C A P Í T U L O 20

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Abraçando o destino

          Meu estômago contraiu violentamente

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          Meu estômago contraiu violentamente. 

          Aquele olhar não só parecia me despir, mas também parecia ser capaz de me enxergar sob a pele, sob a minha carne, minhas veias, capaz de ver todos os meus medos, a minha vergonha. Por mais frios que seus olhos fossem, a sensação que eles provocavam em meu corpo era de um ardor intenso, tão desesperador quanto inebriante. 

          Numa tentativa aflita de ignorar aquele torpor, abaixei minha cabeça desviando meus olhos daquelas profundezas límpidas, poderosas demais para encarar por muito tempo. O que não adiantou muita coisa, pois eu ainda podia senti-lo me observar, ou talvez fossem só os meus sentidos que insistiam em permanecer voltados para ele.  

          Depois de uma eternidade, já que o tempo parecia ter parado naquele segundo, arrisquei uma olhada de relance. Seus olhos haviam se desviado para sua mãe, que se aproximou para lhe beijar a face, gesto que, de um modo esquisito, ele se manteve indiferente. Logo, ela se pôs a apresentá-lo aos meus pais e à minha avó, que estavam mais próximos.

          Voltei minha atenção para Katerina que estava sentada ao meu lado e tinha acabado de se levantar. Ela caminhou até uma poltrona desocupada em outro canto, e então, ao se sentar me lançou um olhar meigo seguido de uma piscadela. Não entendi sua reação, na verdade, nem deu tempo de tentar entender, pois aquele cheiro delicioso que se propagara no ambiente tinha se acentuado. O calor aumentou, e de modo súbito, torrentes de sangue pareciam começar a se romper em meu coração fazendo-o latejar frenético.

          Ao me virar para frente me deparei com a braguilha bem volumosa de uma calça preta, parcialmente coberta por uma camiseta no mesmo tom. Senti a minha face arder de repente ante a tamanha indiscrição, e o sangue foi me aflorando ainda mais o rosto, à medida que meus olhos subiam pelo abdômen plano, tórax largo, queixo, lábios, até aquelas profundezas azuis que me fitavam de cima.

          Levantei-me atordoada, mais depressa do que gostaria, posto que a minha posição anterior não era nada favorável. Diante dele, as minhas pernas vacilaram, tão perto, eu parecia pequena, tanto em tamanho quanto em presença de espírito. Mesmo de pé com meu um metro e setenta e dois de altura, eu precisava levantar a cabeça para conseguir olhá-lo nos olhos.

          ― Filho, esta é Liz Aileen Irwin, e Liz, este é o Anton. ― Eleonora fez as honras da apresentação.

          Segundos se passaram enquanto eu esperava alguma reação da parte dele, mas não houve nenhuma. Então coube a mim levantar a mão em cumprimento, com um medo estranho de tocar nele, ou pior, de que ele não quisesse segurá-la e me fizesse parecer mais idiota do que provavelmente estava parecendo.

          ― Prazer ― murmurei com a voz fraca mal me dando conta de que nem estava respirando.

          Ele segurou a minha mão de um jeito possessivo, forte, sem desviar os olhos dos meus. Só então percebi o quanto a minha estava trêmula e suada.

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