Amanheceu e não tinha como não notar que havia vinte ligações perdidas em meu telefone, era minha mãe, fiquei preocupada e retornei.
- Mãe? – chamei
- Oi filha! - Disse ela. - Que bom que ligou, está tudo bem?
- Sim, por que a surpresa?
- Estava preocupada, Vinicius saiu daqui bufando de raiva e não disse nada.
- Ele é assim mesmo mãe. - confessei - Não deixa mais ele entrar aí!
- E nem vai precisar, ele pegou seu número. - Tudo ficou tão conturbado de repente, que senti ânsia.
- Está bem, depois eu lido com ele, preciso ir trabalhar. - e desliguei, fiquei um tempo pensando em relação a tudo. O Lucas sumiu, Bruno sumiu, e o Vinicius apareceu para assombrar, minha mãe no Brasil, Ester fazendo medicina e tem o Diogo que, ainda não tive tempo de avisar que havia chego. Levantei da cama indo direto ao banheiro, tomei banho e me arrumei para ir trabalhar.
No trabalho, Antenor veio até minha mesa com um sorriso de orelha a orelha, no intuito de comunicar uma notícia boa, pelo menos era o que eu esperava.
- Gabriela! - Cumprimentou com um aceno.
- Senhor! - acenei de volta.
- Preciso que vá a minha sala depois do almoço, quero conversar com você! - ordenou, e só concordei com receio.
A impressão que tive, era que seria demitida e acabei ficando até a hora do almoço um pouco apreensiva e preocupada, Luciana tentou acalmar meu desanimo mas não deu certo. Até que o horário do almoço passou, e Luciana desejou boa sorte, apesar de não ter conseguido comer direito ainda assim senti vontade de vomitar, e fui ao banheiro, coloquei o dedo na garganta e só saiu líquido.
Na sala do Antenor o mesmo estava sentado e ao me ver se levantou e indicou a cadeira para sentar, fiz o que pediu e ficou analisando meu comportamento por alguns instantes.
- Percebo que está um pouco nervosa, estou certo? – Perguntou
- Parece que sim.
- Não fique, não é preciso ter medo. - Disse ele me acalmando. - Chamei você aqui, para parabeniza-la pelo seu trabalho e gostaria de saber se poderia me ajudar, com uma tarefa externa, tenho um amigo que está sendo ameaçado por uma família que é agiota, e ele está tendo problemas com dinheiro e preciso saber quem são essas pessoas que estão extorquindo ele. Esse meu amigo é um tanto reservado, mas aqui - tocou em uma pilha de documentos. - Tem informações a respeito dele, e sobre sua vida profissional até pessoal.
- Entendi, mas o que exatamente o senhor quer que eu faça? - Ainda com dúvidas.
- Quero que investigue, e analise cada detalhe sobre a vida dele. - Disse - Quero achar essas pessoas que estão o perseguindo injustamente. - De imediato fiquei pensativa e preocupada com o pedido. Antenor observou cada expressão que pude passar a ele, e ficou esperando uma resposta, mas não soube o que dizer naquele momento. - Se aceitar, posso ajudá-la a ficar nesse país definitivamente se estiver planejando isso, e além disso poderá ganhar por fora com esse trabalho que ofereci.
- Senhor...
- Senhor? O que disse sobre me chamar assim? - disse ele ironicamente.
- Desculpe! Antenor, eu admito que estou tentada a fazer isso, mas não haverá problemas?
- Eu sei, isso é preocupante para mim também. Mas garanto a sua segurança, e prometo que tudo será em anônimo, você não será responsabilizada por isso, até porque sou eu quem está pedindo a você porque é alguém de confiança. E não poderia contar a ninguém sobre isso. - disse ele, com gentileza no olhar.
- Até quando posso dar a resposta? - perguntei
- Até a meia-noite! - Firme na resposta. Ao abandonar sua sala, não consegui pensar em mais nada a não ser na proposta, e a todo lugar que olhava só conseguia ter a imagem de mim mesma sendo presa por invasão, e aqueles que um dia orgulhei desapontados com a minha escolha.
Ao sair da empresa, caminhei até o carro com uma sensação diferente, um pensamento a outro pensamento vinha e deixava o clima mais intenso, olhei meu celular e não havia mensagens ou chamada perdida.
- Alô? - atendi na primeira chamada.
- Quem é? - perguntou.
- Gabriela. - E ele ficou mudo.
- Chegaste em Portugal e não me avisou? - Disse ele.
- Desculpa, as coisas estão começando se acalmar agora.
- Quero te ver, manda tua localização!------------------------------------
Em frente à minha casa havia uma carro estacionado, e nele estava encostado mexendo no celular, quando avistou-me deixou o aparelho cair no chão e logo o pegou desajeitadamente, dei risada e fez o mesmo.
- Gabi!! - Disse, e abraçou-me com euforia.
- Olá Diogo! - Afastando para olhar nos olhos. - Você mudou. - Falei em tom surpresa. - Ainda usa óculos, - olhando com cautela. - Sua barba cresceu, e veja só, você está mais alto e forte. - E ele riu com admiração.
- Tenho me esforçado bastante, estou trabalhando e agora estou namorando. - Disse ele.
- Que bom para você!! - Respondi sorrindo, e realmente fiquei feliz por ele mas notei que hesitou ao mencionar que estava namorando. Dentro de casa, fiz o jantar para nós, e conversamos sobre tudo, ele estava empolgado pois ainda não acreditava que estava com ele ali, naquele momento. De repente a campainha tocou, e como havia ido tomar banho, Diogo atendeu, não ouvi nada do banheiro e o mesmo não gritou quem era, esperei alguns minutos e assim que terminei o banho fui até a sala de toalha.
- Lucas? - Levei um susto, e o mesmo parecia estar irritado.
- O que está acontecendo aqui? - Perguntou. Diogo ficou me olhando com espanto o aparecimento dele assim, sem avisar.
- O-o que está fazendo aqui? - disse Diogo.
- Meu Deus, cadê uma arma quando se precisa? - Perguntei em voz alto ironicamente, e os dois ficaram encarando de volta sem dar uma risada.-------------------------------------
Depois de colocar a roupa, andei até a sala com receio do que teria de enfrentar, e os dois estavam calados, esperando.
- Olá! – entrei
- Cheguei em uma hora má? - perguntou Lucas
- Diogo e eu íamos sair, na verdade - falei e apontei para o mesmo. - Esse é Diogo, e Diogo, você já sabe quem é ele. - Lucas levantou uma sobrancelha em surpresa.
- Como assim "você já sabe quem é ele"? - disse Lucas
- Acho que chegou o momento de eu mesmo falar. - Apontou para o sofá, e nós nos sentamos. - Lucas, conheci Gabriela na mesma época em que você terminou com ela, dei um ombro amigo, conselhos e apoio sobre as decisões dela. - Ele não disse nada. - Gabriela é uma grande amiga para mim, e por esse motivo sempre estive ao lado dela, mesmo distante, e por assim dizer a respeito muito. E pelo o que você fez a ela, estou aqui para total proteção.
- Quem você pensa que é? - Disse ele. - Não importa quem você seja. - Se levantou novamente, fiquei em silêncio e Diogo fez o mesmo.
- Acho que você foi um canalha! - Aumentou o tom de voz. - Sabe quantos cacos tive que pegar dela? - apontou para mim.
- Diogo, para! - Falei imediatamente. - Não é necessário isso, acabou por aqui. Vocês devem ir agora.
- Gabriela? - disse Lucas
- Para, você me chutou, depois sumiu e depois de não muito tempo soube pelo seu amigo que estava namorando. - ele ficou quieto.
- Vim para conversar com você, deixa eu explicar...
- Ei cara, você é surdo? - disse Diogo.
- Não. - Depois em silêncio, foi direcionando-se a porta, e bateu a mesma. Diogo ficou me olhando com cautela, e percebeu que segurei o choro.
- Tem ideia do quanto ainda dói ver ele? - perguntei
- Eu sei. - E me abraçou. - Você deve descansar, vou ir para casa e, amanhã nós marcamos algo.
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meia noite.
"Aceito". - Sem esperar de volta, adormeci.
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De repente, Portugal
RomanceCom uma proposta de emprego, Gabriela foi transferida para trabalhar fora do Brasil. Seu chefe não hesitou em envia-la para trabalhar em Portugal, na qual reencontrou seus amigos do passado, cujo havia conhecido pela internet em uma época difícil na...