A Última Sereia (Completo)

6- O pergaminho

Eu estava tão maravilhada com minha cauda, que acabei esquecendo de que algo estava me puxando. Quando dei por mim, já estáva no fundo.

Havia um concha enorme na minha frente. De repente, ela se abriu, e um holograma de uma sereia saiu de dentro. Ela era linda, cabelos loiros, olhos azuis e a pele bem branquinha e sua cauda era verde. Ela começou a falar comigo.

- Iara, se você estiver vendo isso, é porque completou sua transformação. - Era ela que estava me chamando, a mesma voz doce. - Eu sei que parece estranho, mas você pode respirar de baixo d'água. - Meu Deus. Eu estava sem respirar esse tempo todo. Comecei inalando com dificuldade, até que ficou cada vez mais fácil e nem sentia mais. Era muito mais agradável respirar de baixo d'água, do que fora dela. - Precisamos de sua ajuda. Só você pode nos salva. Você é a última de nós. A última sereia que pode nos tirar daqui. Dentro da concha, tem um pergaminho. Nele, tem todas as coisas que você precisa saber sobre nós. Por favor, venha rápido.

O holograma ficou cada vez mais claro, e sumiu.

Olhei dentro da concha e realmente tinha um pergaminho bem pequeno. Peguei-o e a concha se fechou.

Agora, eu preciso subir. Cauã já deve estar desesperado.

Comecei a nadar, e foi uma das coisas mais fácies do mundo. A cauda só movia rápido, me lavando cada vez mais depresa para cima.

Cheguei na superfície e me agarrei numa pedra. Com o maior esforço, tentei deixar a cauda quieta em baixo da água. Se Cauã me visse assim, não sei o que ele iria pensar.

- Já voltou sereiazinha? - Ele tinha um sorriso de deboche. Ele sabe que não gosto disso e fica me chamando.

- Quanto tempo passei de baixo d'água? - Eu não tinha a mínima ideia do tempo que passará no fundo do rio.

- Um minuto mais ou menos. Você foi bem fundo. Tentei olhar você nadando, mas não consegui.

- Você estava me espiando? - Tentei soar indignada, mas na verdade, eu estava era com medo dele ter visto minha cauda, que por sinal, não parava quieta.

- Claro que não. Só estava me assegurando que você estáva bem. E já estar na hora de irmos.

E agora? Como eu ia sair daqui sem ele ver essa cauda? Se é que ela vai sumir quando sair da água.

-Cauã? Coração? Amorzinho? Cadê você meu tchutchuquinho? -Uma voz meia irritante pareceu no meio da mata. Quem estáva chamando por Cauã? Pelo os "belos" apelidos, só podia ser a namorada dele.

- Droga! Não acredito que ela me encontrou aqui. - Ele estava irritado. Parecia não ter gostado nada daquela visita surpresa.

- Quem é? - Perguntei a ele.

- É da doida da minha ex-namorada. A gente terminou já faz 3 meses, e ela continua no meu pé. Espere ai! Eu vou atrás dela.

Balancei a cabeça dizendo que tudo bem. Afinal, essa era a minha chance de sair dali e ninguém me ver.

Assim que ele entro na mata, eu saí me arrastando pela pedra. Pude observar melhor minha cauda. As escamas brilhavam à luz do sol. Mas eu não tinha tempo para admira-lás.

Aos poucos, consegui sair de vez da água, e quando cheguei num ponto seco, a cauda foi se desmanchando. As escamas foram dando lugar as minhas pernas. E lá estava eu, como uma humana novamente.

Peguei o pergaminho e coloquei dentro do bolso do meu short, que, por mais incrível que pareça, estava totalmente seco.

Depois de dois minutos, Cauã voltou com uma menina, muito bonita por sinal. Cabelo loiro, olhos azuis, pele branca, mas com uma vozinha totalmente irritante.

- Que é essa vadia? - Como é que é? Ela me chamou de vadia? Agora a cobra vai fumar!

- Vadia é a sua mãe.

Ela ia parti para cima de mim, mas Cauã à segurou.

- Joana, pare com isso agora. - Cauã disse, soltando-a. E virou-se para mim - Desculpe, Iara. Ela não tem a sanidade mental muito boa.

- Tudo bem. Mas que isso não volte a acontecer. Vamos voltar para a fazenda. Estou cansada e preciso de um banho. - Realmente, eu estava cansada. Toda aquela confusão tinha me deixado fraca.

- Certo, mas... só tem.um problema. - Ele estáva muito nervoso.

- Qual? - Até eu já estáva ficando nervosa. - Fale logo!

- Ela vai ter que ir com a gente.