Capítulo 7

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 Eveline

A virada do ano foi como tem sido nos últimos anos, triste, deprimente e solitária. Nenhuma dos meus amigos passou o reveilon aqui, todos foram viajar e a mim apenas restou trabalhar todo o feriado de ano novo. Meus bichos foram companhias incríveis e a medida do possível me alegraram.

O mês de janeiro passou muito rápido, eu peguei todos os plantões possíveis, eu quero tirar alguns dias em fevereiro e preciso de folga prevista para isso. Foi tanto trabalho que consegui acumular doze dias de folga e eu vou para a minha casa no Havaí. Meu celular tocou várias vezes com o número – não atender. E eu fiz o que dizia o nome salvo. Não entendi nenhuma das muitas ligações que foram feitas, inclusive as chamadas do dia trinta e um.

Na virada do ano eu decidi que não vou mais escutar as coisas e ficar calada, a Eveline chorona e boba ficou para trás. Agora serei uma mulher determinada e corajosa. Ninguém irá mais pisar em mim, ninguém mais me fará calar os meus sentimentos. Como dizia meu querido pai, você precisa colocar para fora o que sente, por mais dolorosos e difíceis que sejam. Se você não faz isso, você morre de ataque do coração antes dos trinta.

Tenho sentido muita falta do meu amigo Joseph, ele passou todo o mês de janeiro fora, depois que acabaram suas férias ele foi viajar a trabalho e ainda não voltou para Atlanta. Eu amo todos os amigos que fiz em Atlanta, são todos especiais e muito queridos. Mas Joseph é diferente, ele é especial. Ele se tornou sem sombra de duvida meu melhor amigo, nós nos falamos todos os dias. E eu não vejo a hora de abraça-lo e conversar com ele. É maravilhoso você ter um amigo como ele, que sente você e entende você. É como se ele pudesse ver no fundo da minha alma, mesmo por telefone ele sempre sabe como estou me sentindo. Rindo ele sempre diz que não sei disfarçar.

Em algum momento eu sei que preciso contar para ele as coisas dolorosas do meu passado, mas ainda não estou pronta. Por mais intensa seja nossa amizade, ela ainda é muito recente e eu não quero mais pessoas sentindo pena de mim. O que aconteceu é triste, dolorosa, mas Deus quis assim e ele não nos dá uma cruz maior do que podemos carregar. Pelo menos eu gosto de pensar assim e alguns dias eu até consigo, mas outros minha vontade é de morrer. No primeiro ano depois do acidente eu tentei o suicídio duas vezes, a dor era tão profunda que me consumia. Alice me ajudou, ela me internou em uma clínica e depois de seis meses eu recebi alta. Foram momentos muito horríveis da minha vida, questionei tudo: porque comigo? Será que Deus existe? O que eu farei? Como vou viver com isso? Por quê? Por quê? Perguntas sem respostas e vida sem sentindo.

Vamos dizer que a virada do ano tem servido para me ajudar a recomeçar. A cada ano venho estando melhor, de dois mil e dez para dois mil e onze eu decidi que sairia de casa, iria procurar um emprego, vender minha casa e de lambuja fiz minha plástica. De dois mil e onze para dois mil e doze quero ser mais valente e todos os caroços que estão na minha garganta será gritados a plenos pulmões. Não quero mais me calar.

Não estou tendo muita sorte no amor, na verdade foi um desastre sair com Go, para não dizer um grande erro, o cara de pau não para de me procurar. Babaca, filho da mãe, repito isso a cada mensagem me convidando para sair. Ele acha o sou o quê? A última mensagem eu disse que estava namorando e que ele deveria me deixar em paz. Quem sabe ele sossega. Mas voltando a falar de amor, eu não estou preparada para me envolver emocionalmente com nenhum homem ainda. Minha intenção sempre foi começar aos poucos, beijos e sexo seriam o suficiente. Meu corpo ferve pelo toque de um homem, alguns dias atrás eu tive um sonho erótico que me fizeram acordando arfando. O único problema foi o parceiro. Joseph era quente e muito sexy. Tudo errado. Não posso ter sonhos com ele, mas como? Eu não mando nos meus sonhos. Voltando, desde o acidente eu não dormia com homem nenhum, Go foi o primeiro e vamos combinar que foi horrível.

Me Apaixonando por VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora