Capítulo 25

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  Assim que Bryan para na calçada de casa praticamente pulo do carro levando comigo as sacolas com os presentes que ele me deu durante o dia.

Olho mais uma vez no celular para verificar a hora, sabendo que continuo atrasada para o trabalho.

  Subo as escadas de dois em dois degraus e quando chego ao pequeno corredor, escuto um choro baixinho e, como Emma ainda está internada, só havia mais uma pessoa que poderia estar chorando aqui em casa.

Passo no meu quarto apenas para deixar as sacolas e, com passos leves e precisos, ando até o quarto do outro lado do banheiro. O de Francesca.

- Oi – digo depois de abrir a porta que já estava com uma pequena fresta.

- O que você quer? – pergunta de forma grossa, secando as lágrimas com a manga da blusa.

- Eu só... Na verdade não sei o que estou fazendo aqui – desencosto do batente da porta para sair dali.

- Ele se foi – escuto sua voz falha e volto a encarar seu rosto vermelho, assim como seus olhos, só não sei se é pelo choro ou por ter usado drogas. Penso melhor e concluo que deve ser pelos dois motivos.

- Eu sei disso.

- E é por sua culpa – Francesca, que antes encarava o piso, agora girou o pescoço até seu olhar frio e sem vida cair sobre mim.

Um arrepio passa por toda minha coluna vertebral, me fazendo engolir em seco, mas não deixo ela perceber o efeito de suas palavras sobre mim.

- Também sei disso – digo sentindo meus olhos começarem a nadar em lágrimas.

  Não posso deixar elas caírem.

- Você e aquela pirralha – meu sangue ferve ao ouvir a forma que ela se trata de Emma – são as culpadas por hoje estar fazendo dois anos que o amor da minha vida morreu! – esbraveja, levanto e ficando a poucos centímetros de mim.

  Sinto o cheiro de seu hálito carregado de uísque.

Sou apenas alguns centímetros mais alta que ela, mas isso não a inibe.

  Me encara como se eu fosse a sua pior inimiga.

- Não ouse mais falar de Emma, que infelizmente, tem a tristeza de ser sua filha. Ela não tem culpa de nada, eu posso ter – não consigo conter a tristeza que sai junto com a minha voz - mas ela não.

- Independente. Nunca deveria ter engravidado de você! Você foi um fardo em nossas vidas. Se você simplesmente não existisse, Aidan ainda estaria vivo, aqui, comigo! – cospe as palavras sem remorso algum.

Uma lágrima insistente rola pela minha bochecha, mas não me incomodo em enxugá-la.

- Você acha que eu fico feliz em saber que o meu pai morreu no dia do meu aniversário? – pergunto com a voz chorosa, mas ainda firme.

Escuto passos na escada, mas continuo com o olhar concentrado nos de Francesca. Não posso demonstrar mais fraqueza do que já deixei transparecer.

- Daphne, você é um monstro. – vacilo um pouco ao ouvir, pela primeira vez em anos, minha "mãe" dizer o meu nome, mesmo que em um momento nada agradável.

- Eu sei – afirmo agora com os olhos menos duros, apenas cansados e com a pálpebra pesada pelo choro que insiste em vir.

Os passos param e escuto a voz de Bryan:

- Daph?

- Fala – digo sem parar de fuzilar Francesca que parece fazer o mesmo.

  Nenhuma de nós duas olhamos para ele, que, provavelmente, está na entrada do quarto, me vendo de costas.

- Está tudo bem? – pergunta preocupado.

- Está tudo ótimo – respondo, sentindo o gosto salgado da lágrima no canto da minha boca – Vamos, já estou mais que atrasada.

- Ok...

Francesca não diz nada quando saio de seu quarto e pego o que preciso no meu e desço para a cozinha.

  Desço até a sala, onde encontro o meu celular apitando com uma mensagem nova do meu chefe. Pego ele sem desbloqueá-lo para ler a mensagem e o coloco no bolso da calça jeans.

- Daphne, realmente tá tudo bem? – Bryan pergunta de novo.

- Já disse que sim! – soo grossa, mas no momento não estou ligando para nada.

- Ok, não falo mais nada...

- Ótimo. Agora vamos.

Não espero ele dizer nada, apenas saio da casa, entrando sem pestanejar em seu carro. Hoje não tem orgulho suficiente para querer ir de ônibus no lugar de aceitar uma carona - que Bryan nem ofereceu.

Coloco o cinto depois de acomodar a mochila e as sacolas com as roupas que irei usar hoje, no encontro com Dylan, entre as minhas pernas.

  Observo Bryan fechar a porta da minha casa e caminhar com cabeça baixa até o lado oposto em que estou. Ele bate a porta com força e liga o carro, dirigindo sem falar nada comigo até o meu trabalho.

Durante o trajeto, fiquei pensando em como nunca direi essas coisas que ouvi de Francesca, para os meus filhos, independente do que acontecer, porque sei o quanto é duro, dolorido e algo que te lacera por dentro.

Me fechei para tudo e todos por medo de me machucarem como ela fez e continua fazendo. Mesmo depois de tantas discussões, pensei que estaria imune a esse sentimento destruidor que sinto quando ela diz esse tipo de coisa para mim, ou até para Emma.

Quando chegamos em frente ao Café Halsey, saio do carro sem agradecer ou me despedir de Bryan, mas assim que fecho a porta, que está com o vidro da janela abaixado, Bryan resolve acabar com o nosso silêncio.

- Ele tem sorte, você está linda.

Travo com suas palavras, não respondendo nada e vendo o mesmo sair com o carro alto dali.

  Me arrependo instantaneamente por ter sido tão fria com ele, mas não tenho muito tempo de ficar pensando em com fui errada, porque meu chefe está na entrada do estabelecimento, me esperando.

*****.*****

Hello Guys!

O capítulo foi curto? Sim, mas é que eu preferi deixá-lo assim, para que o próximo seja apenas sobre o encontro de Dylan e Daphne. É D de mais para minha cabeça.

Espero muito que tenham gostado e aguardem para amanhã, com o encontro. O que será que vai acontecer? E essas palavras da Francesca? Doeu até em mim.

Gente, peço desculpas novamente, pois falei que iria postar dois capítulos na sexta retrasada, e acabei me embolando inteira e não consegui. Mas agora estou, ENFIM, de férias. Hoje mesmo pretendo fazer uns 10 capítulos para já deixar tudo encaminhado.

Bom, desculpa de novo e não se esqueçam de comentar e votar para que eu saiba o que estão achando da história.

Beijos e até a próxima.

  (Música: Because Of You – Kelly Clarkson)

Dúvida Cruel - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora