Vou para o banheiro e me tranco dentro do box. Deixo a porta aberta caso alguém chegue e queria usar, já que não vou está aqui.
Coloquo-me na posição e penso em Coral. Demora um pouco mais do que o normal, mas aos poucos, começo a sentir o frescor da água. A melhor sensação que já senti. Não à nada igual a isso.
Quando abro os olhos percebo que estou no mesmo lugar de sempre. Mas me lembro que, para entrar no mundo das sereias, preciso cantar a canção:
Sereia que vive no rio
Seu mundo quero encontrar
Para entrar em meu mundo
Bastas só cantarAssim que canto, tudo ao meu redor começa a se desfazer; como se fosse um papel de parede caindo ao chão.
As cenas que começo a ver são deploráveis. Imagine uma cidade submersa, como Atlântida. Agora imagine que Atlântida virou uma cidade fantasmagórica, sem uma alma viva. Imaginou? Então, essa é a cena que estou vendo agora.
Sinceramente, achei que aqui seria o paraíso, mas já vi que é bem diferente do que imaginei.
Agora tenho que procurar Coral. Mas por onde irei começar ? Aqui é tão grande, e do jeito que está, da até medo. Acho que gritar por ela não é uma boa ideia. Mas o que pode acontecer se eu gritar ?
— CORAL! — Nenhuma resposta. Vou tentar novamente. — CORAAAL!!!!!
Olhei ao redor e nada. Até que lá no fundo, vejo um pontinho pequeno vindo na minha direção. Deve ser ela. Segundos depois, está chegando mais perto, mas de atrás dela saiu mais duas pessoas, e atrás delas, mas duas. Foi então que eu percebi, não é Coral, nem outra sereia, é um mostro que nem sei o nome e ele estava se multiplicando cada vez mais.
Eu estou imóvel de tanto medo. Eles estão cada vez mais perto e agora posso ver direito como são. É um tipo de sereia, só que em vez de calda, são vários tentáculos. A cabeça também é cheia de tentáculos, em vez de cabelos. Não tem pelos nenhum sobre o corpo e são gigantes, o menor deles tem uns dois metros de altura.
Finalmente tirei coragem e comecei a nadar. Com certeza eles estão aqui para me fazer mal. Mas para onde eu vou agora? Não sei onde fica nada aqui. Não tem cavernas, só prédios e mais prédios. Seria invasão entrar em um deles ? Provavelmente. Mas não tem ninguém aqui, só me resta essa opção, eles estão chegando cada vez perto de mim.
Entro em um pequeno prédio e vários peixes saem de dentro dele. Tudo está revirado, não moram ninguém aqui a anos. Vou até o último andar, se bem que não tem muita diferença. Da pra alcançar aqui em dois segundos nadando pelo lado de fora.
Me sinto fraca e me sento em um dos quartos. Encolhida no canto mais escuro que tem. Minha cabeça está pesada e girando.
Escuto um barulho lá em baixo. Eles estão aqui.
— Iara, Socorro. — Uma voz familiar soava lá em baixo. Uma voz que não ouvia a anos. — Iara, venha rápido! — Suplicou a voz, que agora começo a reconhecer. Mas não é possível. Ela está morta. Eu a vi morrer, vi enterra-la. Mas é a voz da minha mãe. E ela está precisando de mim.
Imediatamente, saio do meu canto e vou em direção a ela que continua a me chamar. Me sinto cada vez mais fraca, mas não desisto. Minha mãe precisa de mim.
Quando chego no porta do prédio, fico cercada pelos monstros. São muito mais aterrorizantes. O mais alto, provavelmente o líder, chega mais perto de mim. Ele passa um dos seus tentáculos em meu rosto. Um toque gelado e gosmento. Sinto um calafrio na minha espinha.
— Iara, me salve. — Ele falou com a voz da minha mãe, rindo de mim. — Achou mesmo que sua mãezinha estaria aqui? — Dessa vez ele falou usando a sua voz normal. Totalmente grave, de da arrepios. — Agora você vem com a gente.
— Para onde vão me levar. — Pergunto assustada.
— Você verá quando chegar lá. — Ele disse agarrando meu braço e me puxando.
Mas quando nós viramos, uma luz verde incandescente surge. E os monstros começam a gritar de dor. " Por favor, pare!" "Nos a soltamos" " Está doendo demais" eles gritam para a sereia que segura a luz. Pela calda rosa, deduzo que é Coral.
Os monstros caem no chão de dor e um por um começam a desmaiar. O líder finalmente me solta e cai no chão imóvel.
A Luz para e finalmente consigo ver que realmente é Coral.
— Você está bem, Iara? O que veio fazer aqui ?
— Vim ajudar você. — Respondo atônita. — Quem são esses? — Perguntei apontando para o chão onde eles estavam estirados.
— São titões. Eles foram criados por Quétane para que assim que você vinhesse aqui, eles te pagassem e trancasse no calabouço. Esse cristal verde ajuda a manter eles demaiados por um tempo.
— Coral... e-eu não estou me sentido muito bem. — Falo caindo ao chão em cima de um dos titões.
Coral me pega no braço e fala umas palavras no meu ouvido que eu não entendi. E tudo vai ficando escuro, até que não vejo mais nada.
***
Acordo em uma cama no hospital. Meu braço dói por está com uma agulha enfiada nele. Estou tomando soro e o frasco está já acabando.
Uma enfermeira entra no quarto e diz que vá chamar meu pai. Ótimo. Com certeza ele vai me dá bronca.
— Finalmente acordou. — Ele falou, empurrando a porta do quarto em que estou.
— O que aconteceu ? — Perguntei sem ter a mínima ideia do que ocorreu.
— Eu que pergunto. Você foi encontrada desmaiada no banheiro. Passamos horas sem notícias, até que o médico te reconheceu e veio nos avisar. — Ele está bravo comigo. Mas dessa vez, vejo que ele estava realmente preocupado comigo.
Não respondi. Virei a cabeça para o lado e fiquei olhando as gotas do soro caírem.
O médico entra no quarto e me examina.
— Nos deu um susto e tanto em mocinha. — Falou.
— O que ela tem doutor ? — Vovô perguntou.
— Fraqueza. Aparentemente não está se alimentando direito.
— Vou ter que ficar muito tempo aqui ? — Perguntei. Odeio hospitais.
— Amanhã terá alta. Bom, se precisassem de alguma coisa é só me procurar. — O médico falou saindo do quarto.
Todos saíram do quarto e uma enfermeira veio tirar o soro. Que dia mais louco. Tanta coisa acontecendo. Resta saber como vim parar aqui, e essa resposta só quem tem é Coral.
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A Última Sereia (Completo)
FantasiaIara nunca acreditou em desejos,muito menos em sereias, até que o dia do seu décimo sétimo aniversário. Ela apostou com sua amiga, Bia, que ela desejaria ser sereia e nada iria acontecer, mas ela logo descobre que estava errada. Assim que acorda no...