Outrora

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"- Ele já está falando com outra pessoa. - Disse Bruno.
- Está? - Perguntei mesmo sabendo a resposta, só para ter a certeza. - Que bom, assim ele me esquece mais rápido. - tentei agir com indiferença e pela resposta dele, pareceu agir com concordância.
- Mas aconteceu uma coisa chata à caminho da praia... - fiquei apreensiva. - ...Lucas viu seu nome no meu histórico de mensagens do celular, e ficou em silêncio até chegar a beira da praia. - admito que fiquei um pouco aliviada, não por ter feito ele ficar triste, isso também mas o que me deixou mais confortável foi ter entendido, que ainda havia um sentimento ali.
- Ele é bem reservado, duvido que diria algo a você! - comentei
- De acordo, ele não toca mais no assunto relacionado a você ou com quem conversa. - Disse Bruno".

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"- Lucas terminou comigo. - Contei a minha mãe na qual veio logo me abraçar.
- Sinto muito filha. - disse ela
- Foi o melhor. - Tentei parecer indiferente. Assim que ela saiu do quarto mandei mensagem a minha amiga, e não consegui mais segurar, desabei a chorar. Minha amiga ficou preocupada, pois nunca havia me visto daquele jeito. A princípio deixou que chorasse tudo, depois começou a me acalmar e dizer aquelas coisas que amiga sempre diz, que vou superar, que no começo é difícil mesmo e temos que dar tempo ao tempo.
Nesse mesmo dia, resolvi sair para correr para espairecer e Lucas mandou mensagem querendo conversar mas o ignorei, por outro lado entendeu. Pediu que assim que chegasse, gostaria de falar comigo e que o ligasse, fiquei nervosa a princípio, mas relevei. Quando cheguei da corrida, mandei mensagem a ele perguntando o que ele queria, disse que já não era mais nada e se despediu, insisti, pois, sabia que era o jeito dele de fazer drama e gostava da ideia de me ver correndo atrás. Ele ligou, e ficou fazendo mais drama pois disse que precisava conversar comigo pois não conseguiria dormir sem ouvir a minha voz. Ele tentou se despedir, mas acabei sendo fraca a ponto de chorar e ficar nervosa, ele ficou triste e disse que não aguenta mais, eu compreendi e resolvemos por um fim nisso tudo, foi doloroso, mas foi o melhor.


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Havia lágrimas secas sobre a bochecha e acho que chorei dormindo, levantei e fui direto para a cozinha com sede. Na mesa da cozinha, constava algumas cartas levantei as sobrancelhas em surpresa e deduzi que não estavam ali antes. Peguei nelas, e havia um pouco de poeira na mesma então assoprei para tirar o excesso. Ao lado havia uma caixa, com a assinatura do Lucas, não tive interesse em abri-las, peguei-as e coloquei dentro de um baú que havia perto da cama. O celular estava na cama tocando quando entrei no banheiro, ao ouvir voltei e atendi sem olhar na tela. 

- Gabriela?
- Sou eu.
- É a Luciana, quer dar um pulo aqui hoje para fazermos algo? 
- Desculpa Luciana, tenho um compromisso hoje. Talvez na próxima semana?
- É claro. - Concordou meio abalada. - Queria lhe apresentar a minha sobrinha, e podermos passar o domingo juntas. - Paralisei com a ideia.
- Sinto muito, é algo que não posso adiar. Podemos remarcar ...
- Ok! Tenha um bom domingo. - e desligou sem ouvir a retribuição.
- Por essa não esperava. - Falei comigo mesma. - Conhecer justo a namorada dele, é muita sacanagem do destino.

Era domingo, dia de não fazer nada. Peguei meu computador, liguei o Skype e chamei Yasmin para conversar, magra de cabelos cacheados, de olhos verdes e usava óculos. Seu jeito ogra não queria dizer que não era sensata e boa conselheira, sou grata por ter ela e por nós nunca termos nos afastado. Durante a chamada, contei-lhe sobre a viagem, os acontecimentos e sobre o Lucas, por ela já não se lembrava mais dele, mas fiz questão de atualiza-la. Yasmin tinha mesma idade que eu, porém já era formada em Engenharia e trabalhava durante a semana. Aos finais de semana saía com os amigos para espairecer e contou-me que conheceu um rapaz, ao mostrar-me uma foto do mesmo senti que o conhecia de algum lugar, mas não tentei pensar nisso. Saíram para tomar um suco e não houve nada de mais, o rapaz parecia ser alguém de bom coração, não a tocou e nem a beijou, queria apenas conversar e conhecer melhor. Pelo entusiasmo dela, senti uma alegria na voz quando começou a contar sobre o tal rapaz.
- Yasmin, ele é da onde? – perguntei
- Daqui mesmo, o conheci no... - Parou e ficou séria.
- Onde? - Insisti com medo da resposta.
- Na rua Augusta. - e fiquei séria
- Por acaso você teve notícias daquela pessoa?
- Na verdade sim, mas não é o momento certo para contar. - disse ela
- É grave?
- Pior que é.
- Me dá um resumo. - pedi
- Gabi...
- Por favor! - implorei com medo dessa vez
- Vi ele de longe, com uma garota entrando numa rua escura. Quando os segui e espionei com cuidado na onde eles tinham ido, vi os dois transando, mas a garota estava com um cachimbo na boca tragando, e maconha não era, com certeza. - E olhou para o lado de repente. - Já vou Chris. - Olhou para mim agora. - É o Chris, mas deixa eu terminar. Ela viu que vi, sem pensar duas vezes sai correndo sem olhar para trás, ela não me seguiu. Agora eu preciso ir, vou ao mercado com o Chris comprar algumas coisas para levar amanhã no trabalho. - Enviou-me beijos e se despediu, e só o que consegui retribuir, um aceno de preocupação.
- Eu amo você Gabi. - E desligou. Assim que desligou, peguei meu antigo celular e cliquei na galeria, havia fotos de nós dois juntos, e senti um desespero quando Yasmin contou-me aquilo e consegui imaginar sem parar. O resto do domingo foi apenas de descanso, fiquei estudando e lendo livros para sair um pouco da rotina, e poder trabalhar na segunda com a cabeça mais descansada e não ficar lembrando de cada lembrança traumatizante que assombrava meu passado, mas que parecia tão presente.

De repente, PortugalOnde histórias criam vida. Descubra agora