A visita

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1 mensagem de texto.

"Se essa é sua decisão, espero que não se arrependa". Era o Antenor, ele havia enviado mensagem as três horas da manhã, e isso fez meu corpo arrepiar completamente, e sem responde-lo voltei para a cama mas, acabei por ouvir um barulho na cozinha, fiquei ereta mas não levantei, esperei alguns minutos e a porta da sala bateu, e assim ficou tudo silencioso.
Hesitei ao sair da cama mas consegui, peguei a vassoura de trás da porta e fiquei em posição de ataque, indo com cautela até a cozinha, quando me deparo com um sujeito de preto se limpando.
- QUE SUSTO! - Era o Lucas.
- O QUE ESTÁ FAZENDO AQUI? – Gritei
- Será que dá para abaixar o tom de voz? - Disse ele calmamente.
- O que? - Irritada com a calma dele. - Você invade minha casa, na madrugada e ainda pede para baixar o tom de voz? Ficou maluco? - e ele ficou bravo.
- Gabriela, desculpa! - disse ele acendendo as luzes, e se aproximando aos poucos.
- O que está fazendo? - perguntei
- Quero te ver de perto, não posso?
- Fique onde está! - pedi
- Você mudou, era tão carinhosa comigo, atenciosa, sinto falta disso.
- Você tem isso, com sua namorada agora.
- O que? - Disse confuso - Quem lhe contou da Carol?
- Bruno contou.
- Entendi. - ele se aproximou novamente, e senti cheiro de álcool.
- Andou bebendo?
- Parece que sim.
- Precisou beber para falar comigo? - perguntei com angustia
- Eu sinto sua falta Gabi. - e meu corpo vibrou, agarrei a parede para não perder o equilíbrio.
- Lucas, por que está fazendo isso? - sentei no chão e senti vontade de chorar.
- Não chore, por favor! - e me abraçou
- Você não entende o quão isso é doloroso para mim.
- Acha que não sofri? - Levantando meu queixo. - Não imagina o quanto fiquei triste, nunca pensei que viria cá, nunca pensei que iria vê-la pessoalmente, tudo isso é muito novo para mim e você aqui nesse momento, é difícil de acreditar, tive de beber para cair na real. - Encostou sua testa na minha. - Nunca deixei de pensar em nós, eu tive medo, apenas isso.
- Lucas, eu segui em frente como você pediu, lembra? - Recordei - Você foi ríspido, e disse "Se feliz aí, que eu serei aqui".
- Não, por favor não diga isso. Falei aquilo porque estava com medo.
- E agora que estou aqui, convém a você querer se abrir e se arrepender? - levantei e afastei dele.
- Gabi, desculpa. Me perdoa por favor?
- Não, dessa vez não! - Com firmeza - Quero que você vá, agora. Por favor! - ele ficou com os olhos molhados e vermelhos.
- Não, por favor, não diz isso. - Sem derramar uma lágrima, ainda molhado.
- Por favor Lucas, vá agora. - Ele ficou quieto, abaixou a cabeça e fungou o nariz.
- Lucas? - chamei
- Para, não diz mais nada. - Ele se virou e foi embora. Quando saiu pela porta, caminhei até a janela e ele parou, ficou olhando para o chão e fiquei observando, ele deitou a chorar, de soluçar e ficou enxugando as lágrimas com a manga da blusa. A princípio fiquei com pena dele, mas tinha de ser assim, não posso chegar aqui e entregar-me para ele que anos atrás humilhou e me fez sofrer. Está sentindo dor agora, mas isso vai passar, sempre passa, nem toda dor é infinita.

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Na noite seguinte, pensei em Diogo e resolvi ir até ele para desculpar.
Toquei a campainha, e o mesmo saiu.
- Oi Gabi, - disse sem emoção.
- Desculpa por ontem - comecei - Não imaginava que ele iria aparecer assim de repente.
- Ele é um saco. - Disse Diogo, agora sorrindo - Entre, vamos tomar um café.
Correu tudo bem a noite, tomamos café, conversamos. Contei a ele algumas coisas que ocorreram comigo no passado e ele ficou pasmo, pois nem tudo ele sabia. Pedi desculpas pela ausência enquanto estava no Brasil, mas ele compreendeu.
- Sei que sou um idiota as vezes, mas é porque me preocupo com você. - disse ele
- Toda vez você é um idiota, mas peço desculpas por ter parado de falar contigo. - sorrindo sem mostrar o dentes.
- Tudo bem. - Tomando um gole de café. - Às vezes são assim nossos dias, uns se vão e outros chegam do nada.
- É - confirmei.
- Como está o namoro? - perguntei
- Bem, na verdade iremos sair hoje. Quer conhecer ela?
- Quero sim. Mas antes preciso lhe contar, que Lucas apareceu em casa de madrugada, quis reconciliar, algo assim. - Contei devagar para ver sua reação, mas foi simples pois ele só observou. - Estou deixando de sentir sabe, ele não me interessa mais como antes, tudo ficou normal de novo, o céu continua azul, meu coração está deixando tudo que aconteceu para trás. Não existe mais futuro com Lucas, eu quero e preciso de novos objetivos.
- Faz bem Gabi!
Naquela noite, conheci a tal moça que Diogo estava namorando e tomamos mais café, dessa vez juntos. Nada a comentar sobre ela, excelente pessoa, educada e apaixonada por ele... Mas como ele é ingênuo não percebe o quão ela está por ele.   

De repente, PortugalOnde histórias criam vida. Descubra agora