4- Ansiosa, eu?

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Meus avós, meu pai e Katânia chegaram era 12:38. Mais tarde que o previsto.

Eles pararam em um restaurante e almoçaram por lá mesmo. Por isso chegaram mais tarde.

E eu? Bom, eu não estava nem ai para comer. Só queria que as duas horas chegassem logo. Estava mais ansiosa que o normal. A ligação que tenho com a água cada dia vai ficando mais forte.

- Olha só como ela estar bonita. - Disse meu avô assim que meu viu.

- Eu não disse a você, Marcos. Nossa neta está cada dia mais bonita. - Vovó disse, abrindo um lindo sorriso.

- São os olhos de vocês. Eu nem mudei tanto do ano passado para cá. - Eu não tinha me dado conta que estava mentido. Claro que havia mudado. Não tinha nem como disfarçar.

- Estar cada dia mais parecida com a mãe. - Vovó disse.

Katânia revirou os olhos, claramente não gostou do comentário. Ela tinha tirado todas as fotos da minha mãe lá de casa. As únicas que sobraram foi às que eu guardei. Meu pai percebeu o irritação de Katânia e comentou:

- Também não é para tanto, mãe. Ela é mais parecida comigo, do que com Margareth.

- Não, não. Se ela parecesse mais com você, não seria tão bonita assim. - Minha avó estava provocando-os. Ela sabia que nenhum dos dois gostava desse assunto.

- Se me derem licença... - Katânia disse e se retirou. Meu pai foi atrás dela, como de costume.

- Não ligue para ela, filha. Ela não chega nem aos pés de sua mãe. E você deve sentir muita falta dela, não é?

-Sim, vovó. Como nunca eu sinto a falta dela.

Ela me puxou para um abraço e ficou acariciando minha cabeça.

-Vovó?

- Sim?

- Fiquei sabendo que tem uma cachoeira aqui perto. Posso ir lá mais tarde?

- Claro. Manderei Cauã ir com você. Aliás, vocês já de conheceram?

O deus grego? É claro que sim! Pense num menino bonito. O mais lindo que já vi. Isso era oque eu queria dizer.

- O filho do caseiro? Já sim. Encontrei com ele na cozinha e conversamos um pouco. - Eu não iria dizer que achei que ele fosse um ladrão. Minha avó ia achar que eu era maluca.

-Ah, que bom. Assim vocês já podem ir juntos para a cachoeira. Vou chama- lo.

- Não. Agora não. Deixe lá para as duas horas. Está cedo e eu acabei de almoçar.

- Esta bem, então.

***

As horas vão se passado devagar. 13:00. 13:24. 13:36. 13:40. 13:45.
Hora de me arrumar.

Coloco um biquíni tamara-que-caia. Ele é o mais bonito que tenho. Vários tons de azuis em várias listras em forma de ondas. Visto um short velho de pano da mesma cor do biquíni.

Saiu do meu quarto e vejo meu pai. Ele me olha de cima a baixo e pergunta:

- Onde você vai vestida desse jeito? Se é que eu posso dizer que está vestida.

- Vou na cachoeira aqui perto. Ou não posso?

- Vai com quem?

- Cauã. Filho do caseiro da fazenda.

- Pode ir trocar de roupa. Você não vai a canto nenhum. Ainda mais a sós com um homem.

- Mais que história é essa? Eu já tenho dezessete anos. E outra, eu mal conheço ele. Vovó que mandou ele ir comigo, porque eu não sei onde fica.

- Mas a sua avó só pode estar de brincadeira.

-Não, eu não estou. - Vovó estava atrás do meu pai.

- Você não pode mandar ela para um lugar onde não conhece, com um homem que eu não conheço.

- Mas eu o conheço muito bem e sei que ele é um rapaz respeitoso. Assim como minha neta. - Ela virou para mim. - Pode ir. Cauã já está esperando você. Pode deixar que eu me viro com Jorge.

-Obrigado,vovó.

Dei um beijo nela e sai voado.

Do lado de fora da casa, Cauã já estava me esperando dentro de um jipe meio enferrujado na cor verde.

Sentei ao lado dele e ele sorriu. Ah, isso que é sorriso.

- Podemos ir? - Ele falou, olhando bem nos meus olhos e sorrindo. Senti meu rosto corar na mesma hora.

- Mal posso esperar para chegar lá.

A Última Sereia  (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora