Capítulo 37

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  No final das contas, as últimas duas semanas de agosto passaram correndo, assim como o mês de setembro.

Estávamos entrando em outubro, e com isso o aniversário de Emma estava chegando, sendo no próximo domingo.

   A semana, tanto para mim quanto para Dylan, estava sendo corrida.

   Eu me intercalando entre o trabalho, escola e os treinos incessantes do ballet, e ele ocupado, assim como eu, com a escola, treinos do futebol para o próximo jogo, que, coincidentemente cairá no sábado da semana da minha apresentação, e fazendo algo que estou tentando descobrir desde agosto.

  Posso dizer que não estou tendo muito sucesso com isso.

   Antes, ele sempre estava desocupado depois da escola nas terças e quintas-feiras da semana, buscando Emma comigo e me levando para o trabalho, deixando minha irmã brincar com Carolyn, em sua casa até a hora do fim do meu expediente e, podendo assim, me buscar em seu carro com as nossas irmãs no banco de trás, mas agora anda sempre ocupado ou com compromisso marcado.

   Toda vez que pergunto, Dylan foge do assunto e diz que está atrasado, me deixando no trabalho e saindo em alta velocidade para longe dali, ficando a noite toda fora, fazendo com que eu precise ir buscar minha irmã em sua casa.

   Tento não desconfiar e me focar ainda mais nos ensaios, que devo admitir, estão me cansando mais do que o normal, mas Aud sempre diz que para chegarmos em algum lugar e sermos bom naquilo que gostamos, precisamos nos esforçar e dar o nosso máximo e, se possível, um pouco mais.

   Como pretendo comemorar o aniversário de Emma fazendo uma pequena e simples festa – até porque é o que conseguimos com a nossa condição financeira atual -, tenho aproveitado as noites, depois do trabalho, dos dias que Dylan não fica comigo, para organizar tudo para domingo.

   Agora estamos saindo todos de suas respectivas aulas para, podermos ir enfim, para casa – eu, mais precisamente, para o trabalho – quando encontro Dylan saindo pela porta da sala que fica duas salas de distância da minha.

   - Como foi a aula? – pergunto assim que ele entrelaça nossas mãos e deposita um beijo na minha testa, como sempre depois do último sinal do dia.

   - Aula de história sempre me deixou com sono, mas aquele seu amigo, o Bryan, não deixa ninguém dormir em paz. Responde sempre as perguntas que o professor faz. Como que ele consegue gostar tanto de guerras do passado ou de pessoas que simplesmente não nos importam? – pergunta, arrumando a alça da mochila que insiste em ficar escorregando por cima do seu casaco fino azul.

   - Desde que o conheço, essa é uma das poucas matérias que Bryan se interessa realmente, porque quer e não para simplesmente ter nota. Ele me dizia que o pai dele, o senhor Gregory, contava histórias antigas do nosso país, que havia escutado dos avós. Então quando ele escuta sobre algum tema que já ouviu através do pai, se interessa e quer discutir sobre.

   Falo sem parar com Dylan, mas a cabeleira ruiva e quase indomável de Louise me chama a atenção do outro lado do corredor tumultuado por adolescentes. Bryan passa por trás de nós e continua andando reto, sem sequer olhar para ela. Vejo seu olhar ir do namorado para Dylan. Seus olhos caem para o chão e acelera seus passos, saindo rápido pelos portões da escola. – Ei, o que será que aconteceu com Louise? Eu tinha mesmo percebido ontem, na academia, que ela estava meio distante. Acho melhor eu ir ver o que houve com ela... – começo a soltar os dedos longos de Dylan, mas ele não deixa, segurando ainda mais firme minha mão na sua, chegando a colar nossas palmas das mãos.

   - Melhor não, meu amor. Deve ser algum problema com o namorado. Deixa que os dois se resolvam sozinhos, até porque o namoro é somente dos dois, e eles precisam aprender a lidar com as coisas .

Dúvida Cruel - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora