21° Capítulo

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Eu viajava pelos meus pensamentos sem prestar o mínimo de atenção ao treino dos dragões.
De repente começou a doer-me tudo. A cabeça, a barriga, as pernas, os braços e pior de tudo, o coração.
Nunca na vida eu tinha sentido algo assim tão horrível.

-Esta tudo bem querida? - o meu avô perguntou com uma certa preocupação.

- Sim avô, está tudo bem. - menti e forcei um pequeno sorriso. - Eu lembrei-me agora de que tenho uns assuntos a tratar, eu vou ter de ir.

-Te a certeza que está tudo bem? - perguntou mais uma vez preocupado.

- Sim avô está tudo ótimo. - depositei um beijo na sua bochecha e sai dali.

Caminhei pelos corredores do Centro de estágio até á saída. Entrei no meu carro em seguida e conduzi. Sem rumo certo, sem mesmo dar atenção as placas indicatorias. Eu só queria estar sozinha.

Quando dei por mim já estava perto de Vila do Conde e não demorou muito a lá chegar.
Lembro-me perfeitamente dos momentos que passei aqui com os meus dois primos, filhos da minha madrinha que infelizmente teve um acidente de carro e não sobreviveu. Nem ela nem o meu tio, seu marido, apenas restaram os filhos e esses emigraram para Inglaterra pois quando os pais morreram eles já eram maiores de idade e decidiram sair de Portugal dizendo que este país nunca lhes daria o que eles precisavam.
Espero que estejam felizes agora e espero que tenham encontrado o que precisavam lá em Inglaterra.

Depois de estacionar o carro bem perto da praia, tirei os sapatos e caminhei pela areia até chegar perto da água.

Não molhei os pés porque imagino que a água esteja gelada mas sentir-me na areia seca ficando bem perto da areia molhada.

Não tinha muita gente por cá, uma pessoa aqui, um casal ali, umas crianças a brincar ali e eu aqui perdida em pensamentos, perdida na vida.

O André tinha razão, o dia haveria de chegar. E chegou!
O dia em que eu comecei a sentir chegou e a primeira coisa que sinto e dor.
Serei eu tão maldosa que pela primeira vez que sinto alguma coisa depois de tanto tempo essa coisa seja dor? Serei eu tão má? Ou estarei eu a confundir as coisas.

Talvez não seja dor o que estou a sentir, talvez seja algo diferente algo maior, algo que nunca senti r que por nunca o ter sentido eu esteja a confundir com dor.

Ouvi o toque do meu telemóvel e tirei o mesmo da minha bolsa vendo no ecrã o Nome "André".

-Estou. - disse depois de atender a chamada e encostar o telemóvel ao ouvido.

-Esta tudo bem? Porque foste embora? - perguntou.

- Eu tinha uns assuntos para tratar. - menti.

-Porque me estás a mentir? - perguntou suspirando em seguida.

-Andre, eu não quero falar agora está bem? - suspirei pesado.

- Eu não vou insistir. Só quero que estejas bem. - ele falou calmamente.

- Eu estou bem André, não te preocupes. - disse.

-Tudo bem eu não insisto, eu adoro-te. - ele disse e eu fiquei em silêncio e sem saber o que dizer. - Desculpa, já percebi que não devia ter dito.

- Nao, não faz mal André. Eu... Eu também te adoro. - eu disse e desta vez foi ele que ficou em silêncio. -Te depois André.

Desliguei a chamada sem esperar por uma resposta sua e voltei a guardar o aparelho na minha bolsa.

Bad B!tch || Rúben Neves✔Onde histórias criam vida. Descubra agora