O mistério descerra suas primeiras cortinas
Meus dedos apertavam ansiosamente o volante. No relógio ainda faltava cinco minutos para as dezesseis horas e à medida que os segundos se passavam, o frio em minha barriga se acentuava. Céus, como eu estava nervosa. Provavelmente porque nunca visitara a casa de alguém desconhecido sozinha, ou até mesmo porque nunca conhecera uma mulher tão peculiar quanto aquela. Eu até havia pensado em ligar para Louise a fim de perguntar sobre ela, mas eu não queria encher a sua cabeça, já bastavam seus problemas em Aiden.
Pela terceira vez, olhei para o cartão azul para confirmar o endereço. Sim, era ali, a casa de Eleonora Skarsgard, ou pelo menos era naquele grande portão preto, trabalhado em arabescos com um imenso "S" em seu topo. Eu ainda não podia ver uma casa, apenas uma longa estrada do outro lado com árvores margeando o caminho.
Era curioso o fato de ainda existir um lugar como aquele naquela região. Uma colina com uma grande área verde preservada, em uma das áreas nobres da cidade. Mais nenhuma casa foi vista até chegar lá em cima, naquele portão. Parecia que toda a colina fazia parte da propriedade, e isso me fez ter uma breve noção do quanto a família daquela curiosa mulher deveria ser poderosa.
Peguei o papel com a minha breve pesquisa para me certificar de que eu não esquecera nenhum detalhe. "O Hospital Saint Hoshi'a foi fundado a cem anos atrás por E. Skarsgard com o intuito de fornecer o melhor atendimento médico a todas as espécies, sem distinção. Hoje, considerado um dos maiores hospitais da América Latina, conta com duas unidades no continente. Além de oferecer todos os tipos de serviços médicos especializados à todas as raças, possui um dos mais avançados centros de pesquisas do mundo..."
A minha quarta leitura estava concluída, não tinha como esquecer. O relógio já marcava dezesseis em ponto e não seria elegante da minha parte fazê-la esperar. Parada do outro lado da rua, bastaria uma curva para que eu ultrapassasse, de fato, os limites marcados daquele terreno. Ou eu ainda poderia simplesmente fazer um rápido retorno e voltar para casa, esquecendo aquele convite, esquecendo a melhor cliente que a Wedo poderia ter.
Não, eu não era mais uma criança e muito menos uma covarde. Não permitiria que os horríveis acontecimentos da semana anterior me enfraquecessem trazendo de volta a Liz amedrontada que um dia fui. Era pela minha vida normal e pelos meus sonhos que eu estava ali.
Respirei fundo, dei a partida no carro e fiz a curva até parar de frente para o enorme paredão de ferro retorcido. Ao lado tinha uma pequena caixa eletrônica com o que se parecia ser um interfone. Apertei o botão solitário que reluzia a cor prata, e em poucos segundos um bipe ressoou da caixa.
― Liz, querida, entre, por favor. ― Era a voz de Eleonora, só que um pouco mecanizada. O portão começou a se abrir lentamente, o frio se acentuando e dando um nó em minhas entranhas. Como ela tinha tanta certeza de que era eu? ― Não se assuste, estou te vendo pela câmera do interfone.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Contrato de Destino
Fantasy[LIVRO 1] Este é o primeiro livro da Série Vórtex. [Romance/Fantasia] Um contrato foi selado pelos Deuses e dois destinos foram traçados. Após dois mil e seiscentos anos, nasce com a rainha das fadas, a oportunidade de cumpri-lo. ...