Capítulo 42

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    E o mês do espetáculo chegou.

É semana que vem, dia 24 de dezembro, véspera de natal e o dia mais importante da minha vida.

   Está semana iremos ensaiar todos os dias, incluindo o sábado que antecipa a apresentação.

Dylan e eu estamos mais juntos do que nunca estivemos, mesmo com o fato dele continuar sem dizer para onde vai depois da aula nos dias que não tem treino do jogo.
 
    Teve uma época em que ele parou de fazer isso; ficávamos juntos depois da escola em sua casa, ou na minha, mas então toda sua rotina antiga voltou, junto com a minha curiosidade. Mas não adianta, ele não quer falar, então preferi que não vou insistir, por enquanto.

  Mas vou descobrir o que é, cedo ou tarde.

Estamos no quinto período e percebo que Louise está avoada, o que não é comum, já que a ruiva sempre fica concentrada em qualquer coisa que seja que o professor esteja falando.

Decido que preciso saber o que está acontecendo com ela.

Não é de hoje que Louise anda estranha, às vezes feliz demais e outras triste ao extremo.

   Até mesmo na academia, durante os ensaios, onde ela sempre amou estar, parece que não faz mais parte do seu ser, como fazia antigamente, a única coisa que ela consegue fazer como se não estivesse ali é os passos de sua personagem no espetáculo, mas assim que a sua parte acaba, junto com a música do ato, o mundo, para ela, se fecha para todos e vira somente o Mundinho da Ruiva Depressiva.

  Realmente estou tentando de tudo para animá-la e ver o natural brilho em seus olhos onde é o seu devido lugar, mas é uma missão difícil uma vez que a única que consegue este grande feito é Emma, com sua alegria contagiante.

   Fora minha irmã, nem mesmo o próprio Bryan, pelo o que eu observo de longe, consegue tirar um sorriso da namorada.

    Vou resolver isso.

Começo a me levantar, aproveitando que o professor está passando um filme, mantendo-se concentradíssimo em ficar girando seu clips prateado e curvilíneo nos dedos grandes e nada delicados.

   Mas uma mão me segura e sei quem é.

   Meu namorado.

- Aonde vai? – pergunta baixo para que apenas eu escute.

- Ir falar com Louise. – respondo no mesmo tom, apontando discretamente para a própria que está do outro lado da sala, encostada na parede com o rosto pequeno e franzino apoiado nas duas mãos tão delicadas quanto.

- Por quê? Aconteceu alguma coisa com ela? – Fala, procurando a ruiva de cachos rebeldes com os olhos preocupados.

   Parece perceber o ponto de interrogação no meio da minha testa, porque logo se ajeita em sua cadeira, sem me soltar, engolindo em seco.

Ficamos em um rápido silêncio, até que resolvo tirar sua preocupação:

- Não sei, e é exatamente isso que eu quero ir descobrir.

   Olho para sua mão comprida, que continua segurando meu antebraço, como se estivesse questionando: Não vai tirar, não?

Dylan parece entender a deixa.

- Oh, claro! – Solta, enfim, meu braço. – Desculpa. Vai lá, e me conta tudo quando voltar.

- Ok.

  
Me afasto da minha carteira, deixando Dylan na sua, ainda com um semblante pensativo e preocupado. Não sei porque, mas sinto que não é por mim que ele está assim.

Dúvida Cruel - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora