Além do horizonte - Romance Lésbico (Completo)

CAPÍTULO XLI

  "O rosto enganador deve ocultar o que o falso coração sabe." 

William Shakespeare  

CINDY SIMONS

Estou com o celular ao meu lado, eu cogitei ligar para ela neste meio tempo, eu não poderia dizer que estava tudo perfeito, pois realmente não estava. Faltava algo. Faltava ela ao meu lado, precisava escutar sua voz, o que iria me deixar aliviada, e, às vezes, me sinto uma merda por saber que ela está seguindo a sua vida como eu havia lhe dito. Olhar a nossa foto não estava me fazendo bem, agora estou aqui com o celular em minhas mãos novamente, com o seu número na tela, o que me falta apenas é apertar o botão de ligar, mas, me lembro de que preciso deixar de ser egoísta e deixá-la ter uma vida sossegada.

Estarei negando a mim mesma se eu dissesse que não sinto a sua falta ou daquele seu jeito irritante de querer mandar em tudo, sorrio. Não por felicidade, mas, sim por disfarçar a vontade em que sinto de chorar a cada momento em que sinto a sua falta. E bom, eu realmente ia ligar para ela se não fossem os dias que se passaram, e, eu tenho a certeza de que ela está feliz. Mas, eu me lembro de dizer a Gabriela pra seguir a sua vida sem mim, e sim, eu sou a culpada.

Deveria me matar agora, sempre odiei quando Steven colocava alguém na minha cola, com intuito de saber o que eu andava fazendo e com quem eu saia ou deixava de sair. Só que eu precisava saber como ela estava. Mesmo sabendo que ela podia estar com outro alguém e se ela estava realmente feliz, ou, se continuava aquela sereia e rainha dos mares. Mas, nem tudo é como eu sonhei. Não nego que tive um pouco de esperança, porém, tudo mudou quando eu a acabei vendo mais do que deveria, eu vi as fotos em que recebi; sorrindo em todos os momentos.

Em todos os momentos eu me pego pensando nela e agora não sei mais o que fazer, eu sei que a culpa é totalmente minha, e isso está acabando comigo. E isso é como um nocaute, mas é bem feito pra você, Cindy, pra você aprender a nunca se apaixonar novamente. Mas, que merda Gabriela! Será que não dava pra você me esperar só um pouco? Mas, não! Em apenas um mês você já está em outra, sabe o que eu tenho vontade de fazer com você?

Mandarem lhe raptar e te trazer para mim, e te mostrar que você pertence somente a mim e a mais ninguém. Só, que eu não posso fazer isso, pois eu deixei você ir logo à primeira oportunidade em que tive, e isso foi bom. Mesmo sabendo que me arrependo a cada momento da minha vida, eu sei que você está feliz sem essas minhas confusões.

Eu te amo, Gabriela! E por te amar, eu preciso me apagar por completo de sua vida.

Sentada no divã no quarto eu rasgo suas fotos uma por uma, e me certificando que você não irá atormentar mais os meus pensamentos. Envio uma única mensagem para o segurança que havia deixado, dizendo que ele podia abandonar a sua missão, e não demorou muito para a sua resposta. Sorrio, um riso mais falso que já pude criar assim que pus meus pés por aqui.

Suspiro fundo com a intenção de esquecer tudo, o que é bem difícil. Só que eu sei que irei conseguir, eu acho. Assim eu suponho. Me levanto, juntando cada pedacinho rasgado e jogo no lixo do banheiro. Um mês se passou e eu continuo a mesma Cindy, aquela pequena mulher de cabelos negros e curtos. E, olhando o meu reflexo através do enorme espelho algo diz que preciso ser muito forte com as minhas escolhas.

Minha aparência está melhor que antes, sem marcas de acidente, a não ser algumas pequenas cicatrizes em meu abdômen, só uma única coisa é visível em minha face. Os velhos retornos dos olhos vermelhos estão à tona, e qualquer um poderia ver o quanto já chorei por ela ao olhar aquelas fotos. Estou trancada no quarto há cerca de 5 horas e até agora já ouvi reclamações de Atena, insistindo para eu abrir a porta. A única coisa que eu disse foi pra ela me deixar em paz, o que resultou apenas as minhas lagrimas e um silêncio constrangedor no quarto.