Capítulo 23

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  Bryan estaciona na vaga do shopping da cidade.

  Reviro os olhos.

  Antigamente, eu ficaria muito animada para encher as mãos de sacolas com roupas e sapatos de grifes, mas parece que depois que eu tive que abdicar de tudo isso, meu conceito de felicidade se tornou outro, além de não ter mais fundos para sair e comprar o que eu bem entender. Tenho responsabilidades que não me permitem fazer isso.

  - Pronta? – Bryan pergunta depois de desligar o aparelho de som do carro, acabando com a minha cantoria desafinada graças às músicas que tocavam na rádio. Ele aperta o fecho do cinto para se soltar.

  - Pronta para que? – pergunto.

  - Para fazer compras, amiga! – responde com uma voz fina.

  - Ai que engraçadinho. E não. Poxa Bryan, preferiria mil vezes ter ido comer no McDonald's e você sabe disso – resmungo, cruzando meus braços em frente aos meus seios cobertos pela blusa azul céu que peguei jogada no canto do quarto.

  Nem reparei muito nela, só sei que tem alguma frase em negrito.

  - Eu sei que preferiria, mas isso a gente já fez ano passado. Temos que estar sempre renovando as tradições, Daph.

  Bryan retira a chave da ignição.

  - Discordo. Manter tradições é a melhor coisa que pode existir.

  - Chega de reclamar, mulher! Aceita que eu te trouxe para o shopping para tu torrar todo o meu dinheiro que não é muito. Meu Deus, você é muito teimosa! – esbraveja de um jeito brincalhão.

  - Ok, vou parar – descruzo os braços, agora com um leve sorriso.

  - Ótimo. Perfeito. Estupefato. – rio internamente ao ouvir a mesma palavra que Louise disse, sair da boca de Bryan. – Agora vamos, sei que você vai ter um encontro hoje com o loiro oxigenado e, cá entre nós, uma roupa decente é algo que você não possui, não é mesmo Price? 

  Meu coração gela quando escuto Bryan falar do meu encontro com Dylan tão naturalmente, sendo que dias atrás ele se declarou para mim.

  Me recomponho quando percebo que já estou sem responder nada há um tempo considerado longo para um diálogo normal.

  - Acho que sim Russell e é bom saber que tenho um stylist para me dizer o que é apropriado ou não para estar pendurado no meu guarda-roupa caído aos pedaços – comento.

  - Sempre, querida! Agora chega de papo, temos uma roupa para escolher. – Bryan encerra nossa conversa ao descer do carro e bater a porta.

  Desafivelo meu cinto e faço o mesmo.

  Ficamos horas andando pelo chão frio e esbranquiçado de mármore do shopping.

  Comemos nossos lanches preferidos, fomos nos brinquedos que tem ao lado da praça de alimentação. Nós – na verdade mais Bryan que eu, porque estava muito concentrada falando com uma voz esquisita com o lobo de pelúcia que ele conseguiu raptar daquelas máquinas. O bichinho pedia por socorro. – estávamos atentos a todas as vitrines de lojas femininas caras, até que o meu amigo chama minha atenção me beliscando, apontando em seguida para uma loja cheia de araras transbordando cabides que tinham a triste missão de suspender vestidos cobertos por pérolas, diamantes, cristais e mais uma extensa variedade de pedras preciosas. Alguns roçavam o chão com suas baias de renda.

  - Está louco? Um alfinete ai dentro deve custar um rim, o pulmão de Francesca e, provavelmente, meus dois olhos com cílios encharcados de rímel – soou alarmada, porque realmente estou depois de ver uma das etiquetas de um vestido verde esmeralda, com aplicações de contas de sua mesma cor. Esmeraldas.

Dúvida Cruel - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora