C A P Í T U L O 38

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Um simples toque

          Todos estavam de pé olhando para nós, mas eu não conseguira definir nenhum rosto, pois rapidamente minha atenção fora para um único ser parado no final do longo caminho

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          Todos estavam de pé olhando para nós, mas eu não conseguira definir nenhum rosto, pois rapidamente minha atenção fora para um único ser parado no final do longo caminho. Meu coração parou no instante em que eu o vi. Olhos azuis dotados com a gentileza de um perigoso iceberg estavam fixos em mim. A expressão séria, queixo altivo e boca arrogante sustentavam com perfeição todo o poder e presença que o seu fraque totalmente preto impunha.

          Anton estava incrivelmente lindo e sombrio.

          Todas as sensações e emoções que ele me provocara desde o dia em que nos conhecemos se afloraram de uma só vez, e de repente, uma carência inesperada em meu ventre me fez ansiar pelo meu destino. No fundo, algo insistia em me avisar que eu já estava muito mais envolvida pela escuridão, do que de fato gostaria.

          O percurso se tornara longo diante do complexo fascínio que me atraía para ele. Seu calor e a sua energia me abraçavam à medida que nos aproximávamos, e o ar à sua volta parecia ter vida própria, oscilando e tornando a atmosfera subitamente rarefeita. Minha respiração se tornara quase impossível e a urgência fizera o meu peito vibrar quando por fim, paramos.

          Ele movimentou o corpo de uma maneira controlada e imperiosa até se colocar à nossa frente, e somente neste instante seus olhos me deixaram para se fixarem cheios de prepotência e desafio, no meu pai. Com um gesto calmo, porém, incitador, Anton elevou sua mão para Petre, o qual senti se enrijecer sob o meu toque em seu braço.

          Meu pai hesitou, o músculo acima de seu maxilar se retraiu e a sua garganta fizera movimentos duros e secos. Apertei meus dedos à sua volta com um olhar suplicante, o qual ele me devolvera, totalmente derrotado. Petre respirou fundo, e então segurou a mão do Anton.

          O cumprimento fora breve, ríspido. Logo meu pai já estava virado para mim, me beijando a testa. Assim que ele se afastou e seguiu em direção à minha mãe, Anton se colocou ao meu lado, e estendeu o braço. Éramos só nós dois, agora. Endireitei-me e elevei o meu queixo antes de me apoiar nele, então juntos, demos os últimos passos até o juiz de paz.

          A música se encerrara, e alguém pegara o meu buquê. Um longo discurso se precedeu, enquanto eu, apenas divagava sem conseguir pensar ou assimilar aquelas palavras. Cada parte do meu corpo estava concentrada no ser ao meu lado, completamente em alerta para corresponder com ansiedade a qualquer mínimo movimento dele. E fora o que fiz quando o vi se virar para mim, me virei para ele, mesmo sem entender de imediato o porquê.

          Nossos olhares se encontraram, o dele, tão enigmático que não me revelava nada mais do que uma calma fria, enervante, que fizera eu me sentir no ápice da maior montanha do mundo, daquelas cobertas por grossas camadas de neve. Eu senti frio e calor ao mesmo tempo. Um frisson atravessava a minha pele e se unia ao fervor do meu sangue. A pulsação, a respiração disparada, e uma intensa reviravolta em meu âmago.

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