O Imprevisível não facilmente superável
― Essa ideia não me agrada, Carissimi. Inquietam-me as profusas possibilidades do que o nosso filho possa vir causar.
― Ela quer conhecê-lo, querido. Possuíamos consciência que este momento chegaria, e há de anuir comigo, é melhor que o primeiro encontro seja em nossa presença, assim poderemos controlar qualquer objeção que venha sobrevir. ― Vincent deslocou a cadeira para trás, ainda reflexivo. Cingi a larga mesa de madeira, peguei o telefone que lá se encontrava e o entreguei a ele. ― Ligue para o Anton, avise-o que ofereceremos um jantar no sábado, às vinte horas, para que ele a conheça.
― Quer que "eu" ligue para ele? ― indagou surpreso.
― Certamente que sim.
― Nora, você conhece a nossa relação, ele não me ouvirá...
― Já se passaram trezentos anos. Se deseja reedificar a relação paternal com o seu filho, precisará empenhar-se em algum momento.
Vincent pressionou o telefone na mão permitindo escapar um suspiro esmorecido. Ainda irresoluto, efetuou a ligação. Escutei chamar do outro lado algumas vezes, mas não houve resposta. Vince repetiu a chamada, e somente no quinto toque ela fora atendida, no entanto, nenhuma voz ressoou, então coube a ele se pronunciar primeiro.
― Filho, como vai?
― Algum problema com as minhas contas do Gard Bank?
Tão lesto e de maneira frustrante, Anton mudara o sentido pessoal e íntimo da conversa com o pai, para a indiferença e superficialidade. Durante os últimos três séculos, o convívio entre os dois era quase inexistente, e a relação não experimentava mais do que algumas palavras relacionadas ao único elo que os unia, as contas dele no banco de Vincent.
― Não, não há problema com as suas contas... ― Vince fora interrompido pelo fim da ligação. Restou-me seu olhar desanimado, envolvido à imodéstia de quem tinha razão.
― A ligação pode ter sido finalizada sem factual intenção. ― Deveras era apenas um modo de tentar amainar as circunstâncias. Meu coração se feria com a mais austera desolação provocada por tal indisposição entre eles.
― Carissimi, aquiescemos que não ― afirmou ele, com sua eventual rouquidão descontente. Faltaram-me palavras que fossem verdadeiras para discordar.
Com minha aura pertinaz, busquei o celular em minha bolsa para tentar de novo, uma vez que, se ligássemos do mesmo telefone, ele poderia não aceitar. Não demorou mais que quatro toques para que Anton atendesse, e desta vez, ele se manifestou primeiro.
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Contrato de Destino
Fantasia[LIVRO 1] Este é o primeiro livro da Série Vórtex. [Romance/Fantasia] Um contrato foi selado pelos Deuses e dois destinos foram traçados. Após dois mil e seiscentos anos, nasce com a rainha das fadas, a oportunidade de cumpri-lo. ...