Capítulo 12

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Acordo com o corpo de Emma se remexendo em cima do meu colo. Abro os olhos dando de cara com o mar azul habitante de suas íris.

- Bom dia! – exclama como sempre muito animada.

- Bom dia, meu amor – abraço seu corpinho pequeno – Vamos, vá tomar banho enquanto preparo nosso café, não se esqueça que hoje é dia de ficar com Violet – aviso.

- Como esquecer? Amo ficar com ela, brincamos... E comemos o dia... Todo – comenta entre risos por conta das cócegas que faço em sua barriga, que ronca alto.

- Falando em comida, sua lombriga está com fome.

- Acho que sim – concorda olhando para baixo, dando ainda mais risada.

- Tome banho antes que a sua amiguinha aqui – aponto para sua barriga – coma todos os seus órgãos, muahahaha – imito uma bruxa, fazendo à pequena se contorcer de rir e finalmente subir a escada pra ir para o banheiro.

Levanto do sofá onde dormimos a noite passada, sentindo uma pequena dor se instalar em meu pescoço.

  Caminho até a cozinha, antes pegando meu celular para verificar se há alguma chamada perdida de Bryan.

  Nada.

  Respiro fundo e começo a preparar um café. Sinto que hoje será um longo dia.

Depois de pronto, coloco o liquido preto em duas xícaras, uma cinza simples e outra toda rosa cheia de flores, faço omeletes e pego os pães, os deixando em dois pratos.

Emma desce as escadas com um short preto e blusa branca, nos pés calça apenas o seu chinelo de dedo rosa. Hoje ela prendeu os fios cacheados num rabo de cavalo. Fazemos o nosso desjejum juntas, rindo e conversando muito. Quando acabamos, coloco tudo na pia para lavar depois que chegar do ballet.

Vou para Academy Dance Liberty todas as segundas e terças para treinar com a minha turma, mas de domingo ensaio sozinha para não ficar pra trás, já que muitas bailarinas treinam todos os dias, ao contrario de mim. 

Deixo minha irmã jogando no meu celular enquanto tomo banho. Prendo meu cabelo em um rabo de cavalo simples, mas firme, pego minha mochila da escola, colocando minha meia calça dentro, assim como as minhas sapatilhas de ponta e meia-ponta, juntamente com a ponteira  e saia preta levemente transparente. Visto o collant, para ficar mais fácil. Para ir até a academia, coloco um short jeans e no pé meu All Star de sempre.

Eu posso ir à hora que eu quiser, mas normalmente vou de manhã, sem ter hora para voltar, para treinar todos os passos e elaborar a coreografia que todas nós teremos que fazer para um teste daqui dois meses.

  Os professores e professoras iram escolher a dedo quem irá fazer os papeis do espetáculo de fim de ano Giselle.

  Sonho em interpretar Giselle desde que entrei no ballet, quando tinha apenas seis anos de idade. Me lembro do meu pai e Francesca me aplaudindo com fervor na minha primeira apresentação, e assim que sai do palco, corri para os braços do meu falecido herói, que disse em meu ouvido "Você já é a minha Giselle, meu amor, agora só falta o mundo te reconhecer assim. No lugar da minha bailarina preferida morrer no final do espetáculo, eu morreria no lugar dela", na época, apenas ri com a referência que ele usou, mas hoje em dia eu penso muito em suas palavras.

  Nos primeiros meses em que ele havia morrido, eu me concentrei tanto no ballet, prometendo para mim mesma que seria a Giselle por ele que tanto sonhou em me ver em cima do palco trajada como a personagem. Eu estarei lá.

Desço os degraus de madeira, pela primeira vez, devagar, revivendo os sorrisos nos rostos de Aidan – ele ficava com raiva quando o chamava assim - e Francesca em cada apresentação que eu fazia.

Dúvida Cruel - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora