Ir para o Brasil poderia ajudar a pensar melhor, tomar novas decisões e organizar um pouco minha vida. Por falar nisso, meu celular não parava de vibrar, havia mensagens não respondidas, perguntando aonde estou, por que fiz isso, mas ignorei todas. E por assim adormeci no avião.
"- Você está bem?
- Não sei, parece que nada mais faz sentido. – respondi
- Você foi para Portugal em busca de respostas e esclarecimento, mas não deu muito certo né?
- Sinceramente pensei que me sairia melhor, mas desiludi de todos.
- E acabou por isso?
- Acho que sim, mas o que vou fazer agora?
- Segue sua vida, você não morreu, tem um trabalho ainda e quem sabe encontrar um alguém para recomeçar a vida.
- Eu não tenho mais interesse em conhecer alguém...
- Ninguém tem, e é ai que você conhece."
Acordei e olhei para os lados, desci do avião, apanhei um Uber para minha casa, não levou nem dez minutos que chegamos e pude sentar no sofá. Liguei a TV, e depois peguei o celular, atendi quando começou a vibrar.
- Como pode fazer isso? - gritou uma voz.
- Quem está.. - olhei a tela - Bruno, me desculpa por isso, mas precisei vir de última hora...
- Você foi muito egoísta, não pensou em seus amigos, não pensou em nada... - disse ele
- Bruno...
- Estou decepcionada Gabriela!
- Me perdoa, mas tive que vir
E desligou.
- Acho que fiz uma estupidez... - pensei em voz alta. E peguei o celular novamente, disquei um número, no segundo toque atendeu.
- Oi tia, cheguei agora de viagem.
- Venha aqui em casa!
❀
Assim que cheguei em sua casa, a mesma estava esperando no portão completamente sorridente. Corri para os seus braços e, algo passou pelo meu coração, fazendo com que derramasse lágrimas facilmente, o seu abraço deu uma dor profunda a ponto de soluçar. Tia Lucia afastou-me e olhou nos olhos, e voltou a abraçar-me.
- Vem, vamos entrar! - Disse ela, pegando minha bolsa do ombro.
- A tia, estou cansada. Parece que tudo que faço é errado, eu dormi com meu melhor amigo e o machuquei em seguida. - Comecei a chorar mais.
- Ei, calma! - Disse ela, pegando um copo d'água. - Conte-me o que aconteceu.
- O Vinicius me ligou ameaçando, minha mãe foi para o Japão. - Respirei fundo - E agora voltei, para tentar sair um pouco do sufoco. O Lucas apareceu e fez uma bagunça em mim, a namorada dele grávida e ele querendo vir de frescura para meu lado. - Tomei um gole de água enquanto sentava na cadeira da cozinha. - Na empresa vai muito bem, mandei mensagens ao George para vir trabalhar um tempinho na empresa de cá e ele compreendeu! - Pensei sobre o George - Nem acredito que ele compreendeu. Liguei para ele antes de vir, e perguntei se ele teria uma vaga de trabalho para minha prima conseguiu algo melhor na Espanha.
- Você não deveria desistir, sei que és capacitada.
- Mas sou fraca em muitas coisas.
- Querida, eu sei que é difícil tudo isso, mas você desistiu muito rápido. Tá bom, você dormiu com seu melhor amigo, mas e se essa amizade pudesse virar um romance igual desses filmes internacionais que se casam no Havaí. Você está exagerando em algumas atitudes, tentando carregar o peso do mundo de uma forma diferente. - Explicou, e pensei melhor nisso. - Você não pode desistir, é melhor você se reerguer e encarar essas situações, você já passou por coisa pior.
- Obrigada Tia.
- Não desista, porque tudo passa muito rápido.
- Eu sei. – Respondi
- Vamos ao shopping! – Disse ela sorrindo
❀
Na praça de alimentação, estávamos em perfeita sintonia, almoçamos juntas depois andamos de loja em loja. Minha tia estava alegre, contou várias coisas que aconteceu, seu novo namorado que a pediu em casamento. Seu vizinho que foi assassinado na semana passada, sobre seu pai que faleceu a três dias atrás de câncer, e seu comportamento estar estranho. Pelo seu jeito, diria que ela sempre foi assim, sorridente e boa ouvinte, mas hoje ela estava extrema. Depois de alguns momentos de alegria, sentamos em um banco para tomar sorvete e ela acabou por chorar, abracei ela e a confortei. Naquele exato momento, minha tia chorou por tudo, e por várias coisas que aconteceu.
- Sinto-me pressionada! – Começou ela – Minhas amigas ficam ligando para sair e espairecer, porque tem medo do meu luto se tornar mais grave. A morte do meu pai mexeu comigo e agora tem o pedido de casamento do José. – Respirou fundo – Eu nem sei se quero mesmo casar.
- Tia, acho que você deveria dar um tempo de tudo isso. – Expliquei – Conversa com ele, e explica tudo. Ele irá entender a tua situação, porque querendo ou não admitir, você não está bem.
- Eu sei! – Concordou – Sei disso, mas nunca aceitei ouvir ou admitir. Você dizendo é mais fácil, deve ser porque somos família.
- Tia, eu preciso de você. – Contei – Posso vir morar aqui? – Perguntei com cautela
- Gabi, tem certeza?
- Por que? – Perguntei deprimida
- Você é independente, se você morar aqui, vou pegar sempre no seu pé. E querer agir como sua mãe. – Disse ela – E tu sabe bem, que eu e sua mãe somos irmãs, nossa personalidade é um nível hard. – E começou a rir
- Pensando bem, tem razão. – Olhei para baixo
- Mas você é sempre bem-vinda para dormir, a hora que quiser. – E me abraçou beijando minha cabeça.
- Tia, acho que sou vulgar? – Perguntei com voz de choro
- Claro que não, por que pergunta isso? – Com preocupação na voz
- Às vezes acho que sou.
- Aconteceu mais alguma coisa?
- Tantas. – Chorei
- Por favor, me conte, estou ficando preocupada.
- A muito tempo atrás, acho que deve ter uns oito anos atrás, não me recordo. Trabalhava numa outra empresa como auxiliar de escritório. – Terminei o sorvete e abri a garrafa de água. – Agora o que vou contar, não pode sair daqui de jeito nenhum.
- Claro! – Disse ela ansiosa.
- Eu amava trabalhar naquele ambiente, de pessoas maravilhosas. O lugar era bom e agradável, mas nem tudo são flores e arco-íris. Fez um ano na empresa, nesse dia fiquei até mais tarde e o tempo estava mudando, quando sai da empresa começou a chover e eu corri para o carro. Fiquei um tempo lá dentro me secando, depois coloquei a blusa porque estava muito frio, depois sai e no caminho vi o filho do diretor da empresa na rua parado, acho que esperava por alguém. Parei o carro, e perguntei se ele queria uma carona, mas ele fingiu que não ouviu, chamei ele e fui ignorada, perguntei mais uma vez, mas ele continuou andando. Desci do carro e fui atrás dele, seus olhos estavam vermelhos e quase fechados. Perguntei se estava tudo bem, e ele disse que não, então o puxei pelo braço e coloquei no carro, respirei fundo e perguntei para onde ele ia, disse que para sua casa. Perguntei também o por que ele estava na rua, e ele ficou quieto, depois de alguns minutos pediu para leva-lo até em casa.
Até aí tudo bem, ele ficou parado um tempo pensando eu acho, depois virou para mim e ficou olhando-me nos olhos, por um momento achei que.... Não sei e nem lembro o que pensei. Ele do nada atacou-me com um beijo, segurou meu rosto e me beijou forte, de perder o fôlego. Depois o afastei e gritei, "que porra é essa", e ele deu risada. "Eu sei que você queria". Depois eu disse"sai do carro, agora", ele deu risada de novo e disse "até amanhã Gabriela", aí pensei "puta que pariu" e fui embora.
- Só isso? – Perguntou ela
- Não é apenas só isso, ele é Diretor, meu chefe, e ele foi estupido o bastante para fazer aquilo. No dia seguinte não sabia aonde enfiar a cara, fiquei extremamente envergonhada. – Expliquei abismada
- Gabriela, calma! – Passou uma de suas mãos sobre meu cabelo. – O que mais aconteceu?
- Primeiro que achei que ele não lembraria, depois notei que estava fingindo. Seu olhar a cada vez que passava por ali, era uma acusação diferente, o Erik é um rapaz já formado, formado em direito e devia ter seus trinta e sete anos. E eu acabado de completar dezoito anos.
- Bom, de menor você não era mais. E ele, por ser bem mais velho que você... – Disse ela, tentando obter alguma conclusão.
- Tia, isso foi errado. De qualquer maneira, o Erik soube bem fingir, então o que eu procurei fazer? Era ir embora mais cedo e mais rápido. As meninas começaram a perceber o meu nervosismo para ir embora, mas disse que precisava chegar rápido em casa a resolver assuntos pessoais. – Expliquei
- Até ai, tudo bem! – Disse ela cruzando as pernas, então virei de frente para ela cruzei as pernas em borboleta e continuei.
- Tia, foi o dia mais louco da minha vida. – Comecei a sorrir sem perceber, e minha tia sorriu de volta – Teve uma sexta-feira que o telefone tocou, quase a ponto de ir embora atendi e a voz do outro lado da linha era ele. Estranhei sua voz, mas notei que queria algo, olhei lá fora e seu carro estava estacionado na vaga. Perguntei o que ele queria, então pediu para que subisse em sua sala.
- E você subiu? – Perguntou afobada
- Sim. E ele é um doido. – Comecei a gargalhar – Tia, o diretor fechou a porta logo após quando entrei, ai ele pegou na minha mão e levou até o seu rosto, sorriu para mim e se aproximou para me beijar quando eu me afastei, e ele ficou sério.
"- O que houve? – Perguntou ele – Achei que você queria.
- O que você pensa que eu sou Erik? – Perguntei confusa – Não sou fácil assim, você não me conhece então não me trate como se eu fosse as mulheres que você sai.
- Gabriela, - Chamou enquanto se aproximava – Você não me conhece, e nem as mulheres que eu saio".
- Ai tia, não sei o que me aconteceu, mas pulei no colo dele e lasquei um beijo nele. Ele me segurou e me levou até sua mesa, ali mesmo jogou as coisas dele no chão e subiu em cima de mim, ainda me beijando começou a descer até a minha barriga e já sabe como a história termina.
- Meu Deus, - Disse ela – Como isso é possível? – Perguntou surpresa
- Não sei, realmente não sei. – Olhando para o nada, em busca de respostas – Não sei o que ele viu em mim, mas não virou romance, porque ele estragou tudo. O Erik era uma pessoa, não um homem, uma pessoa mesmo. Muito estranho, agia de forma estranha, mas ele de alguma forma possível tentou dizer que me amava sem dizer. Ele era nervoso, mas também era calmo. Saia com outras mulheres, e quando sabia que eu saia com meus amigos ou até mesmo ficasse com algum menino ele me perseguia, e ficava me forçando a fazer as coisas para ele....
- Quais coisas Gabriela?! – Perguntou preocupada
- Ele me usava no carro, forçando a dizer que eu era só dele. Depois deixava-me algemada em seu quarto, enquanto fazia suas tarefas da empresa. Tinha dias que o pai dele ligava e ele fingia que estava doente só para não sair de casa.
- Nossa. – E agitou a cabeça de repente – Qual era o problema dele? – Perguntou pasma
- Não sei bem, lembro pouco da última vez que o vi. – Respirei fundo – Teve denúncia, então me tiraram da casa dele, com ele algemado. E essa foi a última vez que o vi. Poucos meses depois, recebi a oportunidade de ir para Portugal, mas estou com receio pois foi bem na semana que ele tinha sido preso, e juro para você que não sei que o denunciou, você lembra quando eu fiquei sumida por uma semana e meia, não tive notícias de ninguém, e depois que fui libertada eu não me lembro muito bem, só sei que tudo estava lento e eu lembro ter acordado num hospital. George estava estranho quando fez a oferta, incluindo muitas coisas. E Dean também manteve os olhos em mim quando cheguei lá, - Parei de falar e pensei melhor. – Acho que isso, sobre ser promovida e enviada a Portugal, foi para esquecer o que aconteceu, mas lembrei de tudo Tia. O que será que aconteceu com o Erik? – Levantei abruptamente
- Calma Gabriela, senta e conta direito isso.
- Preciso saber o que aconteceu, e não vai ser aqui que vou descobrir. – Comecei a andar, e minha tia estava logo atrás.
- Gabriela não é uma boa ideia isso.
- Tia é sim, preciso saber se ele está bem. – Entramos no carro, e minha tia dirigiu pois comecei a ficar nervosa, indiquei a ela como ir na antiga casa dele sem ter certeza se ele ainda morava lá. Minha tia estava quieta a princípio depois tentou conversar e a entender, deu apoio e assim nos acalmamos. Em poucos minutos chegamos na frente da casa dele, fiquei arrepiada de pavor, estava do mesmo jeito, parecia que estava sentindo o cheiro daquele quarto imundo. E os gritos de prazer com dor.
- Chegamos. – Olhei para ela – Fique no carro tia, caso algo aconteça eu vou correr então deixa ele ligado. - Sai do carro indo em direção a porta, quando fora aberta sem chama-lo ou ter sequer pronunciado seu nome ali. Uma mulher sai primeiro, olha para mim com uma expressão enojada e depois ele, ainda bonito, com barba feita e o cabelo cortado. Sua pele branca e o cheiro de seu perfume, parece até bruxaria. Ao me ver, ficou mais pálido do que o normal e imóvel. A mulher asua frente achou estranho e olhou de mim para ele com uma expressão "que porra é essa", mas não disse nada, ao invés disso saiu andando e entrou no carro que estava estacionado na frente da garagem dele. Erik ainda olhava para mim, deixando-me sem jeito.
- Por que está aqui? – Perguntou com frieza na voz
- Vim vê-lo e como está. – E olhei para a mulher – Mas olhando em si, está bem demais.
- Você não sabe o que está dizendo, por que não volta para o seu país. – Entrou em sua casa e fechou a porta. Olhei para minha tia e a mesma sorriu de alivio, então voltei para o carro e começamos a rir.
- Foi melhor do que esperava – Disse ela e continuamos a gargalhar.
- Parece que um problema foi resolvido. – Pensei positivo, mas ter visto ele não foi uma boa ideia, fiquei com receio. Lembrando dele, fez meu coração viver novamente, ele estava bonito, do jeito que gosto e pensar no que passamos juntos, não era completamente ruim, mas também não foi saudável.
"- Gabriela, sei que tudo que estamos passando vai acabar, eu preciso aproveitar de você ao máximo para um dia quando terminarmos você possa sempre lembrar de mim. – Disse ele nu na minha frente segurando sua genitália e fazendo gesto para intimidar. – É isso que você quer?– Perguntou ele
- sim! – Falei sem pensar, e minha cabeça estava ao ponto de explodir. Ele colocou todo seu peso contra mim, fazendo força para entrar e minha cabeça começou a girar conforme ele se movimentava. Minha mente pedia socorro, mas a boca estava aberta apenas respirando. – O que?
- O calma, já vamos terminar – Disse ele ofegante – Sem pressão baby."
E sem perceber, caiu uma lágrima no chão.
- Gabriela? – Chamou minha tia
- Sim? – Olhei para ela, limpando os olhos rapidamente
- Está tudo bem? – Perguntou
- Claro, e sabe o que eu preciso? Sorvete! – Desconversei e ela percebeu assentindo. – Obrigada tia, de verdade, muito obrigada por estar comigo.
- Te amo Gabi!
- Te amo tia!
VOCÊ ESTÁ LENDO
De repente, Portugal
Lãng mạnCom uma proposta de emprego, Gabriela foi transferida para trabalhar fora do Brasil. Seu chefe não hesitou em envia-la para trabalhar em Portugal, na qual reencontrou seus amigos do passado, cujo havia conhecido pela internet em uma época difícil na...