O CACHORRO

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No dia seguinte...

-Capitão, precisamos atracar aqui. Nosso estoque de alimento está acabando. -Falou Matheus, enquanto estavam passando pela cidade de Nice.

Antes de descer do navio, o capitão divide a tripulação em quatro grupos, para melhor saquear os lugares em busca de alimentos.

-Igor, vá buscar o nosso homem-peixe. Ele pode escapar se ficar sozinho aqui. Segundos depois, Igor está de volta com Esdras amarrado pelos pulsos à correntes. -Irei tratar você como a cadela que você é!
Jonathan estava puxando Esdras quando um cachorro passa e faz o tritão saltar de medo e correr para atrás do capitão. O capitão o olha.
- Você tem medo de cães? -Pergunta o capitão com um olhar malicioso. -Matheus!

- Capitão?! -Fala Matheus chegando perto de Johnatan

- Arrume uma coleira e coloque neste cachorro. Teremos um mascote em nosso navio!

-O senhor não achar que já estamos sendo duros o suficiente com ele? -Diz Matheus, ao se aproximar do ouvido do capitão. -Ele está praticamente nas mãos do rei, perdeu tudo o que conhecia. Sua família, seus amigos, sua casa, e você quer adotar um cachorro para ir conosco com o objetivo de colocar mais medo no pobre coitado? Eu acho isso desumano.

-Desumano? Desumano vai ser o que irei fazer com você. Você ousa me desobedecer, marujo? -Grita o capitão, furioso. -Pare de questionar minhas ordens e faça o que foi mandado. -Matheus concorda e sai.

Raul pega o cachorro e começa a assustar Esdras, que tenta fugir desesperadamente do animal.
-Imagina o que ele pode fazer com você em, arrancar pedaço por pedaço desse seu corpo, imagina que delícia.

-Não tão rápido, mocinha. -fala Raul o puxando pela corrente, fazendo-o cair em uma poça d'água fazendo assim a sua cauda aparecer imediatamente.

- Precisamos escondê-lo. Se outros piratas o virem, estaremos perdidos! O capitão olha a sua volta e avista uma casa onde uma senhorinha estende as roupas no varal. -Felipe, pegue um daqueles lençóis que aquela velha está estendendo, e enrole nele. -Diz Johnatan.

Felipe vai até a casa e dirige a palavra a aquela simpática senhora.
-Com licença senhora, será que poderia pegar um de seus lençóis? É que minha querida esposa acho lindo a estampa deste lençol, e não temos muito dinheiro para comprar um, será que vossa graça, teria compaixão e me daria este charmoso lençol?

A anciã abre um doce sorriso e fala. -Claro que sim meu rapaz, tenho vários, um só não me fará falta, pode pegar.

Felipe abre um sorriso e volta rapidamente com o pano e envolve o tritão nele. -Irei levá-lo para o navio, vocês dois busquem os alimentos e vocês Felipe e Matheus venha comigo. -Ordena o capitão pegando o tritão e o colocando em um de seus ombros. E seguiu caminho para a embarcação.
Ao subir no navio, eles se deparam com três piratas sentados e os marujos que estavam vigiando o navio amordaçados e amarrados ao chão.

-Sabemos que você está com uma sereia, Johnatan. Vimos tudo, inclusive a cauda. A questão é: você nos dará ela por bem, ou por mal? -Fala um dos homens, ele era negro, e tinha uma enorme cicatriz em sua bochecha, ele era enorme e bem forte, e em alguns dos seus dentes o ouro reluzia.

- A única certeza que posso lhes dar é a de que vocês não irão sair daqui com vida. -Falou Johnatan em tom ameaçador e puxa duas armas que estava em sua cintura.

Os barulho de tiros sendo trocados eram ensurdecedores, Esdras rapidamente corre para se esconder atrás de caixas e barris, que estavam no convés do navio, ali era o momento perfeito para ele fugir, os homens estavam trocando tiros, ninguém sentiria sua falta naquele momento, agradeceu aos céus por tamanha oportunidade que acabará de surgir quando, de repente, ele olha para trás e ver o capitão cai ao seu lado com um tiro no ombro. Naquele momento ele jurou que tudo ficou em câmera lenta, o tritão agora tinha uma decisão a ser tomada, ou ele ajudaria aquele rapaz sem escrúpulos ou ele voltaria para casa, Esdras se conhecia muito bem, a consciência dele não iria deixá-lo em paz em saber que ele deixou um homem sangrando, no momento em que ele mais precisa.

Desesperado, Esdras começa a movimentar as mãos e o céu escureceu, uma chuva forte começou a cair e raios tomaram conta do céu, trovões ecoavam naquele lugar, as ondas batiam cada vez mais fortes contra o navio, era quase que impossíveis ficar em pé naquele local, a chuva era forte, mas Johnatan olhando aquele cena poderia jurar que onde os três piratas estavam a chuva caia em dobro, poderia jurar que do jeito que aquela água caia do céu, parecia que iriam perfurar a pele daqueles três piratas. Um dos piratas olhou incrédulo para o tritão e falou.
-E ele quem está fazendo isso, vamos sair daqui, isso aí é um demônio do mar, não vale a pena o esforço, vamos homens. Agora!

Depois que os três piratas saíram da embarcação Esdras caiu quase que sem força no chão, o céu aos poucos deu lugar das nuvens cinzas, para as nuvens brancas, em pouco menos de um minuto, o véu não parecia que tinha acabado de ter uma tempestade na qual o povo daquele vilarejo esquecerá, foram poucos minutos, mas aquilo assustou a todos.

Esdras aos poucos vai recuperando suas forças, se põem de pé e olha para o pirata jogado no chão.

Johnatan o olha assustado, com medo de que o tritão poderia fazer com ele, Johnatan finalmente viu o poder que uma criatura marinha poderia fazer.
Então, Esdras corre em direção ao capitão e põe-se de joelhos, ele coloca a mão no ombro onde o capitão tinha levado o tiro e começa a cantar uma melodia doce, na qual fez o capitão sentir uma paz nunca sentida antes. A ferida do capitão havia fechado, deixando apenas uma pequena cicatriz.

- Você me salvou. -Fala o capitão não acreditando no que acabará de acontecer. -Mesmo depois de tudo o que lhe fiz?

- Não consegui ver você ferido. -Fala Esdras olhando no fundo dos olhos do capitão.

- Você poderia ter fugido, por que ficou?

Esdras respira fundo, pensa bem no que vai falar, e diz tudo de uma vez. - Não sei o que estou sentindo, mas a minha única vontade é ficar perto de ti, parece louco, mas tenho quase certeza que estou começando a gostar de você. -Fala isso e se afasta de Johnatan pois não sabia qual seria a reação do capitão a sua frente.

- Eu também acho que sinto algo por ti. Os dois começam a se encarar -Mas, antes que os dois pudessem se beijar. Matheus e Felipe chegam na embarcação.

-Onde vocês foram? -Pergunta Johnatan meio sem jeito.

-Os piratas fugiram, você acha mesmo que deixariamos eles vivos? -Fala Felipe.

-Os matamos e jogamos o corpo no mar, e deixamos um vivo pra dar o recado, quero ver quem vai dar uma de desaforada e vem aqui. -Fala Matheus em tom autoritário.

-Soltem os outros piratas que estão amarrados no mastro. -Ordena Johnatan.
-O que eu devo fazer com vocês em rapazes, nem para cuidar da embarcação vocês prestam em? -Fala cruzando os braços.

-Des..desculpa capitão, eles chegaram de surpresa, não deu tempo de reagir. -Fala um dos piratas baixando a cabeça.

-Não me importo, deixei vocês aqui com uma única finalidade, e quero que vocês cumpram com seus deveres seus vermes.

-Sim capitão! Não irá mais se repetir.

-Não irá mesmo, porquê vocês não estavam mais na minha tripulação, deixarei pessoas mais qualificadas no lugar de vocês. Agora sumam do meu navio.

-Mas capitão...

-Sumam! -Grita Johnatan. Os dois saem de cabeça baixa sem falar nada.

Depois de alguns minutos o resto da tripulação chegou.

-Que chuva foi essa em? Ela foi tão de repente! pensei que fosse um tornado, não ficou uma barraca se quer em pé, o vento saio arrastando tudo, a chuva estava tão forte que ela estava machucando nossos rostos, tivemos que entrar em uma loja para nos protegermos da chuva. -Diz Raul com vários sacos de comidas nas mãos.
O capitão sobe até o Timão, e grita para a tripulação:

- Homens, preparem-se. Outros piratas descobriram nosso "tesouro". Agora nossa festa irá começar! Vários piratas viram atrás do homem peixe, mas não deixaremos que eles tomem nossa recompensa.
Todos empunham suas espadas e soltam um forte grito.

ENTRE DOIS MUNDOS Livro1Onde histórias criam vida. Descubra agora