11- Cauda ferida

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Nem vi quando Cauã foi embora. Ainda podia sentir seus braços me envolvendo. Não queria que essa noite acabasse, mas, infelizmente, estou aqui, trancada nesse quarto.

Me levanto e vou em direção a porta, e adivinha só? Estar trancada.

- Para onde pensa que vai? - Meu pai perguntou, abrindo a porta.

- Beber água. Ou não posso?

- Eu trago!

Agrrr! Que raiva! Nem sair para beber água não posso mais. Era bom que eu ligasse para a polícia. Isso é cárcere de privado. Ele não pode me manter trancada aqui.

- Aqui. Pegue. - Colocou o copo em cima da mesa. - E nem tente sair mais. Não de esqueça que vou estar vigiando a janela também. - E saiu. Não esperou nem eu dizer nada.

Nem à bebi. Fui direto pegar o mapa e ver o que tinha nele. Estava cheio de desenhos de cavernas, rochas gigantescas e lugares que tem armadilhas. O mapa mostra o mundo das sereias que os humanos não podem descobrir. Atrás dele tem umas coisas escritas:

O lugar onde as sereias vivem é secreto. Para você entrar nele, tens que cantar essa música:

Sereia que vive no rio
Seu mundo quero encontrar
Para entrar em meu mundo
Bastas só cantar

E sua entrada será imediata. Lembre-se, nenhum humano pode saber da nossa existência.

Para descobrir quem é Quétane, você precisa achar as trigêmeas Pérola, Minali e Marissa; mas antes, você precisa resgatar Coral e com a ajuda dela, você saberá onde encontrar as outras.

Coral estar em uma cavernas que fica no fundo do rio, sem ser em nosso mundo, ela está em seu mundo, por isso consegue se comunicar com você através dos seus sonhos. Mas você precisa descobrir qual, pois tem muitas e estão cheias de armadilhas. Você vai poder encontrar ela assim que achar a caverna certa.

Quanto mais rápido você for, mais rápido a encontrará.

Do nada meu pai entra no quarto. Rapidamente, escondo o mapa.

- Vou ter que sair com seus avós e Katânia. A porta estará trancada, assim como a janela. Nem pense em fugir. - E saiu, mais uma vez, sem deixar eu falar nada.

Hahaha pra ele. Eu vou é cumprir minha missão logo. Quanto mais rápido achar Coral, melhor.

Fico olhando pela janela eles saírem. Agora é a minha vez de sair. Vou logo para o chão, coloco minha pernas de lado e penso em Coral.

Sinto logo o frescor da água sobre minha pele, e minhas pernas se juntando para formar minha calda.

Quando abro os olhos, estou rodeadas de cavernas. E agora? Em qual era que Carol estar?

Entro na caverna que está na minha frente. A princípio, tudo é escuro, mas a medida que vou entrando, vai ficando cada vez mais claro. Até que chego no fundo da caverna. Extremamente clara e sem nada. O teto é todo rochoso com várias pontas afiadas.

Um som esquisito começou a invadir o lugar, estava cada vez mais alto e parou. Mas a caverna começa a se desfazer e vários pedaços do teto começam a cair ao meu redor.

Nado o mais rápido que posso, mas a caverna estar caindo mais depressa. Um pedaço enorme cai na minha frente, quase me atingindo. O portal da caverna está quase se fechando. Nado o mais rápido possível, e no último segundo, o portal se fecha prendendo um pedaço da minha calda. Uma dor enorme me invade. Não vai ter jeito. Vou ter que puxar.

Tento puxar devagar, mas não adianta de nada. Puxo com mais força até a calda se desprender de vez da pedra. Sangue começa a se espalhar pela água. A dor não para por nada. Vou ter que continuar assim mesmo.

Passei por várias outras cavernas. Dessa vez, não entrei totalmente, pois se algo acontecesse, minha cauda não me deixaria nadar muito rápido.

As armadilhas eram as mais diversas possíveis. Uma queria me esmagar, as paredes começaram a se mover de todos os lados, deixando um espaço bem apertado para passar. Minha sorte foi que mal entrei e elas já começaram a se mover.

Outra tentou jogar flechas em mim. Quem diabos coloca flechas embaixo d'água? Essa Quétane não bate bem da cabeça. Pra minha sorte, todas falharam.

Minhas opções estava acabando, e eu estava esgotada de tanto fugir de armadilhas.

Entrei em outra e escuto uma voz:

- Iara, é você? Rápido! Estou aqui. - Graças aos céus. Finalmente encontrei Coral.

Nadei o mais rápido que pude. Minha calda estava pedindo socorro.

Quando cheguei no fundo da caverna, Coral estava dentro de uma jaula.

- Nem acredito que você conseguiu me achar. O que foi isso na sua calda? - Ela começou a falar animada, mas quando viu minha calda, sua voz mudou para preocupada.

- Prendi ela numa das armadilhas, mas está tudo bem. - Disse, enquanto tentava desamarrar o nó que estava fechando a jaula. Quando consegui desamarrar, ela saiu quase voando. Nadando de uma lado para o outro.

- Venha cá. Deixe-me te ajudar. - Ela colocou as suas mãos na minha calda e elas começaram a brilhar. A dor passou e quando olhei para a calda, já não tinha nenhum ferimento.

- Mas como... - Ela não deixou eu terminar.

- Esse é meu dom. O dom da cura. Você também tem seu dom. Mas ele vai aparecer na hora certa.

- Mas você não tinha o dom de falar comigo através dos sonhos ? -perguntei confusa.

- Isso todas as sereias tem. É um dom extra. Nos comunicamos assim quando estamos longe.

- Não podia imaginar isso. - Eu estava de boquiaberta analisando a calda. Não tinha mais nenhum arranhãozinho. - Para onde você vai agora? Tenho que volta. Já está escurecendo.

- Não se preocupe comigo. Eu vou procurar pistas das trigêmeas. Só elas podem nos ajudar. Qualquer coisa eu falo com você nos sonhos. Pode voltar tranquila. - Ela me deu um abraço apertado. Agradeci por ela ter curado minha calda.

Voltei para casa bem rápido. Bem na hora que meu pai entrou no quarto. Fingi que estava dormindo para não levantar suspeitas. Olhei minhas pernas e não estavam arranhadas. Essa foi por pouco.

A Última Sereia  (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora