Mulher perigosa

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Perséfone nunca havia se metido em uma briga antes. E por incrível que parecesse. Ela estava ganhando. A magia era deixada de lado, como se elas não fossem divindades. Se bem que, Minta nunca fora algo especial. Um dos motivos mais fortes que mexia com a deusa da primavera daquele jeito, era o simples fato em ter que aturar a medíocre hipótese de que Hades tinha uma amante. Na verdade, Perséfone não tinha nada que ver, este casinho era muito antes de ter colocados seus lindos pezinhos no submundo. Mas nenhuma ninfa poderia ser comparada a uma deusa. Não eram iguais ou parecidas. Havia uma monarquia, e no momento, Perséfone poderia se igualar a sua própria madrasta.

Puxões de cabelo e arranhões pelos braços eram o básico do que acontecia. A ninfa não era nada amigável ou se quer simpática. Seus olhos dominavam algo muito perto do nojo. Ela era arrogante.

____Sa desiquilibrada! ____ grita a ninfa em tom de deboche. ____Ainda assim cogita a possibilidade de ser a rainha de tudo isso. Sua tola.

Perséfone deixa esvair um gemido espremido, seus belos cabelos, no seguinte momento, mais se pareciam com um nino de passarinho. Aquela ninfa tinha força, mas Perséfone determinação.

_____Ai! Tome mais cuidado com o que fala. ____ reclama Perséfone no mesmo tom de voz. Em contraposição sua natureza delicada não a permitia soar assustadora. Mas ela venceria de outras formas. A deusa da primavera tomou fôlego e desejo do fundo do seu coração ter a energia estética que aqueles fantasmas possuíam. Ela segura a ninfa pelos ombros espremendo a víbora contra o chão. Não estava tornando-se fácil mantê-la assim, mas Perséfone tentou ser rápida.

____Está vendo este anel em meu dedo? ____pergunta Perséfone mostrando sua mão para perto de Minta. ____Estamos casados, eu comi as sementes de romã. Não poderei mais deixar este reino.

____Não! ____desespera-se Deméter. ____Não pode ser! Como vou leva-la para casa.

____Mãe, esta é a minha casa.

O rosto choroso lhe comoveu e Perséfone se viu de coração partido. Ela não queria magoar a mãe, no entanto também não tinha pensado em abandonar Hades. Era evidente que se sentia machucada em relação ao que Hades fazia com a ninfa. Entre tanto Tersa já havia comentado sobre isso, mas Minta era a única que não havia sido morta por Hades.

Mas é claro!

Como Perséfone não notara antes. Muito além de concluir seu pensamento ela sente o calor envolvendo sua cintura e deixou ser guiada por aqueles braços. Aquela sensação a embalava para dentro de algo que ela já conhecia.

Seu corpo fora direcionado por mãos que prezava a sentir, quando se deu por conta estava no conforto do corpo de Hades. Seus olhos flutuavam ao encontro dos dela, a fúria misturava-se a delicadeza. E a mágica de verdade finalmente acontecia. Evidencialmente eles se envolviam com ardência, não havia beijo nem se quer provocações. Porém, deixava-se a vista algo raro que poderia se encontrar. Amor. Um simples gesto de olhares, tudo combinava neles, a mistura das tonalidades era simplesmente magnífica. Mas entendia-se o ponto principal, o que realçava a composição das trevas.

Muitos profetizam que os olhos são as janelas para a alma. Em conformidade a este relato a própria Deméter poderia admitir. Hades e Perséfone não seriam apenas a combinação perfeita.

Eles eram aquilo que muitos não tinham a coragem de ser. Considerando uma suposição bem estranha, o "bem" e o "mal", se amarem. A deusa da agricultura sempre temera quando aquele dia chegaria. Por mais que soubesse que sua adorada filha seria um dia levada pela temível criatura vinda das trevas. Ela sempre se negaria a ter de ver sua Perséfone partir com qualquer outro deus. Na verdade, sobre as escondidas todas as mães sentiam a mesma angústia. Deméter podia parecer teimosa e cabeça dura, assim como Zeus havia dito. Mas somente ela enxergava um ponto de vista que ninguém mais alcançava.

O Rapto de PerséfoneOnde histórias criam vida. Descubra agora