O elevar das chamas
― Intrusa, quem é você? ― indagou uma voz feminina, um tanto mecanizada, assim que os feixes sumiram.
Com um pouco de coragem que eu ainda tinha, me atrevi a olhar nos quatro cantos do quarto em busca de alguma câmera ou coisa do tipo, mas não havia nenhuma. De quem era aquela voz? Não parecia ser de alguém real.
― Responda, intrusa.
E se fosse alguma brincadeira do Anton? Ele não me parecia ser do tipo que fazia brincadeiras, mas àquela altura, eu não duvidava de mais nada que viesse dele. Sem movimentos bruscos, coloquei os cacos do meu celular de volta dentro da bolsa, então continuei a busca por algo que me levasse àquela voz, mas novamente, não obtive sucesso.
― Meu nome é Liz, quem é você?
― Não estou autorizada a me apresentar a estranhos.
― Fiquei trancada aqui dentro, você pode abrir a porta?
― Não estou autorizada a abrir a porta para estranhos.
Ela era um robô, não tinha outra explicação. Tentei chamá-la, mas da mesma forma súbita que ela aparecera, havia sumido.
A que ponto eu tinha chegado? Estava presa dentro do quarto daquele maldito, com o meu celular em pedaços, tentando conversar com uma robô que me chamara de intrusa. Aquilo era um pesadelo. Não, era pior, pois eu estava acordada. Me joguei na cama entre as inúmeras almofadas e travesseiros, e com a cabeça enfiada em um deles, gritei até esvaziar os meus pulmões. Eu não queria voltar a chorar, eu não podia.
Levantei minha cabeça um pouquinho, e o cheiro daquele infeliz me envolveu com tudo. Era o travesseiro dele, assim como o resto da cama enorme. Retirei meus sapatos os jogando no chão ao lado, e então comecei a rolar naquela colcha macia que mais parecia uma nuvem. Era tão confortável, tão acolhedora e cheirosa...
Não!
Parei de barriga para cima encarando o teto, pensando em como escaparia dali. Eu teria de ficar bem acordada, bem acordada para quando ele voltasse. Já não tinha a menor ideia de quanto tempo estava lá, mas as minhas pálpebras pesavam, pesavam muito, e os meus sentidos ficavam cada vez mais longes, tão distantes...
Acordei com um barulho familiar, como se uma porta tivesse sido aberta e tão logo fechada. Olhei em direção a ela vendo o Anton parado com os braços cruzados, me observando.
― Você é um maldito, Anton! Um sequestrador babaca, pervertido, libertino, promíscuo, imbecil! Seu cretino! ― berrei me sentando na cama.
― É mesmo? ― ironizou levando as mãos para dentro dos bolsos.
Seu olhar estava pairado sobre as minhas coxas descobertas, as quais rapidamente cobri puxando o meu vestido de volta para baixo. Me arrastei para fora da cama e calcei meus saltos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Contrato de Destino
Fantasi[LIVRO 1] Este é o primeiro livro da Série Vórtex. [Romance/Fantasia] Um contrato foi selado pelos Deuses e dois destinos foram traçados. Após dois mil e seiscentos anos, nasce com a rainha das fadas, a oportunidade de cumpri-lo. ...