DE VOLTA PRA CASA

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Esdras foi nadando o mais rápido que podia para voltar a Marselha, para o lugar que ele tanto sentia saudade, ele não queria ver nunca mais Johnatan na sua frente.

Enquanto nadava, todas as coisas ruins que Johnatan fez passavam pela sua cabeça.

Chegando em Marselha viu logo Eduarda ao longe, ele foi até ela é pôs as mãos em seus olhos.

-Quem é? -Respondeu Eduarda assustada.

-Eu. -Fala Esdras segurando o sorriso.

-Eu, quem? -Pergunta ela, tentando virar-se.

-Não conhece mais a minha voz? -Pergunta Esdras fugindo-se triste.

-É o viado mais viado do mundo! - gritou Eduarda eufórica.

-Eu mesma, em beleza e gostosura. -Fala Esdras dando um forte abraço na sua amiga.

-O que te fez voltar? -Pergunta ela retribuindo o abraço. -Bené apareceu aqui a alguns dias atrás e falou que você estava bem, e que estava com um terrestre.

Esdras baixa a cabeça e fala num tom triste.

-Realmente eu e um humano estávamos namorando...
Ela o interrompe...

- Namorando? -Pergunta ela curiosa.

-Isso mesmo, mas deixa eu terminar a história... Voltando, eu fui capturado por que um rei queria uma sereia e quem a levasse[...] Esdras contou tudo a ela e ela escutou atentamente cada palavra que Esdras soltava.

-O rei já estava preparando a tropa para ir te salvar, mas Bené disse que você estava bem.

-Foi, pedi para ele dar esse aviso.

-Esse tal de Johnatan é um idiota. Ele não sabe o que tá perdendo! Olha só que tritão gostoso. -Fala ela.

-Pois é, eu sou bonito mesmo! Eu sou um ser aquático, nós temos fala por nossa beleza e persuasão, nós fazemos navios irem de encontro as pedras só por brincadeira, arrastamos terrestres para o fundo do mar só com o nosso canto, encantamos qualquer um com nossa beleza. -Fala o tritão todo cheio de si. -E eu estou aqui triste por um mero mortal!? Não, não pode. Isso é inadmissível.

-Isso mesmo gato, não deixa qualquer coisa te abater não, diz aí me fala qual tritão que você quer do nosso cardume que eu arrumo agora, deixa esse Johnatan de lado. -Fala Eduarda.

-Não fala o nome dele por enquanto que ainda está recente. -Fala o tritão sem graça. -Vamos mudar de assunto, não quero mais ouvir esse nome, e nem saber dele, eu já estou superado, vou pegar é o cardume todo. -Fala ele ajeitando os cabelos.

-Ei baiacu queres enganar quem com essa sua atuação fajuta? Sei muito bem que se ele vim aqui te procurar tu vai correndo pra ele. -Debocha ela.

-Cala a boca e deixa eu brilhar, seu peixe sapo. Tenho certeza que ele não vem, ele não gosta de mim. E quer saber eu também nem gostava dele tanto assim sabe.

-Pelo o que você me falou, ele gosta, sim. Ele só falou aquilo na hora da raiva. Homens falam sempre sem pensar.

-Tendo raiva ou não ele não tinha o direito de falar comigo daquele jeito. Se ele vir, ficará andando de um lado para outro com aquele navio porque eu não vou até a superfície para falar com ele nem que Poseidon venha me implorar. Além do mais, estava morrendo de saudade de nadar, andar e horrível, você não tem ideia, tive que aprender a andar no sofrimento, ou andava, ou apanhava.

-Tenho certeza que você nem lembrou da sua cauda quando estava com ele. Para de mentir, que isso é muito feio. -Fala Eduarda cruzando os braços.
Esdras solta um sorrisinho de lado.

-É verdade. Quando eu estava do lado dele, tudo era bem melhor apesar das coisas ruins que ele me fez passar. Ele me tratava tão bem, falava coisas apaixonantes para mim, mas também tinha hora que era super ignorante.

-Nossa, que bipolaridade. -Fala Eduarda sorrindo. -Você é estranho garoto, sabia?

-Coitada! Estranha é você, sereia feia da poxa, você é a excessão das coisas que os humanos falam. Dizem que todas as sereias são lindas, por que não viram você, se te verem o boato acaba. -Fala Esdras sorrindo.

-Eu só não te bato por que eu sou linda, e nem vou me trocar com baiacus como você. -Fala a sereia com desdém.

-Ai amiga, tava com tanta saudades de te zoar sabia?

-Eu também estava seu bobo. O cardume ficou chato sem o meu amigo para falar mal dos outros comigo.

-Eu falo mal de seu ninguém não, Poseidon que dar os defeitos eu apenas comento.

-Está certo senhor comentarista. -Fala Eduarda debochando.

Então, ficaram conversando por horas quando de repente ao longe vem vindo Marcos.

-Marcos, quanto tempo. -Fala Esdras eufórico.

Marcos chega e lhe dar um abraço forte.

-Que saudades. Não sabia que iria voltar. -Fala Marcos colocando uma das mãos atrás do pescoço.

-Nem eu mesmo sabia que voltaria, mas ocorreu uns imprevistos e eu voltei.

-Como é na superfície? -Pergunta Marcos curioso.

-Mais ou menos. Não tem tantas belezas como o mar tem, lá tem um bicho horrível que se chama cachorro, morro de medo daquele bicho.

-Sério? E como ele é? -Pergunta Marcos curioso.

-Ele tem quatro patas, tem... -Esdras é interrompido.

-Patas, o que são patas? -Pergunta a sereia.

-Na superfície os humanos tem pernas e os animais patas. Entenderam?

-Sim! -Responde Marcos.

-E esses tal cachorro tem quatro pernas? Digo patas. -Fala Eduarda.

-Isso mesmo, lá a maioria dos animais tem quatro patas, eles são horríveis amigos, são cheio de pelos. -Fala Esdras se contorcendo só em lembrar do tal animal.

-Nossa do jeito que você fala, eles devem ser horríveis mesmo. -Fala Marcos intrigado.

-São mesmo Marcos, só não são mais feios, por que eles não se parecem com a minha grande amiga Eduardinha. -Fala Esdras sorrindo.

-Você é uma graça não é mesmo Esdras, minha mão vai nadar até a sua cara.
Todos caíram na gargalhada e ficaram por horas botando os assuntos em dia.

ENTRE DOIS MUNDOS Livro1Onde histórias criam vida. Descubra agora