Capítulo 22

76 9 0
                                    

A quinta-feira passou tranquila e monótona como qualquer outra a não ser pela breve visita que consegui fazer a Emma depois do trabalho. E claro, pela carona de manhã para a escola que Bryan me deu.

  Dylan me viu descendo do carro do moreno e pareceu não ficar muito feliz com aquilo e, isso fez com que nós dois não conversássemos durante o resto do dia.

Acordo sexta sendo tomada pela tristeza assim que abro os olhos e lembro que hoje faz dois anos que meu pai, Aidan, morreu e, consequentemente, que faço 17 anos.

É estranho a felicidade não me invadir mais ao lembrar que completo ano hoje, mas é natural depois que o seu pai morre no mesmo dia do seu aniversário.

  Sinto tanta falta.

  Ele daria um jeito em Francesca, mas não de forma bruta e sim com carinho e com um jeito conquistador.

  É, ele faria isso.

Na verdade não seria preciso dar jeito em nada caso estivesse vivo, já que, assim, Francesca não teria motivos para ficar se drogando e se embebedando pelos bares de Manhattan e sabe-se lá fazendo o que.

  Tudo é minha culpa e eu sei disso.

  Carrego isso todos os dias da minha vida.

  Emma está crescendo sem a mãe e o pai por causa de mim e isso me machuca internamente de forma avassaladora.

Fico um pouco mais na cama e, como nos últimos dois anos, eu choro calada, sem emitir qualquer som, apenas deixo a lágrima morna descer pelas minhas bochechas com o meu consentimento.

  Sei que é errado, mas por um segundo, fico feliz que minha irmã não esteja em casa para me ver assim. Ela é muito amorosa e atenciosa comigo, ao ponto de que se eu estiver mal, ela fica mal e faz de tudo para me ver feliz de novo, só que no momento, o que eu preciso é chorar por todo esse tempo sem a presença do meu herói.

Escuto alguém bater na porta, o que estranho, mas desço do jeito que estou e passo apenas a mão pelo rosto tentando aliviar a situação do meu rosto vermelho. Quem quer que esteja na porta terá que me ver nesse estado arrasador.

  Desço as escadas ainda com a camiseta larga e rasgada em algumas partes que uso de pijama. Meu cabelo provavelmente está um ninho de gafanhotos, só que a vontade e preocupação para arrumá-lo passam longe de mim.

Abro a porta e me deparo com Bryan e seu sorriso amplo por todo o rosto marcante que possui.

- Feliz aniversário Menina Bonita! 17 anos de vida! – exclama alegremente e o vejo tirar de trás das costas cinco balões das mesmas cores que o meu cabelo.

  É impossível não rir com esse menino.

Ele parece reparar na minha feição de tristeza, porque logo seu sorriso e brilho nos olhos desaparecem.

- Ei, não chora. Sei que hoje não é um dia muito feliz para você, mesmo sendo seu aniversário, mas... – ele percebe que meus olhos começam a ficar inundados em água. - Venha cá.

Assim que ele abre os braços, não soltando da mão direita os fios que estão presos aos balões, eu me jogo em seu abraço que se torna o lugar mais confortável que existe no mundo naquele momento. Ali eu abro o berreiro sem vergonha ou restrição de mim mesma.

Com a outra mão desocupada, Bryan acaricia meus cabelos e costas de forma carinhosa e paternal e aquilo me acalma.

- Está melhor? – pergunta depois que já molhei sua camiseta cinza inteira.

Dúvida Cruel - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora