O Rapto de Perséfone

Capítulo 39

____Mamãe quer vir para o submundo. ____Perséfone repete aquelas palavras em sua mente. Memorizando aquele instante, mas o pior em tudo aquilo, não era apenas pensar no assunto. Ela deveria pular de alegria, sair correndo palácio a fora e gritar de felicidade. Finalmente depois de muito tempo ela teria realmente a companhia da mãe, mesmo depois de todos aqueles acontecimentos. Embora tenha visto sua amada mãe a poucos dias atrás, ela poderia ter uma conversa civilizada. Mas porque ela não estava feliz com aquilo.

Poderia talvez, estar receosa pelas atitudes da mãe na última vez que estivera ali. No entanto, Perséfone gostaria de ter um momento com Deméter, afinal ao menos assim teria a chance de explicar as coisas.

Em pé ao lado do trono de Hades, ela sentia que o deus dos mortos estava surpreso, quem poderia esperar por um comunicado feito aquele. Ele respirava rapidamente com certa dificuldade, seu corpo estava rígido.

____Não me sinto convencido por este pedido, já não basta a balburdia que a deusa da agricultura tem me trazido. Ainda terei de pensar sobre um assunto destes em questão. ____ele se mantém em completo silencio, cauteloso ele deveria de ser. Mesmo assim não havia outra saída. ____ Perséfone querida, a escolha é sua, apenas me mantenha informado de suas decisões.

____Como assim? ____Perséfone questiona nervosa.

____O senhor Zeus pediu que eu viesse e levasse uma resposta, vindas de seu irmão. Sendo ela positiva ou não. ____Hermes os orienta, ele parecia apressado.

____Precisa vir de você querido. ____ela conclui, ficara orgulhosa de si mesma por em nenhum instante demonstrar tristeza.

____Desta vez, quero que a Rainha Perséfone responda, em nome do senhor do mundo inferior. ____o deus dos mortos diz encerrando sua participação na conversa. Ele põe-se em pé, estala um suave beijo nos lábios de Perséfone e se retira do salão.

____O que deu nele? ____Hermes pergunta com certo nervosismo.

____Não se preocupe, você não tem culpa de nada. Ele está apenas muito ocupado. ___ela abre um sorriso discreto e se senta no trono. ____Porém, retornando ao assunto, não tenho providencias exatas para lhe dizer. Na verdade, me encontro muito espantada com sua proposta.

____Gostaria de poder lhe fornecer um prazo maior para pensar, mas a muitas informações que preciso levar ao Monte Olimpo. ____ele comenta com pesar. ____Terá de ser imediata. Poderei levar recados também, se assim desejar.

Ela repõem seus pensamentos a tona, mas não entraria em pânico. Era apenas a sua mãe que estava pedindo para passar alguns dias no submundo. Nem ela sabia porque Hades ficara revoltado, ele quase a havia perdido por culpa de Deméter. E se Perséfone aceitasse a visita de sua mãe ele teria de abrir as honras do palácio para ela. Entretanto, o que seu amado não sabia era que Perséfone tinha um plano e ninguém poderia tirá-la dos braços do deus que amava.

____Muito bem Hermes, eu lhe dou a minha permissão para que minha mãe possa passar alguns dias aqui, mas se ela não souber respeitar o mundo aqui dentro, você a levará para o mundo dos vivos novamente. ____ela enfim toma a decisão tornando a transpassar um pouco de segurança. ____Amanha ao por do sol estarei esperando ela com Caronte.

Hermes abre um sorriso galanteador, suas sandálias aladas começam a dar sinal de que estavam dispostas a saírem ganhando os ares por todo lugar.

____Passarei as devidas questões a Zeus, é sempre muito bom vê-la, Perséfone. ____ele diz aquilo, faz uma breve reverência e voa para fora do salão.

Assim que a deusa teve plena certeza de que Hermes já não estava mais no palácio, ela sai em disparada para a sala de antar. Fazendo uma leve pausa em frente as portas, todos os deuses subterrâneos estariam ali para fazerem companhia ao casal. Ela esperava que tudo desse certo e que Hades não estivesse furioso.

Perséfone abriu a porta com todo o cuidado dando-se o trabalho de fechá-la novamente. Como sempre as atenções eram dedicadas a ela, mas não perderia o controle, por isso já deveria de estar acostumada.

Tânatos em pé logo permaneceu, e fez as honras a Perséfone, puxando a cadeira da ponta para que ela se sentasse.

____Obrigada. ____ela agradeceu com um sorriso. Ele desta vez sentou-se na outra ponta da mesa, ao lado de Hades. Os dois conversaram com devida enfatizarão no assunto que estavam tratando. Ela sentiu uma pontada de ciúmes, Hades nem se quer por um segundo olhou para a deusa. Perséfone estava deixando ser dominada pela tristeza, algo que não estava em seus planos para aquela noite. Precisava manter a postura, alguém poderia notar sua repentina mudança de humor.

____Estou apaixonada pela nova decoração no palácio, Perséfone você se superou. Está tudo maravilhoso. ____Réia chamara sua atenção, abrindo mais um de seus belos sorrisos. ____Você trouxe uma grande personalidade ao lugar.

____Obrigada, eu fico encantada por ter feito um bom trabalho aos seus olhos e que a Senhora tenha gostado, espero que os cômodos lhe agradem também. ____a deusa da primavera sentiu seu rosto aquecer.

____Não somente a personalidade, mas existe uma chama especial neste lugar e você, minha jovem rainha, a acendeu como nunca. ____Nix se manifesta animada na conversa, bebendo néctar ao lado de Hécate. ____Em algum lugar, dentro do seu coração existe um pedacinho da noite, e sinto que aos poucos ela vai se manifestando de forma grandiosa.

Perséfone era a deusa mais sortuda de todo o Olimpo, havia descoberto possibilidades inacreditáveis ao lado do deus que todos temem, as amizades eram tão sinceras e verdadeiras que jamais imaginara algo tão perfeito como aquele. Se pudesse e tivesse poderem para tal objeção, congelaria aquele momento para sempre. Ninguém nunca notara suas qualidades ou a deixava mostrar do que poderia ser capaz e agradando duas deusas primordiais, tão poderosas lhe fora um dos maiores presentes.

Ela arriscou rapidamente pousar seus olhos em Hades na ponta da mesa, mas ele não olhava em sua direção. Os gêmeos pareciam ser mais interessantes, no entanto, não poderia querer a atenção dele o tempo inteiro. O submundo era um reino e precisava ser governado de forma correta. Ela não poderia ser egoísta, tinha que respeitar. Então ela aproveitou a companhia das deusas que mais amava, conversou sobre tudo que achava mais importante e adorava a comida do palácio. Tersa sempre caprichava em tudo que lhe era pedido, suas amigas na cozinha faziam um excelente trabalho e Perséfone desejava que isso pudesse bastar para sua mãe. Por que tanto ódio com o submundo, da última vez sua mãe não demonstrara afeições pelo local, mas a jovem rainha se sentia um tanto culpada por um dia também ter tido aquele mesmo receio. Mas talvez, assim como para ela, Deméter poderia aprender a amar o lugar, ou ao menos gostar um tanto a mais do que da primeira vez.

____No que tanto seus pensamento fogem, Perséfone? ____Hécate puxa a deusa para a mesa. ____Preocupada com alguma coisa?

Por alguma razão desconhecida, sem realmente dever, seus olhos encontraram os deu Hades no momento exato em que ele se pusera em pé para se distanciar da sala de jantar. Ela segurou as lágrimas ao vê-lo partir sem olhar para trás, estaria ele tão chateado sem saber qual teria sido a escolha dela? Mas a deusa sabia que precisava se manter calma e assumir as responsabilidades que ela mesma havia se prestigiado. Não tinha mais a mesma certeza que anteriormente, mas já estava feito e ela precisava continuar. Nem que fosse sozinha. Ela pôs seu corpo em pé, cuidadosamente e o mais serena que conseguia representar ser.

_____Algumas coisas diferentes acontecerão amanhã e eu lhes peço total apoio, compreensão e minhas mais sinceras desculpas se algo der errado. ____ela desabafa todas as palavras de uma só vez, vendo a maioria deles ficarem confusos e ofensivos. ____O senhor Hades, deixou que eu escolhesse e tomasse esta decisão e não achei justo negar o pedido.

____Do que está falando Perséfone? ____Nix demonstrava preocupação, seu rosto estava serio sem aquele sorriso leve de sempre. ____É algo grave?

____Démeter passará alguns dias conosco.

Os sussurros na sala de jantar tornavam-se maiores e difíceis de se controlarem, então Perséfone achou que eles não se importariam com a sua ausência.

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