10- Teletransportada.

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O resto do dia passou voando.
Mal coloquei os pés em casa e meu pai já veio reclamando.

— Para o quarto. Já! De castigo por tempo indeterminado. — Ele disse.

Katânia estava segurando o riso. A expressão de felicidade estava iluminado seus rosto. Virei para ela e disse:

— Não ria. Se não, vai aparecer os pés de galinha em seu rosto. — Rindo, sai dali e fui paro o quarto.

Eu não podia sair para nada. Meu pai ficava de vigia na porta. Podia escutar minha vó tentando o convencer de me deixar sair.

— Você não pode trancar ela ai para sempre, Jorge. Iara não é mais uma garotinha. Ela está se tornando uma linda mulher, e você tem que aceitar isso. — Ela dizia, e ele sempre rude respondia:

— Ela é minha filha. Minha responsabilidade. Não se meta nisso.

A noite, ele veio trazer meu jantar.

— Quanto tempo vou ter que ficar aqui? — perguntei.

— Até o tempo que eu quiser. — Ele respondeu e saiu batendo a porta.

E agora? Sem poder sair dali, como vou salvar as sereias e vingar a morte da minha mãe? Preciso ajuda-las. Afinal, sou sobrinha da rainha e isso me faz uma...uma...Como eu não tinha pensando nisso antes? Minha mãe era irmã da rainha, no caso, ela era uma princesa. Então se minha mãe era uma princesa, eu também sou. Céus, eu sou uma princesa! E isso faz minha responsabilidade aumentar mais ainda.

Meu celular vibra. Mensagem de Cauã. A quinta mensagem.

Cauã.
— Não consigo parar de pensar na gente.
Como aquilo foi acontecer? Eu nunca me sentir tão atraído por alguém, como estou por você, sereiazinha.
Assim vou acabar me apaixonado por você.
E quer saber? É isso que eu quero.
Quer namorar comigo?   

                                                       Eu.
                                — Que? Você tá falando sério mesmo?

— É claro que estou. Eu estou louco por ti, sereiazinha. Me apaixonei por você, na primeira vez que te vi.

                                 — Isso não é possível. Não acredito em amor a primeira vista. E a gente se conhece tão pouco. Não podemos namorar assim, do nada. Sem contar que meu pai não iria deixar.

— Se quiser eu falo com ele agora mesmo!

                              — Só se você quiser levar um tiro. Olha, se você está mesmo falando sério, é melhor nos conhecermos mais e tal. E como o desenrolar do tempo, vemos no que vai dá.

— Está certo. Se você quer assim, assim será.

Passamos horas conversando. Contei do meu castigo e ele ficou indignado por ser mais difícil nos vermos e me fez uma proposta maluca.

— Posso ir dormi aí como voce? Juro não fazer nada que você não queria.

                                — É arriscado. Mas aceito.

Me levantei a tranquei a porta do meu quarto. Cinco minutos depois, Cauã estava na pulando a janela.

Ele me pegou no braço e me beijou. A seu beijo era voraz e prazeroso. Joguei ele na cama e cai em cima dele. Ele começou a tocar. Começou no pescoço, e foi descendo pelas minhas costas, até chegar a minha bunda. Ele apertou-a e gememos de prazer.

Eu estava tão excitada, que nem ligava mais se ia rolar ou não. Eu só queria ele ali, me beijando e me abraçando.

Mas acabou que não rolou nada além dos beijos. Ele estava muito cansando por ter trabalhado o dia inteiro e ainda ia ter que se acordar de cinco horas da manhã. 

Dormimos de conchinha. Sempre quis dormi assim.

Mal agarrei no sono, e Coral o invadiu.

— Cadê você? Por que ainda não foi para o rio? — Pude ver seus olhos azuis cheio de preocupações.

— Meu pai me colocou de castigo. Não posso sair do quarto. Sinto muito, mas não posso ajuda-las agora.

— Você pode ser telestransportar. É bem simples. Quando você acordar, vá para o chão sente-se nessa posição. — Ela sentou e colocou a cauda para o lado esquerdo. — Faça o mesmo com a suas pernas, depois, pense no lugar para onde quer ir. No caso, pense no rio ou na concha. Concentre-se bastante e rapidamente você vai estar lá.

O sonho acabou e acordei. Cauã estava virando para a janela e eu estava na ponta da cama. Ótimo.

Desci da cama devagar e me sentei no chão. Me lembrei de como colocar as pernas e assim fiz. Pensei na concha, no som da correnteza, dos peixes nadando ao meu redor. Quando abri os olhos, já estava lá.

O doce oxigênio invadia meus pulmões de ar puro. Minha cauda estava me levando para um lado e para o outro. A sensação de liberdade me invadiu.

Parei na frente da concha e ela se  abriu. Dentro tinha um mapa e várias coisas escritos nele. Mas não posso olhar agora. Tenho que voltar antes que Cauã acorde.

Flutuei na água e coloquei minha cauda de lado e pensei no meu quarto e em Cauã. No mesmo instante, eu já estava de volta ao meu quarto.

Peguei o mapa e coloquei dentro da gaveta do criado mudo.

Deitei na cama e Cauã me abraçou.

— Onde estavas? —perguntou. Inventei uma desculpa imediatamente.

— Fui no banheiro rapidinho. Desculpa te acordar. — E dei um beijo nele. — Você pode ficar aqui para sempre?

— Sempre eu não posso prometer, mas estarei aqui, quando precisar. — Ele me abraçou e me deu um beijo na buchecha.

E dormimos. Uma das melhores noites da minha vida até agora. Se não for a melhor. Um momento que não queria que acabasse jamais.

A Última Sereia  (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora