CAPÍTULO XXXVIII

4.7K 390 70
                                    

  "Nós, para os outros, apenas criamos pontos de partida." 

Simone de Beavouir 

GABRIELA SAHANI

∞ 

Há dois anos, eu conheci uma garota, o nome dela é Lara, ela estava um pouco quebrada demais para eu sequer pensar em seduzi-la, falamos sobre o amor e a grande possibilidade que ele tem de nos machucar.

Não havia argumentos para contradizer a raiva que ela sentia por aquele homem que a machucou, eu já havia me machucado também, então, pra mim, era indiferente amar ou não. Eu sabia que o amor era sim uma arma pra ferir.

Eu tinha sangrado por muito tempo em nome do amor.

E agora, aqui, eu só sei que Lara tinha razão. O amor fode com a gente e não é no bom sentido. Cindy havia me deixado. Não havia nenhuma justificativa para o que ela fez. Havíamos passado por um monte de coisas juntas e ela se foi.

Estava sentada olhando uma foto que eu havia feito dela dormindo na floresta na nossa noite, dividida entre apagar ou não, não precisava ficar me lembrando de que ela era minha parte essencial, de que eu a amo... Como se precisasse de foto pra isso.

– Gabriela, este é o último chamado! – ouço a voz de Coin! Estávamos finalmente voltando para Bay, os caras haviam se abalado para a América há um mês.

Alguns dias antes

– Avó, chega de doce para mim. – digo, tentando não demonstrar minha tristeza em cada uma das minhas palavras. – Valeu! – olho para o doce e sem querer, memórias dela veem à minha mente, rasgando meu peito como se fizesse todo o sentido do mundo, como se essas lembranças tivessem o direito de me machucar dessa forma.

Naquela manhã, eu havia acordado sonolenta de um pesadelo, me vestido, comprado flores, exatamente como fazia há um mês, todos os dias, eu a visitava, cantava alguma besteira e falava sobre como eu a desejava, sobre como meu corpo sentia falta dos toques dela e de como minha boca jamais seria a mesma sem seus beijos.

Contudo, naquela manhã foi diferente, quando entrei naquele quarto e não a vi, eu me desesperei, eu gritei a todos questionando quem no inferno havia tirado minha mulher dali. Eu pensei todo tipo de hipótese, eu pensei no maldito Jason, mas, ele morreu! Até onde eu sei, o pai de Steven Carter foi preso pela conspiração, mas, ele mesmo foi inocentado. A peça principal era a Cindy acordada e ela tinha simplesmente evaporado.

Eu a procurei por um tempo, mas, não achei, estava mais que desesperada quando fui arrastada para a casa da minha avó, estava inconsolada, me lembro da face de todos quando cheguei ali, minha avó tinha feito toda sorte de doces que eu gostava. Mikki estava cantando minhas músicas favoritas, Coin conseguiu recuperar a memória do meu celular, Gabriel não me deixava quieta com suas piadas constantes e Darel até me prometeu uma tatuagem nova.

Eu reconhecia o esforço de todos eles para me deixar pra cima, pra estar presente entre eles. Mas, o que nenhum deles sabia é que meu coração estava com ela. Não sei em que lugar.

Emma, bom, ela me olhava compenetrada, imagino que quisesse dizer algo. Qualquer coisa. E eu queria que ela dissesse. Me levantei da mesa e caminhei para fora, admirando a primeira manhã sem chuva em muitos dias.

– Gabriela.

– Precisa de alguma coisa, Emma?

– Preciso. Te contar algumas coisas. – ouço uma inspiração profunda. – Esse mês com você, vendo você sofrer, admirando alguns poucos momentos de felicidade, eu percebi o quão eu fui idiota por ter perdido tanto de você.

Além do horizonte - Romance Lésbico (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora