã que estava um pouco assustada.

  - Oi, moço – disse a pequena em um sussurro.

  - Oi loirinha, está tudo bem? 

  Emma não me responde, em vez disso, olha para a irmã, levantando a cabeça, fazendo com que os cachos brilhantes se balançassem feito uma cascata.

  - Nós duas estamos nos mudando para esta casa – responde Daphne de forma seca.

  - Mas estão se mudando sozinhas para cá? Você não é menor de idade? – faço outra pergunta ainda mais curioso do que antes.

  - Olha, eu não te devo satisfações. Vem Emma, vamos entrar. – diz puxando a irmã para dentro da casa.

  Depois de alguns dias de sua chegada, percebi que a movimentação da casa era mínima, então resolvi tentar conversar com Daphne.

  Bati em sua porta umas 5 vezes; chamei, ficando talvez uns 7 minutos ali, parado em frente a porta na pequena varanda, até que uma mulher loira, alta, muito magra, de olhos azuis e olheiras profundas, resolveu me "receber".

  - O que é garoto? – perguntou ela, com um copo de vidro ocupado até a metade por um líquido de cor âmbar.

  - Eu queria falar com a Daphne, ela está?

  - A Daphne não... – ela não conseguiu terminar a frase, pois a morena à interrompeu, descendo as escadas.

  - Mãe, por favor, vai tomar um banho. Emma está ardendo em febre, ela precisa de alguém e eu tenho que ir comprar os remédios dela – diz suplicante a garota magra que havia conhecido dias atrás.

  - Se vira – me arrepiei com a frieza na voz da mais velha. - Eu só vou lá em cima pegar um dinheiro e  sair. Melhor não me esperar acordada – fala a mulher loira de fala arrastada, se virando e subindo a escada de madeira que havia entre a sala e a pequena cozinha.

  Fiquei boquiaberto com o jeito que a mulher, provavelmente a mãe das duas meninas que eu havia conhecido, tinha falado.

  - Daphne, eu queria... – tentei começar a falar, mas fui cortado.

  - Assim, preciso subir e cuidar da minha irmã que está muito doente. Não tenho tempo para bater papo agora – disse ela começando a fechar a porta.

  A impeço.

  - Não pude deixar de ouvir. Você também precisa comprar alguns remédios para a loirinha - Ela não parece entender a quem estou me referindo. - Quero dizer, sua irmã. Se quiser, eu posso ir. Não tenho nada para fazer mesmo – digo, tentando soar indiferente.

  - Não precisa, eu consigo me virar. Mesmo assim, obrigada.

  - Para de ser orgulhosa. A sua irmã precisa de você, assim como precisa dos remédios. Me diga os nomes que vou agora mesmo comprar.

  Daphne ficou alguns segundos me encarando sem reação, até que desistiu de manter a pose de durona e resolveu aceitar a minha ajuda.

  - Ok... Já volto. Vou ir pegar os nomes – falou, virando-se.

  Fiquei esperando na porta durante uns dois minutos, até que ela voltou com um pedaço de papel em uma mão e na outra uma pequena quantidade de dinheiro.

  - Aqui está os nomes e o dinheiro, se não for o suficiente, traga só o que der. Depois dou um jeito de conseguir o resto dos remédios. E muito obrigada, você está me ajudando mesmo depois de tudo o que eu te disse... – assinto, sem falar nada e pegando a folha juntamente com o dinheiro de suas mãos estendidas.

  Quando comecei a andar até a farmácia mais próxima, ela me chamou:

   – Ei, calma ai, eu nem sei o seu nome.

  - Meu nome é Bryan. Bryan Russell ao seu dispor, madame. – respondo, fazendo posição de soldado.

  - Já gostei de você Bryan. 

  Quando voltei com todos os remédios prescritos, Daphne achou estranho eu lhe entregar a sacola com os mesmos e outra com dois lanches e sucos, além de todo o dinheiro que havia me dado. Paguei tudo com o que tinha no bolso da bermuda, o que foi o suficiente para comprar os remédios e a comida para as duas.

  Expliquei para ela que não era nada de mais aquilo e que iria ficar na sua casa, se ela quisesse é claro, para ajudá-la com Emma.

  Daphne ficou tão grata que começou a chorar, ali mesmo. Estranhei, até porque para mim, ela era uma pessoa que não "desmoronava" na frente de qualquer pessoa. Hoje eu tenho certeza disso, então saber que ela confiou em mim, uma pessoa que havia acabado de conhecer, me deixa sempre muito feliz.

  Passamos o resto daquela tarde conversando e cuidando de Emma, e foi neste dia que conheci realmente a minha melhor amiga.

                                                                                       *****.*****

  Hello Guys!

  Como eu havia dito no capítulo onde Dylan conta sobre sua paixão repentina por Daphne, este é a lembrança de Bryan do dia que conheceu a nossa protagonista.

  Espero que tenham gostado, votem e comentem, para que eu saiba o que estão achando da história.

  Beijos e até a próxima.

(Música: The Night We Met – Lord Huron)

Dúvida Cruel - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora